Trabalho

quinta-feira, 29 de abril de 2021

 

(Fonte: UOL)
Carteira de trabalho assinada. Lembra?

Pink Floyd - A pillow of winds

quarta-feira, 28 de abril de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Pink Floyd 

Album: Meddle (1971)

Musíca: A pillow of winds



https://www.youtube.com/watch?v=uThZ1uuLLWM

Pink Floyd foi uma banda britânica de rock formada em Londres em 1965. Ganhando seguidores como um grupo de rock psicodélico, eles se destacaram por suas composições longas, pela experimentação sonora, pelas letras filosóficas e pelas apresentações ao vivo criativas, o que levou a se tornarem uma banda líder do gênero do rock progressivo. Eles são um dos grupos mais bem-sucedidos comercialmente e influentes da história da música popular.

O grupo foi fundado pelos estudantes Syd Barrett (guitarra, vocal), Nick Mason (bateria), Roger Waters (baixo, voz) e Richard Wright (teclados, voz). Sob a liderança de Barrett, eles lançaram dois singles e um álbum de estreia de sucesso, The Piper at the Gates of Dawn (1967). David Gilmour entrou para a banda como guitarrista e vocalista em dezembro de 1967; Barrett saiu em abril de 1968 devido à deterioração de sua saúde mental. Waters se tornou o letrista principal e líder temático, desenvolvendo os conceitos por trás dos álbuns The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977), The Wall (1979) e The Final Cut (1983). A banda também compôs várias trilhas sonoras para filmes.

Após tensões pessoais, Wright deixou o grupo em 1979, seguido por Waters em 1985. Gilmour e Mason continuaram a se apresentar como "Pink Floyd", reunidos mais tarde por Wright. Os três produziram mais dois álbuns — A Momentary Lapse of Reason (1987) e The Division Bell (1994) — e participaram de outros dois antes de entrar em um longo período de inatividade. Em 2005, todos, exceto Barrett, se reuniram para uma apresentação única no evento de conscientização global Live 8. Barrett morreu em 2006 e Wright em 2008. O último álbum de estúdio do grupo, The Endless River (2014), foi baseado em material inédito das sessões de gravação de The Division Bell.

A banda foi um dos primeiros grupos psicodélicos britânicos e foi influente em gêneros como o rock progressivo e a música ambiente. Quatro álbuns chegaram ao topo das paradas estadunidenses ou britânicas; as músicas "See Emily Play" (1967) e "Another Brick in the Wall, Part 2" (1979) foram seus únicos singles entre os dez mais ouvidos em ambos os territórios. A banda foi introduzida no Rock and Roll Hall of Fame em 1996. Até 2013, eles haviam vendido mais de 250 milhões de discos em todo o mundo, com The Dark Side of the Moon e The Wall sendo dois dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.


(Fonte do texto: Wikipedia)

Desmatamento continua!

terça-feira, 27 de abril de 2021

 

Leituras diárias

segunda-feira, 26 de abril de 2021

 


“Assim como K. se comporta perante o castelo, assim nós outros nos comportamos em face da vida: insistindo e não conseguindo nada. Talvez seja necessário ler as obras de Kafka literalmente. Sua obra é o espelho da existência humana.” (Otto Maria Carpeaux apud Heloísa Seixas, pág. 28)

 

Heloísa Seixas (org.), As obras-primas que poucos leram, Volume 1


História e cosmologia

sábado, 24 de abril de 2021

"A divisa geral da história deveria ser: Eadem, sed aliter - as mesmas coisas, mas de outra maneira." - Arthur Schopenhauer  -  O mundo como vontade e representação   


O que é a história? O senso comum refere-se a ela como sendo uma sequência de acontecimentos, ao longo de um determinado período de tempo. Fatos que levaram a outros, numa sequência que parece pressupor determinado objetivo, que denominamos “progresso”. Mas, existirá realmente algum tipo de aperfeiçoamento ao longo da história? Somos uma espécie cada vez melhor adaptada ao ambiente em que vivemos, materialmente e espiritualmente, considerando o desenvolvimento como uma crescente capacidade de sobreviver, como o entende a moderna teoria da evolução das espécies?

A ideia de mudança das condições materiais e culturais, o chamado progresso, é relativamente recente na cultura. Falamos aqui exclusivamente no âmbito da tradição ocidental, já que o conhecimento que temos da história das ideias de outras culturas como a chinesa, a indiana ou a africana ainda é bastante limitado. Assim, o conceito de progresso, a noção de que as sociedades mudam em seus aspectos tecnológicos, culturais, religiosos, morais, etc., aparece nitidamente no século XVIII, no ambiente cultural que se convencionou chamar de Iluminismo. O mercantilismo europeu e o começo da revolução industrial na Inglaterra, associados ao início de um processo de globalização, proporcionaram aos intelectuais iluministas um conhecimento mais amplo da cultura e da história de outros povos. A estudo de suas línguas, tradições religiosas e de sua história política, contribuiu para que os eruditos europeus desse período elaborassem uma perspectiva mais ampla do mundo e da história humana. Não por acaso, foi também no século XVIII que os naturalistas iniciaram a classificação biológica das diversas espécies e estruturaram as primeiras ideias sobre a evolução geológica da Terra e dos seres vivos.

O sociólogo americano Robert Nisbet (1913-1993), em seu famoso ensaio Idea of Progress: a bibliographical essay (Ideia de progresso: um ensaio bibliográfico), mais tarde transformado em livro, assinala que a ideia de evolução na história humana já existia na Antiguidade. Nisbet aponta o fato de que o conceito de progresso, na acepção de mudança, já aparece nos autores gregos, como o poeta Hesíodo (século VIII a.C.), o dramaturgo Ésquilo (séc. V a.C.), o historiador Tucídides (se. V a.C.) e os filósofos Platão e Aristóteles (século IV a.C.). O filósofo e poeta romano Lucrécio (séc. I a.C.) fala em progresso em seu poema “Da Natureza”. Escreve Lucrécio no livro V de seu poema:

(...) “As armas antigas eram as mãos, as unhas e os dentes, e as pedras, os pedaços de ramos dos bosques, as chamas e o fogo, logo que foram descobertos. Mais tarde se encontrou a força do ferro, e a do bronze” (...) (...) “Depois, a pouco e pouco apareceu a foice de ferro e caiu em desonra a foice de bronze; com ferro principiaram a fender o chão da terra e a tornar iguais os combates de guerra.” (Lucrécio, pág. 113)

Também o filósofo estoico romano Sêneca (séc. I), escreve em suas cartas aos discípulos que até sua época a humanidade já havia progredido bastante culturalmente e que ainda haveria de avançar muito no futuro.

O primeiro pensador, no entanto, a colocar toda a história humana em perspectiva teleológica, segundo Nisbet, foi o filósofo e bispo católico Agostinho de Hipona (354-430). Considerado um dos principais pensadores da igreja, sistematizou grande parte do que mais tarde viria a ser conhecido como teologia cristã. Agostinho foi, efetivamente, o criador da filosofia da história, fazendo uma junção, segundo Nisbet, “da ideia de crescimento e desenvolvimento grego com a ideia judaica de uma história sagrada”. Em sua obra A cidade de Deus o filósofo de Hipona faz a primeira tentativa de uma interpretação cristã da história, representando-a como arena de combate entre duas cidades: a cidade de Deus e a cidade terrestre. Não se trata apenas de um trabalho de filosofia da história, mas antes uma teologia da humanidade; uma interpretação cristã do destino do homem e do mundo. O filósofo francês Etienne Gilson (1884-1978), escreve com relação à Cidade de Deus:

(...) “A mensagem que o bispo de Hipona trazia, pois, aos homens, era que o mundo inteiro, de sua origem a seu termo, tem por único fim a constituição de uma sociedade santa, em vista da qual tudo foi feito, inclusive o próprio universo.” (Gilson apud Riolando Azzi, pag. 33)  

Em seu texto, Agostinho insere ideias de progresso colhidas em autores gregos e romanos, que séculos depois serão retomadas pelos pensadores iluministas. No entanto, o cerne da visão da história humana e do mundo de Agostinho tem suas raízes no cristianismo. Para o bispo, a criação dos astros, do mundo, dos seres vivos incluindo o homem; o estabelecimento de leis e de um destino final para a história humana e do mundo – a parusia – são obras de um Deus que dá uma sentido à história humana e à do universo. A história do cosmos e humana, nesta compreensão, tem uma introdução, uma ação principal e um final; um drama cósmico, centrado na relação da humanidade com Deus. Ao final, os justos passarão a habitar eternamente na Cidade de Deus, enquanto que os injustos povoarão a Cidade Terrestre. Evidentemente, não são fenômenos históricos, como escreveu o teólogo Riolando Azzi, mas entidades místicas. A primeira, a Cidade de Deus, representa a solidariedade no bem, a outra, a Cidade Terrestre ou do demônio, a solidariedade no mal.

Essa visão de um tempo linear, uma história da humanidade e do universo, tendo início e se desenvolvendo em determinada direção, foi retomada, como já dissemos, pelos filósofos iluministas. Foi, aliás, o filósofo iluminista francês Voltaire (1694-1778), quem criou o termo “filosofia da história”. Muito do que se produziu neste período na literatura, teatro, filosofia, política, economia, ciências e na história, está eivado de conceitos e ideias associados à evolução e ao progresso, mas não sob uma ótica cristã. Para o filósofo idealista alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), influenciado pelos iluministas e considerado um dos maiores filósofos da modernidade, o processo da história é a realização do “Espírito” em direção à liberdade. Em suas aulas sobre filosofia da história, Hegel afirma que existe razão (racionalidade) na história, porque “a razão governa o mundo”; a história do mundo é o contínuo progresso da razão. Lawrence Edwards, filósofo e pesquisador do departamento de filosofia da University College de Londres, escreve em artigo na revista Philosophy Now (Filosofia agora):

O que Hegel quer dizer com “razão na história”? Ele tinha em mente uma explicação teleológica – a ideia de que a história se adapta a uma proposta específica ou desígnio (a ideia também é chamada de historicismo). Hegel compara isto com a noção cristã de providência. A análise histórica, a partir da perspectiva cristã, revela o governo do mundo por Deus e a história mundial é compreendida como a realização de Seu plano. Hegel tem uma ideia bastante particular de Deus, o qual chama de Geist (Espírito), significando espírito ou mente. Uma compreensão filosófica do progresso da história do mundo nos capacita a conhecer este Deus; compreender a natureza e o objetivo do Geist.” (Edwards, 2018).

Ainda sobre o conceito de história em Hegel, completa o filósofo brasileiro Jadir Nunes:

“A filosofia da história universal é, para Hegel, nada mais que a descrição do desenvolvimento do conceito de liberdade e racionalidade desde o interior do estado de natureza e selvageria até o estado civil moderno, passando por uma série de estágios que se sucedem no tempo.” (Nunes, pág. 25)

A filosofia da história de Hegel teve forte influência em todo o pensamento histórico e filosófico posterior. Suas ideias inspiraram pensadores como Ludwig Feuerbach (1804-1872), Karl Marx (1818-1883), Friedrich Engels (1820-1895) e influenciaram praticamente toda a filosofia marxista e não marxista dos séculos XIX e XX. As grandes exceções, são o dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855) e os alemães Arthur Schopenhauer (1788-1860) e Friedrich Nietzsche (1844-1900).

Assim, temos que o conceito de história foi influenciado principalmente pela religião e teologia cristã, começando com Agostinho de Hipona com sua obra Cidade de Deus, escrita no ano 410. No século XVIII, ainda sob a influência da tradição filosófica cristã, mas já incorporando novos conhecimentos das ciências que se desenvolviam, filósofos como Voltaire, Condorcet, Rousseau, Lessing, Herder e Adam Smith, entre outros, contribuíram para a criação de uma filosofia da história moderna. O marco seguinte foi a filosofia da história de Hegel, a partir da qual os estudos de história não puderam mais prescindir do conceito de progresso; todavia sem a influência da religião cristã. Depois de Hegel, as ideias que orientariam a história humana no imaginário das classes ilustradas europeias, refletiriam o resultado da ação humana e não mais a interferência de uma divindade. Paz, Progresso e Liberdade, seriam os ideais históricos – quase nunca realizados – que figurariam nos programas de governos, partidos políticos, associações, sindicatos de trabalhadores e sistemas filosóficos dos séculos XIX e XX.      

A ideia de uma constante evolução – ou aprimoramento – ao longo do processo histórico, não é, todavia hegemônica. Pensadores como os já citados Schopenhauer e Nietzsche e historiadores como suíço Jacob Burckhardt (1818-1897), o inglês Arnold Toynbee (1889-1975) e o alemão Oswald Spengler (1880-1936) não partilhavam da ideia de um progresso histórico. Spengler, mais radical, afirma que as civilizações têm fases de nascimento, crescimento, declínio e morte. A historiadora inglesa Marnie Hugues-Warrington escreve em seu estudo 50 grandes pensadores da história:

Os historiadores, afirma Spengler na introdução de Der Untergang des Abendlandes (A decadência do ocidente), em geral vêem a história ‘como um tipo de solitária que acrescenta industriosamente em si mesma uma época após a outra’ (vol I, p. 21). Para eles a história é linear e culminaria na civilização moderna ocidental. A Europa, portanto, é o centro da história e todas as outras culturas têm de girar em torno dela.” (Hugues-Warrington, pag. 319/320)

Mais recentemente, o filósofo político inglês John Gray (1948), é mais um dos que se colocam contra a ideia de progresso na história. Escreve Gray em Seven types of atheism (Sete tipos de ateísmo):

A acumulação de conhecimentos na ciência não tem paralelos na ética, na política, na filosofia e nas artes. O conhecimento aumenta em velocidade acelerada, mas os seres humanos não são mais razoáveis do que sempre foram. Ganhos em civilização, ocorrem de tempos em tempos, mas são perdidos depois de algumas gerações.” (Gray, 2018 – tradução nossa)

Atualmente são poucos os historiadores ou filósofos que ainda propõe um “sentido ou objetivo da história humana”. Excetuando os pensadores de orientação político-partidária ou religiosa, a maior parte dos especialistas não considera que o devir humano coletivo, assim como o individual, tenha qualquer propósito predeterminado. A história da humanidade e a do indivíduo concreto “de carne, sangue e ossos”, como escrevia o filósofo espanhol Miguel de Unamuno, é construída a partir das condições históricas em que se desenrolam. Os objetivos, sejam quais forem, só podem ser imaginados e buscados pelos próprios atores. Outro aspecto é que nos últimos trinta anos se generalizou entre os intelectuais a percepção de que a era das “metanarrativas”, aquelas que tentam explicar e dar uma solução integral à história humana, como o cristianismo, o marxismo-leninismo, o positivismo, o cientificismo, etc., acabou junto com a crença nestes discursos, ao longo do século XX. Como escreveu o filósofo contemporâneo italiano Gianni Vattimo:

Não há uma história singular, somente imagens do passado projetadas de diferentes pontos de vista. É ilusório pensar que exista um ponto de vista supremo e onisciente, capaz de unificar o restante.” (Vattimo, pág. 43 – tradução nossa)

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No ocidente, a visão da história humana e a do universo foi e é linear. Tanto para Agostinho, quanto para Hegel, Marx, as elites culturais europeias do século XIX e a esmagadora maioria dos filósofos, historiadores, teólogos e cientistas contemporâneos, o universo – e com ele a história da humanidade – tiveram um início, um desenvolvimento e terão um fim. Para este fim existem várias versões. Há o fim escatológico da religião, com uma batalha final entre Deus e o Demônio, o Armagedon bíblico, seguido do Julgamento Final e a separação entre salvos e danados. Os detalhes deste drama variam de acordo com as diversas correntes religiosas – judaísmo, cristianismo e islamismo – cada uma com seus grupos sectários, interpretando a narrativa à sua maneira.

A moderna cosmologia, ramo da astronomia reunindo diversas áreas de conhecimento, prevê uma morte térmica (ou energética, segundo a segunda Lei da Termodinâmica) para o universo. A hipótese data do final do século XIX, foi atualizada pelas novas pesquisas e permanece atual. De acordo com os dados mais recentes colhidos pela astrofísica, é bastante provável que todo o universo continuará se expandindo “para sempre”. Neste instante, todas as partes do cosmos estão se afastando umas das outras, devido a uma força chamada de “energia escura”, descoberta nos anos 1990. Não se conhece ainda a origem desta atividade, mas já existem algumas teorias sobre ela. Com isso, ao longo de centenas de bilhões ou trilhões de anos (lembrando que nosso universo tem cerca de 13,7 bilhões de anos) as galáxias, as estrelas e os planetas continuarão afastando-se uns dos outros. Em um futuro bem distante, os próprios planetas se desintegrarão, até que a matéria se desfaça em partículas e estas, por final, também desaparecerão. Seria, segundo alguns astrônomos, como se o universo evaporasse.

Desaparece o nosso universo, mas poderá surgir um outro; ou outros, segundo as mais recentes teorias da astronomia. Somente baseados nessas conjecturas científicas é que podemos aventurar a hipótese de que o processo de criação, desenvolvimento e destruição do universo – ou de prováveis outros universos, de acordo com a hipótese dos multiversos (múltiplos universos) – possa ser um processo cíclico, que nunca começou e que nunca terminará. As teorias do universo cíclico ou dos multiversos têm sido elaboradas e estudadas por um número considerável de cientistas durante os últimos vinte e cinco anos. A popular teoria do “big-bang” da formação do universo, apesar de ainda bastante aceita e com considerável número de defensores, já encontra muitos detratores, que se perguntam pelo antes e pelo depois.  

Outras civilizações anteriores à nossa também desenvolveram teorias da história e, principalmente, cosmologias de fundamento religioso. O universo para os antigos egípcios, por exemplo, era cíclico durante uma certa fase de sua existência, para depois deixar de existir. A força Maat – palavra que para os egípcios também significava verdade, equilíbrio, ordem, harmonia, lei e justiça – era personificada por uma deusa, que tinha a função de manter o universo e propiciar o renascimento dos deuses, depois das periódicas destruições. Assim, ao longo das inúmeras eras, o universo e os deuses passam por um constante processo de regeneração, para finalmente serem destruídos. Em uma passagem do Livro dos Mortos egípcio, o deus Atum, protetor das almas dos mortos, afirma que um dia dissolveria o mundo ordenado, o qual retornará ao seu estado inicial, inerte, voltando às águas do caos original. Assim, todas as coisas deixarão de existir, exceto o deus Osíris, deus da vida, da agricultura e do além, que sobreviverá junto com Atum. O mito, todavia, não é claro com relação ao destino dos mortos, associados a Osíris. O que chama a atenção nesta narrativa é o constante processo de renovação, provavelmente inspirado nas cíclicas cheias das águas do rio Nilo, que fertilizavam o solo desértico anualmente, propiciando colheitas que alimentavam todo o império.

Os antigos povos da Mesoamérica, como os maias e os astecas, também compartilhavam de uma visão cíclica do universo, com constantes ciclos de criação e destruição. Os sacrifícios rituais humanos eram, segunda sua crença, necessários para manter o ciclo em operação. Também os antigos chineses, os hindus e os gregos, cada cultura com suas características particulares, tinham uma visão cíclica do universo. Esta interpretação do universo também era compartilhada pelos antigos hebreus, pelo menos até antes do Cativeiro Babilônico (até 537 a.C). Durante o exílio, os judeus tiveram contato com a religião de Zoroastro ou Zaratustra (século VII a.C.), de origem persa, bastante disseminada na Babilônia naquele período. O zoroastrismo foi o primeiro monoteísmo ético da história, tendo elaborado conceitos como o livre arbítrio, Céu, Inferno, Julgamento Final e o Fim do Mundo. Estas ideias tiveram grande influência na teologia do judaísmo pós-exílio e, mais tarde, no cristianismo e no islamismo. Ainda hoje, bilhões de pessoas em todo o mundo compartilham crenças concebidas há quase três mil anos na antiga Pérsia, atual Irã. O zoroastrismo ou masdeísmo, foi provavelmente, a primeira religião a engendrar uma perspectiva linear da história humana e do universo. Apesar desta influência, a literatura religiosa judaica guardou por muito tempo uma concepção cíclica da vida, como escreve o Eclesiastes (Kohélet) (ca. Século III a.C.):

Reconheci que tudo o que Deus faz dura para sempre, sem que se possa ajuntar nada, nem para suprimir. Deus procede dessa maneira para ser temido. Aquilo que é, já existia, e aquilo que há de ser, já existiu: Deus chama de novo o que passou.” (Eclesiastes 3, 14-15)

A cosmologia religiosa que parece mais se aproximar da moderna cosmologia científica é a budista. O físico teórico americano Michio Kaku, em recente entrevista ao jornalista Michael Shermer, da revista Sceptic, afirmou que a visão do tempo linear do universo cristão, é compatível com a visão cíclica do universo budista. Kaku, filho de japoneses budistas, foi educado no cristianismo em uma escola presbiteriana. “Nosso universo, segundo a tradição cristã”, diz Kaku, “teve um início”. “Mas, provavelmente, existem inúmeros outros universos, como diz a cosmologia budista.”

Ateu, o budismo, a religião de aproximadamente 500 milhões de pessoas em todo o mundo, afirma que o universo não foi criado; sempre existiu e existirá. Não houve uma divindade que, em alguma época tenha colocado todo o cosmos em funcionamento a partir do nada, como diz a tradição judaico-cristã, ou a partir de um caos preexistente, como acreditavam os babilônios, egípcios, gregos e muitos outros povos. Para os budistas existem infinitos universos, que se sucedem interminavelmente, evoluindo e decaindo, em ciclos chamados pelos budistas de kappa. Com relação ao kappa, reproduzimos abaixo um discurso atribuído ao Buda (as palavras não são literais):

Certa vez, perguntaram ao Buda qual a duração de um kappa. Buda respondeu:

Imagine uma cidade, cujas ruas são cobertas com grãos de mostarda. A cada cem anos, um homem vai à cidade, recolher um grão de mostarda. Quando todos os grãos de mostarda da cidade tiverem sido recolhidos, terá passado um kappa.

Imagine uma grande rocha. A cada cem anos, um homem raspa esta rocha com um pedaço de tecido. Depois que a rocha tiver desaparecido, completamente desgastada, terá passado um kappa.” (Baseado em Punnadhammo Mahāthero, The buddhist cosmos)

Muitos conceitos relacionados com o tempo, os ciclos e a duração do universo – os hindus referem-se a este processo como o “Dia de Brahma” – o budismo herdou da tradição religiosa hinduísta, ambiente cultural no qual nasceu. Tema constante de estudo de mitólogos, pesquisadores das religiões, filósofos e cientistas, as cosmologias da Índia atraem e maravilham pela grandiosidade de suas ideias e conceitos, diferentes dos antropomorfismos das outras tradições. Esta a razão pela qual tantos filósofos, escritores, artistas e cientistas ocidentais foram atraídos pelas cosmologias orientais, notadamente a budista. Escreveu o filósofo, escritor e monge budista inglês Allan Watts (1915-1973):

“Você é uma expressão do que todo o universo está fazendo, da mesma maneira que uma onda é uma expressão do que todo o oceano está fazendo.” (Watts, s/d - tradução nossa) 

 

Referências

Nisbet, Robert. The idea of progresso: a bibliographical essay. Disponível em: (https://oll.libertyfund.org/page/idea-of-progress-a-bibliographical-essay-by-robert-nisbet). Acesso em 13/04/2021.

Os Pensadores. Epicuro, Lucrécio, Cícero, Sêneca, Marco Aurélio. São Paulo. Abril Cultural e Industrial. 1973: 319 p.

Santo Agostinho. A Cidade de Deus – Vol I – Prefácio de Riolando Rizzi. São Paulo. Editora da Américas S.A. 1964: 446 p.

Lawrence Edwards. Hegel on history.  Disponível em: (https://philosophynow.org/issues/129/Hegel_on_History). Acesso em 21/04/2021.

Jadir Antunes. História e filosofia da história em Hegel. Disponível em: (http://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/536#:~:text=A%20filosofia%20da%20hist%C3%B3ria%2C%20ao,de%20sua%20realiza%C3%A7%C3%A3o%20no%20tempo). Acesso em 21/04/2021.

Marnie Hughes-Warrington. 50 grandes pensadores da história. São Paulo. Editora Contexto. 2008: 399 p.

John Gray. Seven types of atheism. London. Penguin Books. 2018: 228 p.

John D. Caputo y Gianni Vattimo. Después de la muerte de Dios – Conversaciones sobre religión, política y cultura. Buenos Aires. Editorial Paidós. 2010: 271 p.

Eclesiastes. São Paulo. Editora Ave-Maria. 2013: 39 p.

The quest for a theory of everything (Michael Shermer with Michio Kaku). Disponível em: (https://www.youtube.com/watch?v=cDiN1JSdirs&t=13s). Acesso em 14/042021.

Punnadhammo Mahāthero. The buddhist cosmos – A comprehensive survey of the early buddhist worldview, according to Theravada and Sarvastivada sources. Neebing, Canada. Arrow River Forest Hermitage. 2018: 728 p.

Allan Watts quotes. Goodreads. Disponível em: (https://www.goodreads.com/author/quotes/1501668.Alan_W_Watts). Acesso em 23/04/2021


(Imagens: fotografias de Susan Weiss Rose)

 


Acorde!

sexta-feira, 23 de abril de 2021

 

(Imagem: Broad Street Review)

Informe-se, aprenda, leia!

Dia da Terra 2021

quinta-feira, 22 de abril de 2021

 


Yes - Heart of the sunrise

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Yes

Album: Fragile (1972)

Música: Heart of the sunrise



https://www.youtube.com/watch?v=0vNcgL9Fi4w


Yes é uma banda britânica de rock progressivo formada originalmente por Jon Anderson (vocal), Chris Squire (baixo), Tony Kaye (teclado), Peter Banks (guitarra) e Bill Bruford (bateria) em 1968. Apesar das muitas mudanças na formação, separações ocasionais e as diversas mudanças na música popular, o grupo está na ativa há 50 anos e ainda detém grande prestígio internacional.

A popularidade significativa da banda teve início principalmente após o lançamento do disco The Yes Album, onde o Yes começou a explorar os novos horizontes do rock progressivo (gênero este que estava surgindo na cena britânica), com músicas mais longas e complexas. Nos discos Fragile e Close to the Edge, e a estreia de Rick Wakeman nos teclados em Fragile, a banda cimenta sua fama ao redor do mundo e o ápice de sua carreira; o subsequente Close to the Edge é considerado por musicólogos e críticos como a essência do prog rock e o melhor álbum do gênero.

Tales From Topographic Oceans, um álbum conceitual lançado em 1973, contém apenas 4 grandes suítes, e que embora fora bem sucedido comercialmente, foi criticado por levar a música a patamares bem exagerados. Lançado em 1974, Relayer foi um álbum bem mais aceito pela crítica e pelos fãs, gerando a energética suíte 'The Gates of Delirium' e o single subsequente, 'Soon'. Nessa época, Wakeman abandonou a banda e foi substituído por Patrick Moraz, que constribuiu somente neste álbum. Wakeman retorna em Going for the One, que foi um inesperado sucesso da banda, já que todo o prog rock passava por dificuldades por conta do advento do punk rock que criticava o prog por seus excessos e trazia a simplicidade do rock n' roll, e gêneros como o new wave e synthpop. A suíte 'Awaken' é considerada por Jon Anderson como uma obra-prima. O álbum gerou o single 'Wonderous Stories', e consistiu no primeiro entre uma série de lançamentos da banda em que se abandonava os excessos musicais e suítes longas para algo mais atraente a um público maior, ao incorporar elementos da música pop, atingindo seu ápice com o bem-sucedido 90125 e Big Generator.

Suas canções continham melodias e letras místicas, suítes longas com referências eruditas, trabalhos de harmonias vocais abstratas entre Jon Anderson e Chris Squire e alguns de seus álbuns focados em formato de álbuns conceituais, com canções unificadas que contavam histórias surreais e traziam um tema em comum. As capas emblemáticas de seus discos eram elaboradas pelo ilustrador Roger Dean. Na história do rock n' roll, raramente um instrumento como o teclado fora colocado em um patamar de importância tão relevante quanto à guitarra (da mesma forma como o Jethro Tull ficou conhecido por incorporar sons de flautas em suas músicas). Em 2016 o Yes foi introduzido ao Rock and Roll Hall of Fame. O Yes é uma das bandas mais antigas ainda em atividade, comemorando em 2018, 50 anos de carreira com a estreia de uma nova turnê. É também uma das bandas de rock progressivo mais bem sucedidas, influentes e mais duradouras. Eles venderam 13,5 milhões de álbuns certificados pela RIAA nos EUA. 


(Fonte do texto: Wikipedia) 

Recursos naturais: pesca

terça-feira, 20 de abril de 2021

Pesca por Inteiro – Histórico, Panorama e Análise das Políticas Públicas Federais


"Um livro editado pelo pessoal do Política por Inteiro analisa a quase centena de atos governamentais do governo Bolsonaro que impactam quem vive da pesca no país. 'Observamos a boiada, ou melhor, uma grande ‘rede de arrasto’ passando nos nossos ambientes aquáticos – mar e águas continentais – silenciosa e despercebida pela grande mídia, mas trazendo consequências irreversíveis', afirma Fábio Ishisaki, um dos organizadores e autores do trabalho. Como em todo campo ambiental, a política de Bolsonaro-Salles-Cristina é de desmonte e “água”-arrasada. Neste caso, privilegiando escancaradamente a pesca industrial predatória. Mais um importante documento da destruição para ajudar, um dia, a reconstrução."



O livro está disponível no site do Política por Inteiro:

https://www.politicaporinteiro.org/2021/04/06/pesca-por-inteiro-traca-panorama-historico-e-aponta-desmonte-das-politica-pesqueiras/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=13032021-ClimaInfo-Newsletter


(Publicado no site ClimaInfo em 13/04/2021)

Leituras diárias

segunda-feira, 19 de abril de 2021

 


“A dualidade na percepção do mundo e da vida humana já existia no estágio anterior da civilização primitiva. No folclore dos povos primitivos encontra-se, paralelamente aos cultos sérios (por sua organização e seu tom), a existência de cultos cômicos, que convertiam as divindades em objetos de burla e blasfêmia (‘riso ritual’); paralelamente aos mitos sérios, mitos cômicos e injuriosos; paralelamente aos heróis, seus sósias paródicos. Há pouco tempo que os especialistas do folclore começaram a interessar-se pelos ritos e mitos cômicos.” (Bakhtin, pág. 5)

 

Mikhail Bakhtin, A cultura popular na Idade Média e no Renascimento

Economia ecológica

sábado, 17 de abril de 2021

 O QUE É ECONOMIA ECOLÓGICA?

Leia o artigo no site da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica:

http://ecoeco.org.br/economia-ecologica/



CONHECIMENTO (?)

sexta-feira, 16 de abril de 2021

 

(Imagem: The Conversation)

"Hoje, no Brasil, procurar conhecimento é quase contestação; subversão!"


Grateful Dead - Pride of Cucamonga

quarta-feira, 14 de abril de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Grateful Dead

Album: From the Mars hotel (1974)

Música: Pride of Cucamonga



https://www.youtube.com/watch?v=IFSnOZy955U


Grateful Dead foi uma banda norte-americana de rock formada em 1965 na cidade de São FranciscoCalifórnia, berço do movimento hippie. O grupo era conhecido por seu estilo único e também por seu ecletismo, já que fundia em suas composições elementos do rockfolkcountrypsicodeliajazzblues e música experimental, além das performances que se transformavam numa longa sessão de improvisações; esta característica os fez serem caracterizados como uma jam band. "A música deles", escreveu Lenny Kaye, guitarrista de Patti Smith, "alcança níveis que a maioria dos outros grupos sequer sabiam da existência."

Tanta singularidade deu origem a fãs que chegavam a seguir a banda de show em show durante anos. Os admiradores mais fanáticos do Grateful Dead ficaram conhecidos como "deadheads". A louvação é tanta e tão duradoura que leilões realizados em 2007, com objetos pessoais de um dos principais expoentes da banda, Jerry Garcia, morto em 1995, chegaram a arrecadar mais de um milhão de dólares. Banheira, pia e até mesmo o vaso sanitário do guitarrista e vocalista do Grateful Dead foram arrematados por fãs, interessados em guardar algum souvenir de uma das lendas do rock.

Em "Os Melhores Artistas de Todos Os Tempos", o ranking das melhores bandas feito pela revista Rolling Stone, a banda ficou em 55º lugar.

No ano de 2015, a banda anunciou um projeto de supergrupo, o Dead & Company. O projeto envolveu os membros fundadores da banda, Bob Weir, Phil Lesh e Bill Kreutzmann em parceria com músico e guitarrista John Mayer e outros membros póstumos a morte de Jerry Garcia - como o baixista do Allman Brothers, Oteil Burbridge e o tecladista Jeff Chimenti. O supergrupo, em 2016, excursionou em uma tour pelos Estados Unidos com John Mayer.


(Fonte do texto: Wikipedia) 

LEITURA

terça-feira, 13 de abril de 2021

 


Leituras diárias

segunda-feira, 12 de abril de 2021

 


“Não temos ‘coisas’ ou ‘seres’ separados ou metafisicamente distintos que, na verdade, existem de modo independente e isolados uns dos outros. Ao contrário, o que de fato existe é uma rede gigantesca ou uma cadeia causal complexa de constantes mudanças e acontecimentos, eventos ou processos interagindo de forma causal. Nossa visão comum e até mesmo nossas compreensões científicas e filosóficas daquilo que de modo convencional designamos como ‘coisas’, bem como suas relações causais, não são apenas simplificações exageradas desse verdadeiro cenário da realidade, mas são, na verdade, falsificações de como as coisas realmente são em função de nossa ignorância em não vermos a realidade como de fato ela é.” (Laumakis, pág. 135)

 

Stephen J. Laumakis, Uma introdução à filosofia budista

Formação do pensamento científico

sábado, 10 de abril de 2021

 

"Para Nagarjuna todas as 'coisas' e 'seres' devem ser entendidos como processos, eventos ou acontecimentos que são literalmente vazios de qualquer e todo tipo de autoessência."   -   Stephen J. Laumakis   -   Uma introdução à filosofia budista 

O pensamento científico é uma forma de enxergar o mundo, baseado nos avanços da ciência. Esta maneira de se relacionar com a realidade foi disseminada principalmente através do ensino público, tornando-se a forma comum de como a maior parte dos cidadãos das sociedades modernas vivem seu cotidiano. O pensamento científico começou a se propagar a partir do início do século XIX, começando pelas elites europeias, que tinham mais acesso à instrução. Ao longo do restante do século XIX e parte do século XX, este processo alcançou gradualmente a maior parte da população destas sociedades, com a universalização do ensino. Outro aspecto que contribuiu para a disseminação desta forma de pensamento foi o crescente desenvolvimento tecnológico, que também se acelerou ao longo do século XIX. A máquina a vapor, o telégrafo, o motor a combustão, as indústrias e vários avanços técnicos menores, tornaram-se comuns no dia a dia de grande parte dos europeus e americanos neste período. Também foi este o momento em que surgiram as grandes exposições científicas europeias e americanas, apresentando os avanços científicos da época a um grande público, ávido por novidades.

O surgimento da mentalidade científica também está ligado ao pensamento autônomo. O cidadão europeu comum alfabetizado do século XIX, tinha acesso a mais informações do que seu contemporâneo camponês iletrado. Isso contribuiu para o desenvolvimento de um senso comum laico, no qual as ancestrais superstições e, em certos aspectos, até a tradição religiosa perdiam sua antiga importância. A vida não era mais regida pelas atividades agrícolas e rituais religiosos, com seus períodos propícios e datas festivas. Vivia-se agora num ritmo ditado pelas atividades urbanas; o trabalho diário na fábrica ou no comércio, sem contato com as esquecidas forças naturais ou sobrenaturais.

O sociólogo Max Weber (1864-1920) chamou esta gradual laicização da vida das populações dos séculos XIX e XX, de desencantamento do mundo. As forças ocultas que povoavam o imaginário e que através da mágica e da religião podiam ser despertadas e manipuladas, foram gradualmente desaparecendo, tendo sido substituídas pela ciência e pela tecnologia, que cada vez mais faziam parte do cotidiano do cidadão. O padre, o pastor, o curandeiro, a benzedeira e aquele que tinha o suposto poder de contatar os mortos, foram substituídos pelo médico, pelo assistente social, o professor ou pelo psicólogo.

Este processo que a sociologia também chama de racionalização, ocorreu principalmente na Europa e nos Estados Unidos, onde o acesso à instrução e ao conhecimento já era incentivado pelo Estado e pelo ambiente econômico-social de rápido desenvolvimento tecnológico. Isso fez com que se abrissem oportunidades de ascensão econômica e social principalmente nos centros urbanos, onde as antigas crenças não despertavam mais o mesmo interesse.

Estas mudanças nas mentalidade dos indivíduos dos séculos XIX e início do XX – o desencantamento e racionalização como os chama Max Weber – não se verificaram em todo o mundo. Este complexo processo de mudança social ocorreu principalmente em sociedades liberais capitalistas, que impunham o ensino básico obrigatório, incentivavam a cultura, o desenvolvimento científico-tecnológico e fomentavam a industrialização; o que à época incluía países como a Inglaterra, a Alemanha, a França, a Itália e os Estados Unidos, entre os principais. O restante do mundo ainda não passava por este processo socioeconômico à época.  

Comparativamente à Europa, a educação elementar no Brasil foi instituída através de um decreto de D. Pedro I em 1827; praticamente no mesmo período em que grande parte dos países da Europa fazia o mesmo. O império, entretanto, nunca deu muita importância à educação para as classes baixas da população, pois até o ano de 1900 65% da população ainda era analfabeta. O quadro só começou a mudar significativamente a partir dos anos 1960, quando o percentual de iletrados caiu para 39%, chegando aos 19% em 1991 e 9% em 2010. Atualmente a taxa de iletrados é de cerca de 6% da população.

O processo de industrialização brasileiro teve início insípido no final do século XIX. Interesses econômicos e visão limitada do potencial de desenvolvimento da indústria, fizeram com que mesmo nos anos 1920, parte significativa das elites econômicas ainda fosse contrária à industrialização do país. Foi somente a partir do governo de Getúlio Vargas e, mais acentuadamente, a partir de Juscelino Kubitschek, que o país passou investir na industrialização.

Há um paralelo entre a educação, a industrialização, o desenvolvimento tecnológico e o surgimento de uma nova mentalidade entre as populações; o pensamento científico, através dos processos sociais estudados por Weber e outros sociólogos. Na Europa esta mentalidade, que começou a se alastrar já no século XIX, consolidou-se definitivamente depois da 2ª Grande Guerra. No Brasil este processo ainda está em construção. As desigualdades econômicas entre as populações das diferentes regiões; a variedade das tradições culturais; as diferenças no acesso aos modernos bens e serviços entre as regiões; são fatores que fazem com que educacional, cultural e tecnologicamente o Brasil não seja uniforme – para o bem e para o mal.


(Imagens: fotografias de Garry Winograd)

Them Crooked Vultures - Bandoliers

sexta-feira, 9 de abril de 2021

As maiores bandas de rock de todos os tempos


Them Crooked Vultures

Album: Them crooked vultures (2009)

Musica: Bandoliers



https://www.youtube.com/watch?v=_g3fckxdvZM


Them Crooked Vultures foi um projeto de Stoner Rock formado em 2009 por John Paul Jones (Led Zeppelin), Josh Homme (Queens of the Stone Age e ex-Kyuss) e Dave Grohl (Foo Fighters e Nirvana). O projeto foi indiretamente anunciado em 2005 por Dave Grohl para a revista Mojo. A primeira apresentação da banda foi realizada no dia 9 de agosto de 2009 no Metrô de Chicago.

 

(Fonte do texto: Wikipedia)