Crise climática: indícios de aceleração

sábado, 31 de julho de 2021

 
"Este sofrimento, em seu grau mais fraco, é menos uma dor do que um estado em que não nos encontramos bem, em que não estamos à vontade. Eu denomino este estado mal-estar."   -   Étienne Bonnot de Condillac   -   Lógica


Como se já não bastasse a continuidade da sindemia da Covid-19 e sua sucessão de ondas de contaminação em todo o mundo – o jornal Le Monde de 22/07/2021 fala da quarta onda na França –, o início deste verão também trouxe acontecimentos preocupantes em relação ao clima mundial. O sudoeste do Canadá e o noroeste dos Estados Unidos estão atravessando uma de suas mais graves ondas de calor em todos os tempos, com temperaturas ultrapassando os 49 graus Celsius em algumas regiões. Em Las Vegas, a temperatura ultrapassou os 47 graus Celsius, a mais alta desde 1942. No Vale da Morte, situado a cerca de 200 km de Las Vegas, a temperatura atingiu os 54 graus em 10/7/2021; a mais alta registrada no planeta desde 1913. Dados indicam que os Estados Unidos tiveram neste ano o mês de junho mais quente de sua história, com 1,2 graus acima da média de 1991 a 2020. A onda de calor também se estende por outras regiões do planeta: em Moscou, a temperatura ambiente atingiu seu valor mais alto nos últimos 120 anos chegando a 34,7 graus; 8 a 10 graus além do normal.

As altas temperaturas, associadas ao clima seco em certas regiões, também estão provocando grandes incêndios. Nos Estados Unidos, os estados da Califórnia, Nevada, Idaho e Washington registram grandes incêndios florestais, provocando a evacuação de populações e problemas de abastecimento. No outro lado do mundo, o fogo também vêm afetando extensas regiões da floresta siberiana, na Rússia, onde até início de julho foi destruída uma área de 800 mil hectares, na região de Yakutia. O combate ao fogo, que polui todo o ar da região, mobilizou milhares de bombeiros e soldados. Observadores assinalam que os incêndios neste território vêm sendo cada vez mais destruidores, devido ao aumento da temperatura média, durante os verões. Uma perigosa consequência dos incêndios florestais em regiões setentrionais é o degelo do permafrost, solos permanentemente congelados, que aquecidos liberam grandes volumes de gás metano (CH4), dez vezes mais prejudiciais à atmosfera do que o dióxido de carbono (CO²).

O calor excessivo já provocou centenas de mortes nestas regiões, principalmente de idosos, cujo organismo tem menos resistência. No verão de 2003, quando a Europa também foi afetada por altas temperaturas, morreram cerca de 13 mil pessoas, somente na Espanha, e cerca de 70 mil em todo o continente. Segundo a revista Nature Climate Change, desde os anos 1980 vêm aumentando em todo o mundo as mortes causadas por ondas de calor. A alta umidade da atmosfera associada à elevada temperatura do ambiente, fazem com que o suor não evapore e se acumule no corpo, causando o estresse térmico, que pode ser fatal para organismos mais fracos, como os dos idosos.

Ao mesmo tempo em que ocorrem altas temperaturas e clima seco propenso aos incêndios em partes do planeta, outras regiões estão sendo afetadas por fortíssimas chuvas. Volumes de precipitações esperados para todo um mês, chegam a cair em um dia ou algumas horas, como ocorreu recentemente na Europa Central. A Alemanha, nas regiões da Renânia do Norte, Vestfália e Renânia-Palatinado, assim como os territórios situados no leste da Bélgica, foram as regiões mais afetadas, com grandes perdas materiais, milhares de desabrigados e 215 mortos. O governo alemão considerou o incidente o maior desastre climático registrado naquele país desde 1962. As chuvas fortes e o transbordamento de rios também afetaram regiões da Holanda, França e Luxemburgo.

Na Índia ocorre um derretimento anormal das geleiras no Himalaia e aumentam as inundações provocadas pelo período das monções, que se inicia agora no começo do verão no hemisfério Norte. No estado de Maharashtra, o volume anormal das chuvas provocou centenas de mortes e destruiu milhares de residências. Os efeitos do ciclo das monções foram intensificados pelo fenômeno das mudanças climáticas, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK) da cidade de Potsdam, Alemanha. Ainda em julho de 2021, excesso de chuvas também causaram 16 mortes e deixaram 200 mil desabrigados na província de Henan, na China.

No Brasil, avança o período das secas, que deverá deixar as regiões Sudeste e Centro-Oeste em situação difícil, com os reservatórios baixos, causando problemas para o abastecimento de água e geração de energia elétrica. Segundo os especialistas, trata-se da maior crise hídrica no país registrada nos últimos 100 anos. Enquanto estas regiões do país passam por grande estiagem, o rio Negro, na bacia amazônica, sofre sua a maior cheia registrada no último século.

Com a entrada no inverno, as regiões Sul e Sudeste, além da estiagem, registraram também as mais baixas temperaturas dos invernos nos anos recentes. O frio intenso fez com que a temperatura caísse abaixo de 1º C (-1,8ºC) na Zona Sul da cidade São Paulo. Em toda a região Sul e Sudeste as temperaturas caíram abaixo do normal, “e em alguns momentos chegam a sinalizar uma onda polar de excepcional força com magnitude raramente vista na história recente”, segundo o site de informações climáticas Metsul, em matéria publicada em 23/07/2021. (1)

Estudos e dados apontam que todos estes eventos têm alguma ligação. Se o fenômeno climático La Niña, exerce certa influência no clima da América do Sul durante esta estação do ano, pesa mais o fato de que as mudanças climáticas fazem-se cada vez mais presentes em todo o planeta. Em entrevista à imprensa inglesa, a baronesa de Worthington, cientista e principal autora da Lei das Mudanças Climáticas do Reino Unido, afirmou ao repórter da BBC que “cientistas não estão mais preocupados; eles estão apavorados. Eles estão preocupados que pode não haver um ‘pouso seguro’ do clima. Estamos trabalhando na ideia de orçamentos seguros de carbono (quantidade de carbono que podermos colocar na atmosfera sem prejudicar gravemente o clima). Mas, e se não houver um nível seguro de carbono?” (2).

Assim como a cientista inglesa, alguns outros pesquisadores consideram a possibilidade de que o sistema climático mundial possa ter cruzado um limite perigoso, o que os cientistas chamam de point of no retun in climate change (ponto de não retorno nas mudanças climáticas). Trata-se da, até agora, hipotética situação, quando medidas de redução de emissões de poluentes não têm mais efeito a curto e médio prazos, na redução dos efeitos da mudança do clima (frio e calor intensos, secas, furacões, chuvas torrenciais, etc.). Nesta situação o sistema climático da Terra entra em desequilíbrio definitivo, e pode levar décadas ou séculos para voltar à uma situação estável.   

Na Alemanha, o presidente Frank-Walter Steinmeier foi enfático ao culpar as mudanças climáticas pelas chuvas torrenciais que afetaram a Alemanha. O presidente pediu a todos um firme comprometimento na luta contra as mudanças do clima, afirmando ser esta a única maneira de frear fenômenos meteorológicos extremos. A primeira-ministra do país, Angela Merkel, também atribuiu a origem dos recentes desastres climáticos em seu país ao mesmo fenômeno.

Todavia, os indícios de que algo extraordinário está ocorrendo no clima já se apresentaram. Segundo um estudo realizado pela seguradora Munich Re, os prejuízos resultantes de catástrofes naturais totalizaram US$ 150 bilhões em 2019, em todo o planeta. A destruição e as mortes relacionadas a tais eventos só tendem a aumentar ao longo dos próximos anos, segundo previsões.

Existem três grandes temas, que estão na pauta de governos, cientistas e grandes empresas: as pandemias provocadas por microrganismos; o aumento da pobreza e o crescimento das diferenças entre ricos e pobres; e as mudanças climáticas. No entanto, dentre estes três grandes desafios que a humanidade terá que enfrentar ao longo das próximas décadas, o que mais preocupa – por exigir grandes e constantes investimentos, reordenação da economia e envolvimento de governos e cidadãos – é o da crise climática. A situação é séria, segundo os cientistas climáticos, apesar da pouca importância que ainda muitos governos, inclusive o do Brasil, estão dando ao tema. Escreve o jornalista David Wallace-Wells, em seu livro sobre o tema, A Terra inabitável:

Já agora, com o mundo apenas 1ºC mais quente, os incêndios e as vagas de calor e os furacões já inundaram as notícias, e prometem multiplicar-se em breve através da nossa história e vida interior, fazendo com que aquilo que hoje pode parecer uma cultura impregnada de intuições de juízo final se assemelhe a um período relativamente ingênuo.” (Wallace-Wells, pág. 186-187) (3)


Referências:

(1) Onda de frio pode ser uma das mais intensas deste século

<https://metsul.com/onda-de-frio-pode-ser-uma-das-mais-intensas-neste-seculo-no-brasil/>

Acesso em 25/7/2021

(2) Por que calor no hemisfério Norte indica algo pior que está por vir?

<https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/07/10/por-que-calor-recorde-no-hemisferio-norte-indica-que-algo-pior-esta-por-vir.ghtml>

(3) Wallace-Wells, David. A Terra inabitável. Lisboa: Editora Lua de Papel, 2019, 365 p.


(Imagens: pinturas de Armand Guillaumin)

LER!

sexta-feira, 30 de julho de 2021

 

Captain Beyond - Dancing madly backwards (on a sea of air)

quarta-feira, 28 de julho de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Captain Beyond

Album: Captain Beyond (1972)

Música: Dancing madly backwards





Captain Beyond, banda americana de rock formada em Los Angeles, foi criada em 1972 pelos ex-membros do Iron Butterfly: Rhino, Lee Dorman, Bobby Caldwell, e o primeiro vocalista do Deep PurpleRod Evans. Pouco tempo depois, assinaram contrato com a Warner. Em 1972 apresentaram o primeiro álbum. Em 73 lancaram o segundo álbum, mais virado para o hard progressivo. Devido à pouca receptividade dos fãs, a banda fez uma pausa até 1978, altura em que lançaram o álbum Dawn Explosion, já sem o vocalista Rod Evans. É consenso entre os especialistas que o melhor álbum lançado pela banda é o primeiro, Captain Beyond, cuja qualidade artística e técnica é bastante superior aos sequentes. 

Seguiram-se anos de desaparecimento (e esquecimento), até que em 1998 fizeram algumas participações em festivais europeus, quando o primeiro álbum voltou a ser tocado. Em 2000 voltaram a lançar um álbum, Night Train Calling EP.

 

(Fonte do texto: Wikipedia e pesquisa própria) 

Leituras diárias

segunda-feira, 26 de julho de 2021

 


“Por mais que venceres os séculos vivendo o que queres, a morte é eterna e permanecerá como tal.” (Lucrecio)

 

Lucrecio Caro, Da Natureza 

Dia Nacional do Escritor

domingo, 25 de julho de 2021

 

25 de julho - Dia Nacional do Escritor 

Michel de Montaigne e a morte

sábado, 24 de julho de 2021

 

Leia o texto "De como filosofar é aprender a morrer" do filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592), publicado pela FILOSÓFICA:


https://filosoficabiblioteca.files.wordpress.com/2013/10/124035606-michel-de-montaigne-de-como-filosofar-e-aprender-a-morrer.pdf

Liberdade

sexta-feira, 23 de julho de 2021

 


Cactus - Bringing me down

quarta-feira, 21 de julho de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos


Cactus

Album: 'Ot 'n' Sweaty (1972)

Música: Bringing me down





A banda americana de rock pesado Cactus foi concebida no final de 1969 por ex-membros grupo Vanilla Fudge, o baixista Tim Bogert e o baterista Carmine Appice, depois que os planos de se juntarem ao guitarrista Jeff Beck foram cancelados, quando Beck sofreu um acidente de carro e ficou fora da cena musical por mais de um ano. No início de 1970, Bogert e Appice trouxeram o guitarrista de blues Jim McCarty do Mitch Ryder´s Detroit Wheels  e o cantor Rusty Day (nascido Russell Edward Davidson) do The Amboy Dukes.

Esta formação lançou três álbuns em Atco RecordsCactus (1970), One way... or another e Restrictions (1971), antes que problemas internos levassem McCarty a desistir no final de 1971. Day foi demitido do grupo pouco depois. O quarto e último álbum original do Cactus, 'Ot' n 'Sweaty (1972), apresentou na seção rítmica original Bogert e Appice, acompanhados por Werner Fritzschings na guitarra, Duane Hitchings nos teclados e Peter French (ex-Leaf Hound e Atomic Rooster) nos vocais.

Cactus foi à sua época chamado de “a resposta americana à banda inglesa Led Zeppelin”. Apesar do pouco tempo de atuação com sua formação original, Cactus foi uma das grandes bandas do rock pesado americano do início dos anos 1970.


(Fonte do texto: Wikipedia e pesquisa própria)

Leituras diárias

segunda-feira, 19 de julho de 2021

 


“Vemos assim que a questão ambiental, não é técnica ou econômica, mas primeiramente ética e política. Existe tecnologia, ou seja, conhecimento, para reduzir o impacto ambiental de nossas atividades. Alegar falta de recursos financeiros também não é argumento, já que recursos financeiros são priorizados para esta ou aquela alocação. Assim, alocar ou não recursos para o combate da poluição ambiental é questão de vontade política, ou seja, de ética, de moral.” (Rose, pág. 213)

 

Ricardo Ernesto Rose, Como está a questão ambiental? 100 artigos sobre a relação do meio ambiente com a economia e o clima


Liberdade, igualdade, fraternidade

sábado, 17 de julho de 2021

"Não são os pessimistas mas os decepcionados os que escrevem bem."   -   E. M. Cioran   -   Cadernos 1957-1972 


Por que o Brasil é um dos países com maior concentração de renda em todo o planeta? Dados de 2019 indicavam que o país era o que tinha a segunda maior concentração, entre 180 países. Os impactos causados pela sindemia da Covid na economia, a supressão de políticas sociais, a flexibilização das leis trabalhistas e diversas outras providências impopulares dos governos Temer e Bolsonaro, fizeram com que este quadro piorasse rapidamente. Em 2020, segundo levantamento executado pelo banco Credit Suisse, o 1% mais rico da população brasileira – cerca 2,2 milhões de pessoas – concentravam 49,6% de toda a riqueza do país, aproximadamente R$ 3,67 trilhões.

Assim como a riqueza é concentrada, outros setores da economia também são altamente monopolizados por pequenos grupos sociais. O último Censo Agropecuário do país, realizado em 2017, apontou que apenas 1% dos proprietários de terra, são donos de cerca de 50% da área rural do país. Enquanto isso, metade das propriedades rurais têm áreas com menos de 10 hectares (100.000 m²), controlando somente 2% da área agrícola total do país. Vale lembrar que grande parte dos alimentos consumidos pela população são produzidos em pequenas propriedades, enquanto que as o latifúndio tem a maior parte de sua área dedicada ao plantio de produtos agrícolas de exportação, como a soja e o açúcar.

A concentração imobiliária também é mais outro aspecto desta injusta distribuição de riquezas no Brasil. Na cidade de São Paulo, por exemplo, segundo o jornal O Estado de São Paulo, 1% dos donos de imóveis concentram 45% do valor imobiliário na cidade, quadro que se repete em várias outras metrópoles do país. Esta situação favorece a especulação imobiliária, o que torna os imóveis mais caros e de acesso limitado às classes mais abonadas. As camadas de menor renda são empurradas para as periferias, onde a infraestrutura é precária e as condições de vida mais caras.

Outro aspecto a ser assinalado em relação às condições de injustiça social desde sempre presentes no Brasil, é a questão das oportunidades. É inegável que as oportunidades não são equitativamente distribuídas em nossa sociedade, apesar do que consta na Constituição. A desigualdade já começa no básico, no ensino. Além de não serem acessíveis em qualquer lugar do território nacional, são raras as escolas públicas que têm o mesmo padrão de instrução das escolas particulares. A diferença não se dá necessariamente na qualidade dos professores, mas muito mais nas instalações, nos equipamentos, nos recursos para atividades extra classe, entre outros fatores. Como a escola, principalmente o ensino fundamental e o médio, é a base para que o indivíduo possa se preparar para uma carreira profissional e atuar como cidadão consciente e independente na sociedade, uma educação de baixa qualidade já representa uma desvantagem. Assim, é principalmente através de um ensino básico incipiente para a maior parte da população, que se constroem as desvantagens educacionais e culturais, que ao longo da vida atuarão como impedimentos para a ascensão social, econômica e o desenvolvimento das plenas potencialidades destas pessoas.   

Ultimamente tem-se falado e escrito bastante sobre a meritocracia, geralmente de forma incorreta. Defendem alguns, de que todos têm a mesma chance de crescer intelectualmente e, principalmente, financeiramente, desde que tenham capacidade e força de vontade. Em sua ingenuidade ou má-fé, estas pessoas esquecem que nem todos tiveram uma família ou protetores durante a infância; nem sempre puderam estudar em escolas boas – se é que puderam estudar – e crescer em um ambiente culturalmente propício. Ficou famoso aquele filme de curta duração, veiculado nas redes sociais há alguns anos, mostrando uma corrida a ser disputada por vários jovens. Todos perfilados, o professor coloca alguns jovens bem mais à frente e outros muito atrás. Face à reclamação dos alunos, de que a competição seria injusta, o professor explica que são estas desvantagens entre os indivíduos que os defensores da meritocracia não levam em conta. Propagam que todos têm a mesma chance de vencer, mas omitem que as condições de largada são, na realidade, bastante diferentes.

Os princípios de igualdade de oportunidades e de justiça social são relativamente recentes. Se na Antiguidade e na Idade Média já existiam práticas de tratamento equânime entre os indivíduos, estas eram limitadas às pessoas da mesma classe ou grupo social, como por exemplo os cidadãos livres de Atenas ou os nobres do período feudal europeu. O surgimento de uma nova mentalidade em relação ao indivíduo – qualquer indivíduo – surgiu durante o período da Revolução Francesa (1789-1799), influenciada pelas ideias dos filósofos iluministas (Locke, Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, entre outros). As ideias de liberdade e de autodeterminação defendidas por estes pensadores, foram gradualmente sendo incorporadas pela intelectualidade europeia e norte-americana (Washington, Jefferson, Hamilton, Franklin, entre outros). As guerras napoleônicas também contribuíram para disseminar novos conceitos de justiça, administração pública e organização social, bastante influenciados pelos ideais da Revolução Francesa.   

Assim, desde o início do século XIX, sociedades europeias e americanas (O Novo Mundo) vêm sendo influenciadas pelos princípios da revolução francesa: “liberdade, igualdade, fraternidade”. Mas isto nem remotamente significou a implantação de uma série de repúblicas democráticas, à exceção da americana. O que aos entusiasmados revolucionários franceses pareciam ideais bastante aceitáveis por qualquer cidadão, sofreu grande oposição e críticas ao longo da história, principalmente por parte daqueles que tinham muito a perder – notadamente no que se refere à ideia da “igualdade”. As monarquias poderiam até admitir o parlamentarismo, mas estavam longe de aceitarem os princípios republicanos franceses.

Assim, ao longo de quase 150 anos, foi preciso que se fizessem mais revoluções, que trabalhadores se juntassem em sindicatos, que surgissem partidos políticos que lutassem pelos interesses dos grupos sociais explorados, que intelectuais apontassem as injustiças para o restante da sociedade; tudo para que, aos poucos, governos – muitos deles agora já tornados repúblicas – incorporassem pelo menos parte destes princípios. Mas é preciso observar que nenhuma mudança para melhor veio sem conflitos e lutas; tanto no campo das ideias, quanto da prática.

Hoje, aqui no Brasil, tais princípios – liberdade, igualdade, fraternidade – ainda permanecem na prática desconhecidos para grande parte da população, apesar de conceitualmente permearem a doutrina de nossa Constituição. O que temos é uma liberdade de uma democracia liberal burguesa, mas ainda muito longe dos verdadeiros princípios de liberdade de pensamento e da palavra. Ainda nos faltam muitas reformas sociais e econômicas para que possamos considerar encaminhada a igualdade de direitos e de oportunidades. Da mesma forma, ainda estamos educacionalmente e culturalmente muito longe da fraternidade e da tolerância, em todos os seus aspectos. 


(Imagens: fotografias de Fan Ho) 

Leituras diárias

sexta-feira, 16 de julho de 2021

 



“Assim, a cada passo, os fatos recordavam que nosso domínio sobre a natureza não se parece em nada com a domínio de um conquistador sobre o povo conquistado, que não é domínio de alguém situado fora da natureza, mas que nós, por nossa carne, nosso sangue e nosso cérebro, pertencemos à natureza, encontramo-nos em seu seio, e todo o nosso domínio sobre ela consiste em que, diferentemente dos demais seres, somos capazes de conhecer suas leis e aplicá-las de maneira adequada.

Com efeito, aprendemos cada dia a compreender melhor as leis da natureza e a conhecer tanto os efeitos imediatos com as consequências remotas de nossa intromissão no curso natural de seu desenvolvimento. Sobretudo, depois dos grandes progressos alcançados neste século pelas ciências naturais, estamos em condições de prever e, portanto, de controlar cada vez melhor as remotas consequências naturais de nossos atos na produção, pelo menos dos mais correntes. E quanto mais isso seja uma realidade, mais os homens sentirão e compreenderão sua unidade com a natureza, e mais inconcebível ainda será essa ideia absurda e antinatural da antítese entre o espírito e a matéria, o homem e a natureza, a alma e o corpo. Ideia que começa a difundir-se pela Europa sobre a base da decadência da Antiguidade clássica e que adquire seu máximo desenvolvimento no cristianismo.”

 

Friedrich Engels, Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem (1876)


Martin Heidegger

quinta-feira, 15 de julho de 2021

 


Atomic Rooster - Nobody else

quarta-feira, 14 de julho de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Atomic Rooster

Album: Death walks behind you (1970)

Música: Nobody else




Atomic Rooster é uma banda de rock progressivo e hard rock britânica formada pelos ex-integrantes da banda de Arthur Brown (Crazy World of Arthur Brown), Vincent Crane e Carl Palmer em 1969. Seus únicos singles de sucesso foram lançados em 1971 com "Tomorrow Night" e "The Devil's Answer".

Em 1970 a banda, que na época contava com (Vincent Crane e Carl Palmer), lançou o auto intitulado álbum de estréia. Entre a partida de Palmer para o Emerson, Lake & Palmer e a gravação do segundo álbum, o guitarrista John Cann entrou na banda, dando nova dimensão a sua música com um distinto som de guitarra que Cann proporcionava. O álbum Death Walks Behind You ainda contava com Paul Hammond na bateria.

Após o sucesso comercial, a banda contou com o vocalista Peter French em seu terceiro álbum In Hearing Of Atomic Rooster. Após esse álbum, Cann, Hammond e French deixaram a banda. Peter French se uniu ao Cactus, enquanto John Cann e Paul Hammond se reuniram com o ex-baixista do Quatermass John Gustafson para fundar o Hard Stuff.

Vincent Crane reformulou a banda com o ex-vocalista do Colosseum Chris FarloweJohnny Mandala e Ric Parnell, a fim de gravar e lançar Made in England. A mesma formação ainda lançou, Nice 'n' Greasy, já com uma nova direção no som, para tristeza dos fãs mais tradicionais.

A banda parou temporariamente até o início da década de 1980, quando Vincent Crane e John Ducann reuniram-se novamente para novos trabalhos.


(Fonte do texto: Wikipedia) 

Leituras diárias

segunda-feira, 12 de julho de 2021

 



“De acordo com a doutrina cátara, o deus-bem triunfará sobre o deus-mal, e consequentemente todos os homens serão, por certo, salvos, pois o triunfo de Deus sobre Satã não poderia ser completo enquanto a última criatura deste não abandonasse o seu invólucro carnal, para alcançar seu lugar no seio da milícia celeste. Para eles (os cátaros), não havia Inferno ou Purgatório, pois o impuro não poderia aproximar-se do deus-bem e penetrar no reino supraterrestre. A purificação da alma deveria ser feita na terra. Essa teoria, que salvava definitivamente todas as almas, abolia o Inferno e a danação eterna, era de fato consoladora.” (Falbel, pág. 55)

 

Nachman Falbel, Heresias medievais


Carta sobre a felicidade

sábado, 10 de julho de 2021

Leia a "Carta sobre a felicidade" (Carta a Meneceu), de Epicuro (341-270 AEC), filósofo grego, no link da ABDET abaixo:

http://abdet.com.br/site/wp-content/uploads/2014/11/Carta-Sobre-a-Felicidade.pdf

Bad Company - Electric land

quarta-feira, 7 de julho de 2021

 As melhores bandas de rock de todos os tempos 


Bad Company

Album: Rough diamonds (1982)

Música: Electric land 



https://www.youtube.com/watch?v=He61OBJ4Ijc


Bad Company é um supergrupo inglês de hard rock formada em 1973, com sucessos como "Shooting Star", "Bad Company", "Can't Get Enough", "Feel Like Makin' Love", "Ready for Love" e "Silver, Blue and Gold". Sua formação original foi composta por Paul Rodgers (vocal), Simon Kirke (bateria), Mick Ralphs (guitarra) e Boz Burrell (baixo).

Seus integrantes originais tinham tocado anteriormente em outras bandas britânicas: FreeMott the Hoople e King Crimson. Seu álbum de estréia, homônimo, foi lançado em 1974 pela Swan Song. Alcançou a primeira colocação da Billboard 200 e a terceira na UK Albums Chart no mesmo ano. Nele se encontram alguns dos clássicos do Bad Company, como a faixa título e "Can't Get Enough".

Em abril de 1975 a banda retornou com o lançamento do seu segundo álbum, Straight Shooter, que também teve excelentes vendagens (3x Multi-Platinum pela RIAA), e emplacou novos sucessos como "Feel Like Makin' Love". Atingiu a terceira posição tanto no Reino Unido[3] quanto nos Estados Unidos. A este segundo álbum seguiram-se Run with the Pack (1976), ainda com boas vendagens (3x Multi-Platinum pela RIAA), Burnin' Sky (1977) e Desolation Angels (1979), todos álbuns competentes. Depois do álbum de 1982, Rough Diamonds, o vocalista Paul Rodgers deixou a banda, e a mesma, ao que tudo indicava, estava destinada a se acabar. Rodgers passou a integrar a banda formada por Jimmy Page, ex-Led Zeppelin, denominada de The Firm.

Não obstante, em 1986, a banda retornou com novo vocalista, Brian Howe, apresentando um trabalho completamente diferente daquele que a havia caracterizado até então. O disco Fame and Fortune, em nada se assemelha com o hard rock dos anos 1970, se aproximando muito mais da sonoridade do glam metal americano dos anos 1980, mas sem o figurino espalhafatoso que caracteriza os integrantes habituais deste estilo. Os trabalhos posteriores, até meados dos anos 1990, seguiram esta tendência, sendo que no competente álbum de 1990, chamado Holy Water, a banda conseguiu emplacar uma música de relativo sucesso comercial, a balada If You Needed Somebody. Este disco foi certificado como Platinum pela RIAA. A ele se seguiu o disco Here Comes Trouble (1992), que ainda conseguiu atingir o certificado Gold pela RIAA.

Em 1995 a banda lança novo disco, Company of Strangers, com o novo vocalista, Robert Hart, no lugar de Brian Howe. Em 1997 a banda ainda lança um segundo disco com este vocalista, Stories Told & Untold, com regravações de antigos sucessos da banda e sete novas músicas. O disco é um fracasso comercial. Em 1998, Rodgers e Kirke discutem a possibilidade da banda voltar a sua formação original. Com o lançamento da compilação The Original Bad Company Anthology, de 1999, aparecem quatro novas músicas gravadas com Rodgers.


(Fonte do texto: Wikipedia)


POR QUÊ?

terça-feira, 6 de julho de 2021

 

(Imagem: pintura de William Blake)


(Por que existe algo ao invés de nada?)

Leituras diárias

segunda-feira, 5 de julho de 2021

 


“O que parece singularmente humano não é a consciência nem o livre-arbítrio, mas o conflito interno – os impulsos conflitantes que nos separam de nós mesmos. Nenhum outro animal busca a satisfação dos próprios desejos e ao mesmo tempo a amaldiçoa; passa a vida no terror da morte mas se dispõe a morrer para preservar uma imagem de si mesmo; mata a própria espécie em nome dos sonhos. Não é a auto consciência, mas a divisão de si mesmo, que nos torna humanos.” (Gray, 107).

 

John Gray, A alma da marionete


Alimentos mais saudáveis

sábado, 3 de julho de 2021

 

"O que é alimento para uns, para outros é veneno amargo."   -   Lucrécio Caro   -   Sobre a Natureza   


A questão da saúde não pode ser separada da questão ambiental. O meio ambiente construído pelo homem, o ambiente social, precisa oferecer condições para uma vida saudável a todos os cidadãos. Nessa ótica também se incluem os alimentos de diversas origens consumidos pela sociedade, oferecidos aos consumidores por uma vasta gama de fornecedores. As crianças são especialmente afetadas pelos alimentos, que podem ter efeitos em sua saúde na vida adulta. A saúde física de uma pessoa também é construída através de sua alimentação na infância.

Dados de todo mundo, nos informam que assim que aumenta o poder aquisitivo de uma sociedade, aumenta o percentual de adultos e crianças obesas. A obesidade está se tornando um mal crônico em nossa sociedade afluente, em todo o mundo. Dados do IBGE de 2019, indicam que uma em cada três crianças brasileiras está acima de seu peso normal. No mesmo ano, as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional mostraram que 16,33% das crianças entre cinco e dez anos estão com sobrepeso; 9,38% encontram-se obesas e 5,22% com obesidade grave. A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que até 2025 o número de crianças obesas em todo o mundo deverá ultrapassa o número de 75 milhões de indivíduos. Um grande problema a ser enfrentado por pais, médicos nutricionistas, governos e fabricantes de alimentos.

A dificuldade, dizem os especialistas, não está tanto na quantidade dos alimentos ingeridos, mas muito mais no tipo de produto consumido. Os hábitos alimentares, com o desenvolvimento da indústria alimentícia, transformaram-se bastante nos últimos trinta anos. Alimentos congelados, desidratados, enlatados, embutidos, pré-cozidos e vários outros, tornaram-se comuns nas mesas da maior parte das culturas urbanas em todo o mundo. A característica comum à maior parte destes alimentos é a adição de quantidades excessivas de açúcar, gordura saturada e sódio – principalmente nos doces, bolachas, salgadinhos, refrigerantes e outros alimentos consumidos em grande quantidade, principalmente pelas crianças. A adição de grandes quantidades de açúcar aos alimentos industrializados provoca uma necessidade constante de ingerir mais substâncias doces; isto ocorre devido ao prazer que a sensação “doce” provoca no cérebro. No entanto, a constante sensação de prazer associada aos doces, chocolates e outros produtos, traz consigo o aumento de peso, a diabetes e o surgimento de problemas cardíacos. A gordura saturada, a gordura trans e o excesso de sódio (sal), por outro lado, são prejudiciais à saúde, também podendo provocar problemas cardíacos (entupimento das veias do coração). A adição da gordura trans aos alimentos é usada também para aumentar a validade do prazo de consumo do produto e diminuir a necessidade de refrigeração – questão de economia. 

Para completar este quadro, grande parte da comida consumida em todo o mundo tem adição de substâncias químicas, como aditivos, corantes, antioxidantes, conservantes, adoçantes, flavorizantes. São substâncias químicas cujo efeito prolongado sobre a saúde humana, principalmente de crianças, ainda não foi exaustivamente estudada. Outra questão levantada por especialistas, é que vem sendo observada uma piora na qualidade de apresentação dos alimentos; no formato das embalagens, nos materiais utilizados, etc. Análises indicam que em épocas de crise econômica, quando ocorre queda do consumo, alguns fabricantes reduzem este tipo de custo.

Devido a tais fatores de risco, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem conclamando os países a desenvolverem políticas públicas, a fim de reduzir a publicidade de alimentos e bebidas com baixo teor nutricional e que podem ser prejudiciais à saúde, principalmente das crianças. Em países desenvolvidos, como a Inglaterra, França, Alemanha e Suécia, a propaganda de alimentos infantis é cada vez mais limitada; e, mesmo os Estados Unidos, prometem colocar uma série de restrições a esta prática. No Brasil, o movimento está apenas começando, já que o nível de conscientização ainda é muito baixo e o poder de influência dos fabricantes sobre a mídia ainda é muito forte. Já é tempo de leis mais rígidas serem votadas, defendendo o consumidor, principalmente as crianças. 

Não querendo ser surpreendidas, empresas como as americanas Pepsico e Kraft já declararam que reduzirão o sódio, o açúcar e a gordura saturada de seus alimentos durante os próximos anos. Outras transnacionais como a anglo-holandesa Unilever, a suíça Nestlé o McDonald´s, Hershey, Pizza Hut e a Burger King, entre outras, já fizeram alterações em seus produtos e suas campanhas publicitárias.

Mas isso é apenas o começo. Para que aumente o número de pessoas cada vez mais informadas e conscientes em relação ao que estão consumindo, ainda levará muito tempo. Ocorre que o acesso às informações sobre os produtos, seus componentes e processo de fabricação, ainda não está amplamente divulgado por falta de legislação específica. Já dizia Otto von Bismarck, importante estadista da Alemanha no século XIX: “Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos, se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.”


(Imagens: pinturas de Susan Weiss Rose) 

Intolerância religiosa?

sexta-feira, 2 de julho de 2021

 


DIGA NÃO À PL 490!

quinta-feira, 1 de julho de 2021


 Não à legalização do genocídio indígena!

Veja o que é o projeto: