Leituras diárias

domingo, 22 de junho de 2025


 

“A emergência de uma estética nacional foi um dos motes da Semana —‘nascerá uma arte genuinamente brasileira, filha do céu e da terra, do homem e do mistério’, bradou Menotti del Picchia no segundo festival. Mas ainda havia pouco disso em 1922. As obras de arte e as músicas apresentadas basicamente imitavam as vanguardas europeias. Villa-Lobos ainda não tinha feito O trenzinho caipira (1934). O modernismo foi mais um dentre outros movimentos artísticos que tentaram, às vezes através de estereótipos e simplificações, traduzir o Brasil de seu tempo. Mas foi único em afirmar nossa singularidade em tempos de crescente globalização.” (Cordeiro pág. 56). 

“Os jovens vanguardistas tomaram o cuidado de não aborrecer demais sua plateia burguesa, proclamando guerra aos estilos artísticos passadistas e não contra os patrões que se perpetuavam ao longo do tempo. ‘Na impossibilidade de enfrentarem mais diretamente os problemas políticos e sociais do país, os revolucionários [da Semana de Arte Moderna] teriam se contentado em investir contra a colocação pronominal’. O evento, que pretendeu ser um marco na história brasileira, foi promovido por artistas que ainda tinham muito o que aprender sobre seu próprio país. A nova arte que eles proclamavam era muito baseada nas vanguardas europeias, programas estéticos que sequer dominavam adequadamente. O fato não passou despercebido pela crítica especializada: ‘E depois venham dizer que o futurismo é coisa séria, coisa, aliás, que nem os seus próprios apologistas acreditam’. Nos últimos cem anos, e sobretudo mais recentemente, atribui-se  (injustamente) à Semana o defeito de não ter dado espaço às mulheres. Não é verdade. Naturalmente, não se levantou a bandeira da igualdade dos sexos nem de qualquer um dos feminismos. Mas as mulheres estiveram lá, e com notável protagonismo.

A Semana, inegavelmente marcada por contradições, limitações e hipocrisias, foi realizada por pessoas, sobretudo poetas e pintores jovens, que compreenderam melhor as correntes modernistas e desenvolveram sua consciência social ao longo das décadas seguintes. Mário de Andrade, talvez quem melhor exerceu a autocrítica após os excessos de 1922, comentou: ‘Deveríamos ter inundado a caducidade utilitária do nosso discurso, de maior angústia do tempo, de maior revolta contra a vida como está. Em vez: fomos quebrar vidros de janelas, discursar modas de passeio, ou cutucar os valores eternos, ou saciar nossa curiosidade na cultura (...) E apesar da nossa atualidade, da nossa nacionalidade, da nossa universalidade, uma coisa não ajudamos verdadeiramente, duma coisa não participamos: o amilhoramento [sic] político-social do homem.’ Mário buscou viver de acordo com seus aprendizados: ao invés de socializar com os modernistas brasileiros em Paris — que foram em massa para a capital francesa em 1923 — ,viajou por todos os cantos de nosso país, investigando as peculiaridades da cultura popular e os tesouros do passado colonial. Já Tarsila do Amaral, com sua típica lucidez e tolerância, comentou em 1942: ‘Não vejo razão para que Mário de Andrade se tormente tanto por um passado que poderia ter sido mais belo, mais voltado às questões sociais. Tudo quanto artistas e literatos produziram naquele tempo poderia ter sido melhor, mas a verdade é que não estavam preparados para encarar a vida com o espírito de hoje.’”  (Cordeiro, págs. 84 e 85). 

“Enquanto os artistas europeus discutiam os males e as maravilhas da vida moderna, o Brasil era uma nação jovem, de condições absolutamente distintas. Em 1922, a República e o fim da escravidão eram realidades muito recentes, de forma que o país ainda era extremamente autoritário, desigual, rural, repleto de pobres e analfabetos. O desejo por uma modernização nas artes aos moldes europeus só poderia vir de uma classe socialmente privilegiada, enriquecida (no caso de São Paulo, pelo café e pela industrialização) e alinhada com o cenário internacional. Eis a fórmula para uma Semana de Arte Moderna.” (Cordeiro, pág. 172). 

“Diversas vanguardas artísticas, como o cubismo e o fauvismo, desejaram voltar ao primitivo, ou seja, redescobrir a pureza estética de povos considerados menos desenvolvidos. Já outros movimentos, como o futurismo, decidiram-se pelo caminho contrário, de exaltação da modernidade e suas invenções. Na dúvida ou por mera falta de coesão, a vanguarda paulista abraçou as duas coisas: queria o desenvolvimento industrial, a energia elétrica e o avião, mas também a valorização da cultura popular e 'primitiva' do Brasil. Muito antes de 1922, a figura do índigena já havia sido utilizada por diversos artistas como símbolo da identidade nacional. Autores românticos, como Gonçalves Dias e José de Alencar, povoaram nossa literatura com 'bons selvagens', ingênuos e sensuais. Esses índios tão europeizados, já consagrados em pinturas e óperas, pareciam aos modernistas tolices de uma falsa brasilidade.” (Cordeiro, pág. 214).


André Cordeiro, Para entender a Semana de 22: 100 anos em 100 tópicos: Os dias mais agitados do modernismo no Brasil, de Abaporu a Zina Aita

O direito de não desperdiçar a vida

sábado, 21 de junho de 2025


Leitura para reflexão:

Estamos desperdiçando nossas vidas? Como? Leia no link do site Dowbor.org abaixo:

https://dowbor.org/2025/05/o-direito-a-nao-desperdicar-a-vida.html

O planejamento da construção da cidade de Brasília


 (Fonte: Poder360)

Veja filme de 1964 explicando a lógica sobre a qual se baseou o planejamento urbano da cidade de Brasília. A capital foi inaugurada em 1960. O vídeo está disponível no canal Memória Audiovisual Brasileira abaixo:

Enquanto isso, no clube dos amigos do Brasil...

sexta-feira, 20 de junho de 2025


 (Fonte: Blog Disparada)

"Americanas reduz R$ 500 milhões em débitos em acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Dívida total é de R$ 865 milhões"

Fonte: CNN Money (online) em 13/6/2025

Essa não poderia faltar

 

The Beatles

While my guitar gently weeps (1968)

https://www.youtube.com/watch?v=YFDg-pgE0Hk


Judith Cortesão (1914-2007)

quinta-feira, 19 de junho de 2025


Veja apresentação da geneticista, ecóloga, ambientalista e professora universitária portuguesa Maria Judith Zuzarte Cortesão, falando sobre o período das Grandes Navegações e sobre a ecologia brasileira. O vídeo está no canal Nuestro Sur Brasil abaixo:

Juros a 15%!

Mesmo com um novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado por Lula, juros continuam aumentando. Quando isso vai parar?


 (Fonte: CUT)

Veja o que Lula disse em 2024:

"Não tem nenhuma explicação os juros da taxa Selic estarem a 11,25 %. Não existe nenhuma explicação econômica, nenhuma explicação inflacionária, não existe nada a não ser a teimosia do presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto, então presidente da instituição) em manter essa taxa de juros"

"Porque esse cidadão, quando ele deixar o Banco Central, ele vai ter que medir o que ele fez para esse país. Porque, na verdade, o que ele está fazendo nesse instante é contribuir para o atraso do crescimento econômico desse país"

Declarações do presidente Lula em 11/03/2024 (CNN Online)

O que eles pensam

quarta-feira, 18 de junho de 2025

 

Pobre empresário brasileiro

“O bilionário Ricardo Faria, conhecido como ‘rei do ovo’, chocou o país ao culpar o Bolsa Família por sua dificuldade em contratar mão de obra disposta a ganhar salário mínimo limpando cocô de galinha em tempo integral. Dono da Global Eggs, que produz 13 bilhões de ovos por ano, Faria acredita que o brasileiro médio está mimado por coisas supérfluas como comida, abrigo e dignidade mínima.”

Publicado no jornal online O Globo Sensacionalista de 17/06/2025

História dos bairros de São Paulo

(Fonte: Cidades em Fotos)

Conheça a história de vários bairros da cidade de São Paulo. Vale a pena fazer o download do pdf dos livros! Visite a página da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa e acesse as monografias no link abaixo:

https://capital.sp.gov.br/web/cultura/w/arquivo_historico/publicacoes/8313

Concentração fundiária no Brasil

terça-feira, 17 de junho de 2025


 (Fonte: Articulação Nacional de Agroecologia)

Relatório da Oxfam: "Menos de 1% das propriedades agrícolas é dona de quase metade da área rural brasileira".

A pobreza, as migrações e a limitada produção de alimentos também são causados pela concentração de terras nas mãos de poucos. 

Veja detalhes do relatório da Oxfam no link abaixo:

Eugene Thacker

segunda-feira, 16 de junho de 2025

 

“O mundo é humano e não humano, antropocêntrico e não antropomórfico, às vezes até misantrópico. Indiscutivelmente, um dos maiores desafios que a filosofia enfrenta hoje, reside em compreender o mundo em que vivemos como um mundo humano e não humano – e em compreendê-lo politicamente. Por um lado, estamos cada vez mais e mais conscientes do mundo em que vivemos como um mundo não humano, um mundo exterior, um mundo que se manifesta nos efeitos das mudanças climáticas globais, dos desastres naturais, da crise energética e da extinção progressiva de espécies em todo o mundo. Por outro lado, todos esses efeitos estão ligados, direta e indiretamente ao nosso viver como parte deste mundo não humano. Portanto, a contradição está embutida neste desafio – não podemos deixar de pensar no mundo como um mundo humano, em virtude do fato de que somos nós, seres humanos, que o pensamos.

Embora possa haver alguma verdade nisso, o mais importante é como todas essas lentes interpretativas – mitológicas, teológicas, existenciais – têm como pressuposto mais básico uma visão do mundo como um mundo centrado no ser humano, como um mundo ‘para nós’ como seres humanos, vivendo em culturas humanas, governado por valores humanos. Embora a Grécia clássica reconheça, é claro, que o mundo não está totalmente sob controle humano, ela tende a personificar o mundo não humano em seu panteão de criaturas humanoides e seus deuses excessivamente humanos, eles próprios governados por inveja, ganância e luxúria.

O mesmo pode ser dito da estrutura cristã, que, embora também personifique o sobrenatural (anjos e demônios; um Deus paternal, ora amoroso ora abusivo), reformula a ordem do mundo dentro de uma estrutura moral-econômica de pecado, dívida e redenção em uma vida após a morte. E a estrutura existencial moderna, com seu imperativo ético de escolha, liberdade e vontade, diante dos determinismos científicos e religiosos, acaba restringindo o mundo inteiro a um vórtice solipsista e angustiado do sujeito humano individual.”

 

“Ao longo de sua vida, Schopenhauer permaneceu igualmente insatisfeito com a meticulosa construção sistemática de Kant, assim como com o romantismo naturalista de Fichte, Schelling e Hegel. Se quisermos realmente pensar sobre o mundo como ele existe em si mesmo, diz Schopenhauer, precisamos desafiar as premissas mais básicas da filosofia. Estas incluem o princípio da razão suficiente (tudo o que existe tem uma razão para existir), bem como a desgastada dicotomia entre o eu e o mundo, tão central para a ciência empírica moderna. Temos que considerar a possibilidade de que não haja razão para algo existir; ou que a divisão entre sujeito e objeto seja apenas o nosso nome para algo igualmente acidental que chamamos de conhecimento; ou, um pensamento ainda mais difícil, que, embora possa haver alguma ordem para o eu e o cosmos, para o microcosmo e o macrocosmo, é uma ordem absolutamente indiferente à nossa existência e da qual podemos ter apenas uma consciência negativa. O máximo que podemos fazer, observa Schopenhauer, é pensar essa persistência do negativo. Ele usa o termo Vorstellung (representação; ideia; concepção) para descrever essa consciência negativa, uma consciência do mundo como o concebemos (seja por meio da experiência subjetiva ou por meio da representação estética), ou do mundo como nos é apresentado (seja por meio do conhecimento prático ou da observação científica). Seja como for, o mundo continua sendo o mundo-para-nós, o mundo como Vorstellung. Existe algo fora disso?

Logicamente, deve haver, visto que todo positivo precisa de um negativo. Schopenhauer chama esse ‘quase-inexistente e estranho’ de Wille (vontade; impulso; força), um termo que designa menos a volição ou ação de uma pessoa individual e mais um princípio abstrato que permeia todas as coisas, desde as entranhas da Terra até o conjunto de constelações – mas que em si não é nada.”

 

Eugene Thacker, filósofo, escritor e professor estadunidense contemporâneo em In the Dust of this Planet (2011) -  (Na poeira deste planeta, sem tradução para o português)

E a reforma agrária?

 (MST/Facebook)

Leituras diárias

domingo, 15 de junho de 2025


 

Portanto, é preciso observar que, ao tomar um Estado, o usurpador deve examinar atentamente todos os danos que é necessário infligir e fazê-los de uma só vez, para não ter que repeti-los diariamente; e assim, não perturbando os homens, ele poderá tranquilizá-los e conquistá-los para si por meio de benefícios. Aquele que faz o contrário, por timidez ou mal conselho, é sempre compelido a manter a faca na mão; nem ele pode confiar em seus súditos, nem estes podem se apegar a ele, devido a erros contínuos e repetidos. Pois o mal deve ser feito todo ao mesmo tempos, para que, sendo menos sentido, fica menos; os benefícios devem ser dados aos poucos, para que seu sabor dure mais.

E acima de tudo, um príncipe deve viver entre seu povo de tal maneira que nenhuma circunstância inesperada, seja boa, seja má, o faça mudar; porque se tal necessidade surgir em tempos difíceis, será tarde demais para medidas duras; e as suaves não ajudarão, pois serão consideradas impostas, e ninguém se sentirá obrigado a nada com elas.” (Maquiavel, págs. 77 e 78).

 

Nicolau Maquiavel (1469-1527) diplomata, filósofo, historiador e escritor italiano em O Príncipe.

Aldous Huxley (1894-1963)

sábado, 14 de junho de 2025


Veja entrevista (legendada) do filósofo e escritor inglês Aldous Huxley, autor de vários livros que se tornaram clássicos, como Filosofia Perene, As portas da percepção, Sem olhos em Gaza, A Ilha, entre outros.

A entrevista tem como tema principal sua obra Admirável mundo novo, que trata da liberdade e de fatores que a colocam em risco nos Estados Unidos e no mundo. 

O vídeo está disponível no canal abaixo: 

https://www.youtube.com/watch?v=xiLodTTxkRk

A frase do dia

sexta-feira, 13 de junho de 2025


 

“Se observarmos os timoneiros, os médicos e os filósofos na vida, consideraremos o homem como a mais sábia das criaturas vivas. Mas quando se vê intérpretes de sonhos e adivinhos junto com aqueles que acreditam neles, ou pessoas que estão cheias de vaidade e riqueza, deve-se pensar que não há nada mais tolo do que o homem.”

 

Diógenes de Sinope, o Cínico (403-321 aec), filósofo cínico grego, citado por Diógenes Laércio (180-240 ec) historiador e biógrafo romano em Vida e Doutrina dos Filósofos Ilustres

Ler!

quinta-feira, 12 de junho de 2025


 Não perca tempo na vida! Leia!

Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)


Conheça mais sobre a vida e obra do artista no site Google Arts & Culture abaixo:

https://artsandculture.google.com/entity/m0d_r65?hl=pt

Outras leituras

quarta-feira, 11 de junho de 2025

 

“A propaganda aproveitava a brecha e atacava, nos jornais. ‘Contra a influenza espanhola o melhor remédio é o Quinado Constantino’; ‘Mentholatum — poderoso preservativo contra a espanhola’; ‘Comunicam do Rio de Janeiro que muitas pessoas se têm libertado da influenza graças ao uso do preparado Odorana’; ‘A gripe espanhola já nos visitou e agora o melhor meio de prevenir-se contra a infecção consiste em higiene rigorosa e contínuas desinfecções com Creolisol’; ‘Srs. Médicos, na convalescença da gripe, o melhor tônico é o Vanadiol. Age com rapidez no levantamento de forças’; ‘Influenza espanhola — este novo flagelo que infelizmente começa a assolar o Brasil só poderá ser combatido com as eficazes e conhecidas Pílulas Sudoríficas de Luiz Carlos’. Correu o boato de que cachaça prevenia a doença. Daí que: ‘Todos os médicos aconselham como o melhor preservativo a caninha do Ó com limão, mais conhecida com o nome de batida. A melhor e mais pura caninha do Ó é a da marca Caipira, da qual são únicos depositários Fratelli Guidi, telefone 1837 Central, a quem devem ser feitos os pedidos imediatamente, a fim de evitar de ser atacados dessa terrível influenza’. Mais exótica ainda era a ideia de que o automóvel Torpedo seria capaz de velocidade tão grande que não daria oportunidade ao vírus de atacar os passageiros. Outro pouso seguro seria ‘Poços de Caldas — a Suíça brasileira — altitude 1200 metros — A esta estância a gripe espanhola não atinge’. Se a incidência da doença era alta, a letalidade, até o fim de outubro, era baixa. O Serviço Sanitário insistia nesse ponto, para tranquilizar a população, e os jornais o secundavam. ‘Basta, como resistência à moléstia, tomar, com rigor, as poucas e fáceis precauções aconselhadas pelos médicos da cidade’, advertiu O Estado de S . Paulo.”

 

Roberto Pompeu de Toledo (1944-) jornalista e escritor brasileiro em Dias de medo e morte: a Gripe Espanhola em São Paulo

Privatização das escolas públicas

terça-feira, 10 de junho de 2025


(Fonte: APEOESP)
 

Essa não poderia faltar


The Youngbloods

Get Together (1967)


https://www.youtube.com/watch?v=DqpVnOrG2a0

Voto no mesmo

segunda-feira, 9 de junho de 2025


(Fonte: Jota Camelo Humor)

Vale a pena

domingo, 8 de junho de 2025

Vale a pena assistir a esta live neste domingo. Dois grandes analistas e pensadores da realidade brasileira:

Vladimir Safatle, filósofo, professor, músico e psicanalista;

José Kobori, economista, professor, investidor e empresário.

O link do canal Kritikê Podcast está logo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=8i3QYoyYGKU

Leituras diárias

sábado, 7 de junho de 2025


 

“Tanto na poesia de Gonçalves Dias quanto na prosa de José de Alencar, nossa grandeza nacional se deve à beleza de nossa terra. Ao produzirem essa indistinção entre natureza e história, esses dois autores neutralizaram o campo da política, neutralizaram o processo histórico, deixando difícil a percepção da violência, da exploração, do extermínio como projetos de dominação. O campo político — para a gente entender o que isso significa — se torna natural, é naturalizado. E, com isso, não podemos ser cidadãos de um país, mas habitantes de uma terra. Daí a ideia de exílio, daí a ideia de não pertencimento, porque não somos parte da construção política do país; não temos interferência como agentes do nosso processo histórico. As heranças são inúmeras, tanto na nossa tropicalidade cultural quanto numa reprodução perversa de um certo conformismo político. Se a gente prestar atenção no nosso hino nacional, que tem também uma forte herança romântica e a herança desses escritores, fica muito evidente o quanto a noção que a gente tem da grandeza do nosso país conflui com a grandeza da nossa natureza. Se tudo aquilo que a gente constrói já nos foi dado, se tudo aquilo que a gente tem no país já nos foi dado, então para que interferir? É dessa maneira que as formas conformistas vão se configurando entre nós: não porque tivemos isso como uma escolha, mas porque essa formação ideal vai se introjetando de geração em geração.”

 

Thais Toshimitsu, Pensando com a literatura: quatro clássicos brasileiros

O Medo - Banda Concreto

 Música brasileira


Concreto 

Álbum: Aquele que tem (2001)

Música: O Medo




https://www.youtube.com/watch?v=-xgqPml48vA


A banda Concreto foi fundada em Belo Horizonte no ano de 1994. A banda é formada por Marcelo Loss (voz e baixo), Túlio de Paula (voz e guitarra), Adriano Fidélis (guitarra) e Teddy Almeida (bateria). No início de 2020 a banda Concreto anunciou pelas suas redes sociais o término das atividades da banda, pondo fim a uma história iniciada em 1994 e que gerou 3 EPs, 2 DVDs, 4 álbuns, além de diversas participações em coletâneas e shows por todo o país e mundo afora.

 

(Fonte: Site Whiplash.Net - Rock e Heavy Metal e Site da banda Concreto)

Miguel Nicolelis (1961-)

sexta-feira, 6 de junho de 2025


Veja entrevista do médico e cientista brasileiro Miguel Nicolelis. Pesquisador premiado, atuou também como professor em universidades estadunidenses e é fundador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (RN). A entrevista foi para o canal Cortes de Inteligência e encontra-se no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=WaQ0iftGXeQ 

Dia Mundial do Meio Ambiente

quinta-feira, 5 de junho de 2025

"Agora, com o 'PL da Devastação', temos mais um motivo pra festejar!" 



 (Fonte: O Liberal / J Bosco)

A frase do dia


“O sol nasce para todos. A sombra, para quem é mais esperto.”

 

Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do jornalista, escritor e compositor Sérgio Marcus Rangel Porto – 1923-1968), citado pelo site Incrível.

Frases de Meio Ambiente

quarta-feira, 4 de junho de 2025


 

“É o mundo capitalista, regido pela lógica do dinheiro. E o que ocorre é que o mundo estabelecido pela lógica do lucro — que inclui de devastações ecológicas até a guerra — está totalmente alienado, separado dos desejos das pessoas, que prefeririam talvez coisas mais simples... Assim, as áreas verdes são entregues à especulação imobiliária, os índios perdem suas terras porque gado é melhor para a economia que índio, as terras vão-se transformando em desertos de cana, enquanto que rios e mares viram caldos venenosos, e os peixes bóiam, mortos...”

 

Rubem Alves (1933-2014), teólogo, psicanalista, escritor e educador brasileiro, citado no site Pensador

Só para o 1%

terça-feira, 3 de junho de 2025


 (Fonte: Diário Liberdade)

Essa não poderia faltar

segunda-feira, 2 de junho de 2025


 Rolling Stones

Gimme Shelter (1969)


https://www.youtube.com/watch?v=QeglgSWKSIY&list=RDMM&index=16

Antonio Poteiro (1920-2010)

Conheça mais sobre a vida e obra do artista no site do Instituto Antonio Poteiro abaixo:

https://www.antoniopoteiro.com.br/

Leituras diárias

domingo, 1 de junho de 2025

 

“O capital é uma formidável máquina de reificação. Desde a Grande Transformação de que fala (o sociólogo austro-húngaro) Karl Polanyi, isto é, desde que a economia capitalista de mercado se autonomizou, desde que ela, por assim dizer, se ‘desinseriu’ da sociedade, ela funciona unicamente segundo as suas próprias leis, as leis impessoais do lucro e da acumulação. Supõe, ressalta Polanyi, ‘ingenuamente a transformação da substância natural e humana da sociedade em mercadorias’, graças a um dispositivo, o mercado autorregulador, que tende, inevitavelmente, a ‘quebrar as relações humanas e a aniquilar o hábitat natural do homem’. Trata-se de um sistema impiedoso, que lança os indivíduos das camadas desfavorecidas ‘sob as rodas mortíferas do progresso, esse carro de Juguernaut’.   

Max Weber já havia admiravelmente captado a lógica ‘coisificada’ do capital na sua grande obra Economia e Sociedade: ‘A reificação (Versachlichung) da economia fundada na base da socialização do mercado segue totalmente a sua própria legalidade objetiva (sachlichen). O universo reificado (versachlichte Kosmos) do capitalismo não deixa espaço algum para uma orientação caritativa...’ Weber daí deduz que a economia capitalista é estruturalmente incompatível com critérios éticos: ‘Em contraste com qualquer outra forma de dominação econômica do capital, devido ao seu caráter impessoal, não poderia ser eticamente regulamentada. [...] A competição, o mercado, o mercado de trabalho, o mercado monetário, o mercado das mercadorias, numa palavra, considerações objetivas, nem éticas, nem antiéticas, mas simplesmente não éticas... ordenam o comportamento no ponto decisivo e introduzem instâncias impessoais entre os seres humanos referidos’. No seu estilo neutro e não engajado, Weber pôs o dedo no essencial: o capital é intrinsecamente, pela sua essência, ‘não ético’. 

Na raiz dessa incompatibilidade, encontramos o fenômeno da quantificação. Inspirado pela Rechenhaftigkeit — o espírito de cálculo racional de que fala Weber — o capital é uma formidável máquina de quantificação. Só reconhece o cálculo das perdas e dos lucros, as cifras da produção, a medida dos preços, dos custos e dos ganhos. Submete a economia, a sociedade e a vida humana à dominação do valor de troca da mercadoria, e da sua mais abstrata expressão, o dinheiro. Esses valores quantitativos, que se medem em 10, 100, 1.000 ou 1.000.000, não conhecem nem o justo, nem o injusto, nem o bem, nem o mal: dissolvem e destroem os valores qualitativos, e, em primeiro lugar, os valores éticos. Entre os dois, há a ‘antipatia’, no sentido antigo, alquímico, do termo: falta de afinidade entre duas substâncias.” (Löwy, págs. 57 e 58).

 

Michael Löwy (1938-), sociólogo e pensador marxista brasileiro em O que é ecossocialismo?