Roberto Costa Pinho (antropólogo)
domingo, 31 de agosto de 2025Veja depoimento do antropólogo brasileiro Roberto Costa Pinho, falando sobre a herança cultural brasileira, para o programa Intérpretes do Brasil:
Morre o escritor Luis Fernando Veríssimo
sábado, 30 de agosto de 2025Leituras diárias
“A história universal, escreve Hegel, é a ‘representação do processo divino’, do curso gradual ‘em que o Espírito conhece a si mesmo e a sua verdade e a realiza’. Em outros termos, uma racionalidade progressiva se manifesta na história. Os materiais com os quais trabalha e os instrumentos que usa são os povos e os indivíduos, que, para além de qualquer intenção consciente, tanto submetendo-se como resistindo a seus planos, contribuem para a realização de uma finalidade universal. É o que o filósofo define como ‘astúcia da razão’, tradução laica, secularizada e imanente do conceito cristão de Providência."
“Retomando e criticando os pontos
centrais da filosofia kantiana, Arthur Schopenhauer (1788-1860) afirma que a
coisa em si, o noumeno, não é um
conceito-limite incognoscível, mas o fundamento cego, irracional, unitário dos
fenômenos, do mundo da representação, ou seja, do universo humano, com as suas
ações, desejos, acontecimentos etc. Esse fundamento é definido como vontade,
que se objetiva em graus diferentes (Ideias) no mundo dos fenômenos, da
natureza, da história. O gênero humano é composto por uma massa de ‘bonecos’ que
age, trabalha, sofre, atormenta-se, luta, encenando assim a ‘comédia inteira da
história universal’. Não há nenhum tipo de sentido, finalidade, objetivo nesse
processo dominado por uma força (a vontade) irracional, casual, cega e
ilusória.
Para Schopenhauer, o curso histórico é apenas a incessante repetição de um destino nefasto, ou seja, do mecanismo de carência, necessidade, desejo e tédio que governam a vontade. A história universal da espécie humana, escreve em sua principal obra, O mundo como vontade e representação (1819), nada mais é do que a ‘forma casual’ assumida pela manifestação da vontade à qual fatos e ações são absolutamente irrelevantes, estranhos e indiferentes, assim como o são as figuras que se desenham no céu às nuvens e a forma dos sorvedouros e das espumas ao rio.”
“Reelaborando ideias e questões já presentes no âmbito cultural francês e alemão, Arnold Gehlen (1904-76) teoriza explicitamente as noções de fim da história e de pós-história (posthistoire), sobretudo nos ensaios A secularização do progresso (1967), Fim da história? (1974), A cristalização cultural (1961). Ao curso histórico entendido como progresso, desenvolvimento, evolução dinâmica e universal, o antropólogo e sociólogo alemão contrapõe um estado permanente de rotina no qual será impossível operar transformações, produzir novas visões de mundo e em que se assistirá à mera sobrevivência de esferas diferentes de atividades. O movimento da civilização tecnológico-industrial, apesar de oscilações, avanços e recuos, levou a um ‘estado de motilidade perpétua’ em que tudo se reproduz e se repete incessantemente: é a ‘estase da história’, é o seu fim, o seu ‘pós’. Não há mais forças simbólicas (filosofia, arte, religião) capazes de construir uma nova imagem de mundo; a civilização alcançou um estágio de cristalização cultural, de substancial paralisia. Na pós-história tudo tende a nivelar-se no plano da contemporaneidade e da simultaneidade, o progresso se torna rotina e se dissolvem as ideias de renovação e transformação.”
Rossano Pecoraro (1971-) filósofo italiano em Filosofia da História
Uma Viagem - Grupo Medusa
sexta-feira, 29 de agosto de 2025Música brasileira
Grupo Medusa
Música: Uma Viagem (1981)
Álbum: Medusa
https://www.youtube.com/watch?v=l277JObJwV4
Grupo Medusa foi
uma banda de música instrumental brasileira que atuou no início da década de
1980 e cujo repertório se baseava na fusão entre o Jazz e a música brasileira. Ganhou
notoriedade por reunir alguns dos melhores músicos do cenário instrumental
brasileiro, como Heraldo do
Monte, Olmir Stocker e Amilson Godoy.
(Fonte: Wikipedia)
O que eles pensam
quinta-feira, 28 de agosto de 2025“Por fim, é importante lembrar: nenhum país desenvolvido do mundo isenta dividendos. Todos tributam o lucro na empresa e novamente na distribuição aos acionistas. No OCDE, países que antes isentavam – como Grécia, México e Colômbia – já voltaram atrás. Hoje, além do Brasil, apenas a Estônia e Letônia mantêm essa isenção, mas esses pequenos países do Leste Europeu não devem servir de referência para nós.
Nosso país é dos mais desiguais do mundo e a concentração de renda pelo 0,1% mais rico aumentou significativamente no pós-pandemia. Além disso, estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que os super-ricos pagam, em média, apenas 6,5% de sua renda em Imposto sobre Renda da Pessoa Física (IRPF) – justamente por conta da grande parcela de rendimentos isentos.”
Gedeão Locks, doutor em Economia pela Universidade de Paris e Sérgio Gobetti, doutor em Economia pela UnB e pesquisador do Ipea em artigo Mitos e realidade sobre a tributação de dividendos, publicado em 27/08/2025 no jornal Folha de São Paulo
Essa não poderia faltar
quarta-feira, 27 de agosto de 2025Santana
Oye
Como Va (1970)
https://www.youtube.com/watch?v=J7ATTjg7tpE&list=RDJ7ATTjg7tpE&start_radio=1
Frases de Meio Ambiente
terça-feira, 26 de agosto de 2025“Um ‘Quem
é Quem’ dos pesticidas é, portanto, uma preocupação para todos nós. Se vamos
conviver tão intimamente com esses produtos químicos, comendo-os e bebendo-os,
absorvendo-os até a medula dos nossos ossos, é melhor conhecermos um pouco
sobre sua natureza e seu poder.”
Rachel
Carson
(1907-1964), bióloga marinha, escritora, cientista e ecologista estadunidense
em Primavera Silenciosa
Jaguar (29/02/1932 - 24/08/2025)
segunda-feira, 25 de agosto de 2025Jaguar, pseudônimo de Sérgio
de Magalhães Gomes Jaguaribe, (Rio de Janeiro, 29 de
fevereiro de 1932 – Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2025) foi um cartunista brasileiro.
Ganhou notoriedade por ser um dos fundadores do periódico satírico alternativo O Pasquim,
em 1969, junto com os jornalistas e cartunistas Ziraldo, Ivan Lessa, Sérgio Cabral, Henfil, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Tarso de Castro, Luís Carlos Maciel, todos já falecidos.
(Fonte: Wikipedia e edtor)
Frases de Jaguar:
“Um grupo de pessoas com um certo QI esperou o AI-5 para abrir um jornal para falar mal do governo! Foi uma ideia brilhante! Deu tanto resultado que, seis meses depois, 80% da redação estava em cana.” (Publicado no jornal O Estado de São Paulo)
“Minha maior contribuição à literatura brasileira é não escrever.” (Site Citações e frases famosas)
“A melhor coisa que existe na tevê é o botão de desligar.” (Site Citações e frases famosas)
Labels: Assim se vive no Brasil, Autores, Cultura, Humor
A frase do dia
“Se
é o nada que nos espera, façamos disso uma injustiça, lutemos contra o destino,
mesmo sem esperança de vitória.”
Miguel de Unamuno (1864-1936), ensaísta, dramaturgo, filósofo e poeta espanhol, citado por Goodreads
O que eles pensam
domingo, 24 de agosto de 2025“Já
não somos um país verde e amarelo, apenas amarelo, com a camisa da seleção
brasileira, bolsonarizada. Torcemos pelo time, mas não pela pátria.”
José de Souza Martins (1938-) sociólogo, professor aposentado da USP, membro da Academia Paulista de Letras em artigo “O brasileiro e a fabricação ideológica”, publicado no jornal Valor de 8/8/2025
Mario Navarro da Costa (1883-1931)
https://www.guiadasartes.com.br/mario-navarro-da-costa/biografia
Leituras diárias
sábado, 23 de agosto de 2025“Unicamente o presente é verdadeiro e real: ele é o tempo efetivamente realizado, e é exclusivamente nele que reside nossa existência. Por isso, deveríamos sempre considerá-lo digno de uma acolhida alegre e, assim, conscientemente desfrutá-lo como tal em todo momento suportável e livre de adversidades e dores imediatas, ou seja, não o obscurecer com expressões amuadas devido a esperanças fracassadas no passado ou inquietações quanto ao futuro. Pois é completamente insensato rechaçar um bom momento presente ou arruiná-lo intencionalmente por causa de decepções do passado ou inquietações com o porvir. É claro que se deve dedicar um certo tempo à preocupação, sim, até mesmo ao arrependimento; depois, porém, deve-se pensar o seguinte sobre o passado: Αλλα τα μεν προτετυχθαι εασομεν αχνυμενοι περ . Θυμον ενι στηθεσσι φιλον δαμασαντες αναγκῃ. [Impõe-se a nós dobrar o coração no peito. Dou fim à ira, não é algo aceitável sempre insistir na fúria] (HOMERO. Ilíada, XIX, 65, 66). E sobre o futuro: Ητοι ταυτα θεων εν γουνασι κειται. [Mas tudo jaz nos joelhos de imortais] (HOMERO . Ilíada , XVII , 514 ) . No entanto, sobre o presente: singulas dies singulas vitas puta [pensa que cada dia é, por si só, uma vida] (Sêneca) e torna esse tempo real e único o mais agradável possível.
Os únicos males futuros que podem justificadamente nos inquietar são aqueles que são certos e cujo momento de ocorrência também é certo. No entanto, esses são muito poucos; pois os males são ou simplesmente possíveis, no máximo prováveis, ou são certos; mas seu momento de ocorrência é completamente incerto. Se nos deixarmos envolver por esses dois tipos, não teremos mais nenhum instante de sossego. Portanto, para não perdermos a tranquilidade de nossa vida devido a males incertos e indeterminados, precisamos nos acostumar a considerar os primeiros como se nunca fossem ocorrer, e os segundos como se certamente não fossem ocorrer em breve. Ora, quanto menos alguém é incomodado pelo temor, tanto mais é inquietado pelos desejos, cobiças e pretensões. O significado verdadeiro da canção tão popular de Goethe, ich hab’ mein’ Sach’ auf nichts gestellt [em nada depositei minhas esperanças] é que, só depois de se afastar das pretensões e retornar para a existência nua e crua, o ser humano toma parte da tranquilidade que constitui o fundamento da felicidade humana.
Essa tranquilidade é necessária para
considerar assimilável o presente e, desse modo, a vida inteira. Justamente com
esse propósito, deveríamos sempre ter em mente que o dia de hoje vem só uma vez
e nunca mais. Porém, supomos que retornará amanhã: mas amanhã é um novo dia que
também só virá uma vez. Nós, contudo, esquecemos que cada dia é uma parte
integrante e, por isso, insubstituível da vida, e o consideramos, antes, como
contido nela, assim como os indivíduos estão contidos no conceito de conjunto.
Também apreciaríamos e desfrutaríamos melhor o presente se, nos dias de bem-estar
e saúde, sempre estivéssemos conscientes de como, nas enfermidades e aflições, a
lembrança nos apresenta cada hora sem dor e sem privação como infinitamente
digna de inveja, como um paraíso perdido, como um amigo negligenciado. No
entanto, vivemos nossos belos dias sem percebê-los: só quando chegam os dias
ruins é que desejamos aqueles de volta. Deixamos passar milhares de horas
alegres e agradáveis, sem desfrutá-las e com rosto amuado, para depois, nos
tempos sombrios, suspirarmos por elas em vão. Em vez disso, deveríamos
reverenciar todo momento presente suportável, inclusive o mais corriqueiro, que,
indiferentes, deixamos passar e que até mesmo, impacientes, apressamos.
Deveríamos sempre ter em mente que, precisamente agora, esses momentos se
precipitam naquela apoteose do passado, na qual, a partir de então, envoltos
pelos raios de luz da perenidade, são conservados pela memória, para,
especialmente nos momentos ruins, quando essa um dia abre a cortina,
apresentarem-se como um objeto de nosso anseio mais íntimo.”
Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão em Sobre Como Lidar Consigo Mesmo
Música de vanguarda
sexta-feira, 22 de agosto de 2025Karlheinz
Stockhausen (1928-2007) foi um compositor alemão de música contemporânea. Foi colega de Pierre Boulez,
Edgar Varése e Iannis
Xenakis. Críticos do seu trabalho apontam-no como "um dos
grandes visionários do século XX no contexto da música pós-moderna". É
conhecido, entre outras coisas, por um trabalho notório durante a génese da
música electroacústica, para introduzir procedimentos estocásticos, ao nível do
indeterminismo musical, após o seu cruzamento com o compositor da cena musical
do fluxus, surrealismo,
e dadaísmo norte-americano Cage, mas sobretudo pelo seu envolvimento em composição
serial e espacialização sonora. Considerado um dos maiores compositores do
final do século XX, foi o responsável por trabalhos
artísticos de grandiosidade indiscutível.
Stockhausen
e sua música foram controversos e influentes. As obras Studier I e II (especialmente a segunda) tiveram uma grande influência no
desenvolvimento da música eletrônica nas décadas de 1950 e 1960,
particularmente nos trabalhos de Franco
Evangelisti, Andrzej Dobrowolski
e Włodzimierz Kotoński (Skowron 1981,
39). A influência de Kontra-Punkte, Zeitmasse e Gruppen pode ser observada no
trabalho de diversos compositores, incluindo obras de Igor Stravinsky como Threni (1957-1958) e Movements para piano e orquestra (1958-1959).
Músicos de jazz como Miles Davis (Bergstein
1992), Cecil Taylor, Charles
Mingus, Herbie
Hancock, Yusef Lateef (Feather
1964) e Anthony
Braxton (Radano 1993, 110) citaram Stockhausen como uma influência, assim como artistas do rock como Frank Zappa,
que reconhecem o compositor em seu álbum de estreia com o Mothers of Invention, Freak Out! (1966). Os Beatles incluíram
uma imagem do compositor na capa de seu álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band,
de 1967.
O maestro brasileiro Rogério
Duprat foi seu aluno e pioneiro da música eletrônica
no Brasil. Richard Wright e Roger Waters do Pink Floyd também
consideram Stockhausen como uma
influência (Macon 1997, 141). Os fundadores da banda Kraftwerk estudaram
com Stockhausen (Flur 2003, 228).
Mesmo artistas mais atuais como a cantora Björk, Thom Yorke e Trent Reznor também
citam o compositor. Stockhausen escreveu
370 obras.
(Fonte
do texto: Wikipedia)
Discurso de Buda
“Quando isto existe, aquilo surge. Com o surgimento (uppada) disto, aquilo surge. Quando isto não existe, aquilo não surge. Com a cessação (nirodha) disto, aquilo cessa.”
Samyutta Nikaya,12.61 (Coleção de Discursos Agrupados de Buda - Escritura budista)
Financeirização e neoliberalismo
quinta-feira, 21 de agosto de 2025Labels: Artigo técnico, Economia, Gestão Pública, Política
Frases de meio ambiente (algumas)
quarta-feira, 20 de agosto de 2025“A produção de
plástico dobrou nos últimos 20 anos, assim como a geração de lixo deste tipo.
Apenas 9% do plástico descartado é reciclado globalmente.”
Artigo Fracasso no tratado de combate à poluição por plástico da ONU aponta incertezas para COP 30, publicado no jornal Folha de São Paulo em 16/08/2025
Nota:
No Brasil,
segundo a Universidade de São Paulo (USP), apenas 1,3% do plástico passa pelo
processo de reciclagem – há 20 anos eram 3%.
Há pelo menos 30 anos, fala-se
constantemente em todo o planeta na necessidade premente da reciclagem,
especialmente de plásticos, através de campanhas, movimentos e publicações.
Apesar disso, o volume de plástico
reciclado cresce muito vagarosamente ou até diminui, como no caso do Brasil.
Perguntas:
Existe um interesse efetivo em promover a
reciclagem das embalagens plásticas?
A reciclagem do plástico – sua obrigatoriedade –
interessa às indústrias petrolíferas, às de embalagens plásticas e às empresas
que se utilizam desse tipo de embalagem?
Em suma, quis são os motivos pelos quais a reciclagem não avança?
Labels: Economia, Frases de Meio Ambiente, Gestão Ambiental, Gestão de recursos, Gestão Pública, Meio Ambiente, Política
Outras leituras
terça-feira, 19 de agosto de 2025“Antes de 2015, o debate econômico brasileiro destacava o mercado de trabalho superaquecido e o crescimento dos salários acima da produtividade. Alguns economistas defendiam a necessidade de gerar desemprego na economia como variável de ajuste. Um deles dizia, sem meias palavras: ‘a saída é frear a economia . É demitir mesmo’. Havia a ideia de que o desemprego seria bom para ‘equilibrar’ a economia e que a redução da inflação de preços e salários era necessária para o aumento do investimento e do crescimento.
Isso é ilustrado na atrapalhada chamada da reportagem da GloboNews que virou alvo de memes e piadas: ‘Recessão e desemprego derrubam inflação e devolvem poder de compra aos brasileiros’. Na campanha das eleições presidenciais de 2014, Armínio Fraga, principal economista de Aécio Neves, afirmou que os salários tinham crescido demais e que deveriam guardar relação com a produtividade. Esse discurso apontava que o aumento dos salários acima da produtividade teria reduzido as taxas de lucro e desestimulado o investimento, o que teria contribuído para a crise. Haveria, portanto, um dilema de curto prazo entre crescimento e as políticas distributivas. De forma sutil, mas direta, coloca-se em primeiro plano o crescimento e, em segundo, a distribuição de renda, e pressupõe-se que o primeiro plano conduzirá a uma melhoria espontânea do segundo.
Visto de outra maneira, reedita-se a velha ladainha do bolo: é preciso primeiro fazer crescer para depois dividir. Esse discurso apresenta dois problemas centrais: primeiro, a produtividade é um indicador muito importante, mas é uma variável de resultado, um termômetro ou sintoma do que acontece na economia (e, por isso, depende da expansão dos investimentos, capacidade ociosa, mudanças tecnológicas, estrutura produtiva, etc.), e não uma causa. O segundo problema é que, nessa leitura, os salários são vistos exclusivamente pelo lado da oferta, como custos de produção, e não como variável de demanda, com capacidade de criar mercados, induzir investimentos e ampliar a oferta. Ao combinar essas duas críticas, tem-se que os aumentos reais de salários podem gerar aumentos da produtividade. Ou seja, diante da expansão do mercado interno provocada pelo aumento do poder de compra dos assalariados, as firmas aproveitam economias de escala e se tornam mais produtivas, o que resulta em crescimento com distribuição de renda.”
“O ajuste de 2015 não satisfez por
completo os interesses econômicos do neoliberalismo brasileiro. Não bastou
reduzir gastos sociais; eram necessárias reformas para rever a obrigatoriedade
desses gastos e modificar seus pisos constitucionais. Não foi suficiente frear
a economia e gerar desemprego; era necessária uma reforma trabalhista para
enfraquecer sindicatos e reduzir o poder de barganha dos trabalhadores. Não
bastou recuar no uso das estatais e dos bancos públicos como instrumentos de
desenvolvimento; era necessário avançar nas privatizações. Em suma, havia uma
agenda econômica que Dilma e o PT não estavam dispostos a adotar – e o sentido
econômico do golpe de 2016 era justamente implementá-la.”
Pedro Rossi, professor livre-docente do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), em Brasil em disputa: Uma nova história econômica do Brasil
Concentração de renda cresce no Brasil
Labels: Assim se vive no Brasil, Economia, Gestão Pública, Política
Parasitas
segunda-feira, 18 de agosto de 2025Leituras diárias
“A
razão crítica, materialista, cética e erudita que caracteriza o movimento
intelectual dos pensadores libertinos franceses do século XVII, em suma, se
realiza como um esforço tenaz para deixar para trás, para até mesmo denunciar,
a esfera do sagrado, excluindo-o do campo da filosofia, da história, da ação e
dos modos de vida dos homens. Portanto, o reconhecimento da naturalidade da
razão, a crítica e a denúncia da credulidade, da superstição e do fanatismo,
determinarão alguns dos temas recorrentes deste movimento: a análise
racionalista, em termos de causalidade natural, profecias e milagres; a
consideração "científica" de possessões e bruxaria; a crítica radical
do antropocentrismo e do antropomorfismo que determinam a ética e a moral
cristãs — uma crítica que desencadeará um debate virulento, principalmente
sobre a imortalidade da alma e a inteligência dos animais. A ruptura radical
libertina com a concepção teológica e teleológica do cristianismo pode levar a
um certo deísmo, mas também a um ateísmo materialista, ou a um ceticismo
radical capaz de confrontar qualquer edifício dogmático que lhe seja proposto.”
Pedro Lomba, filósofo espanhol contemporâneo em Antología de textos libertinos franceses del siglo XVII
Essa não poderia faltar
domingo, 17 de agosto de 2025Porcupine
Tree
Prodigal (2002)
https://www.youtube.com/watch?v=PMQyuw04twQ&list=PLiN-7mukU_RGHlQjP6zKAWPadGKgcqJ96&index=7
Quinta coluna
sábado, 16 de agosto de 2025Dia do Filósofo
“A lei e a ordem são sempre e em toda
parte a lei e a ordem que protegem a hierarquia estabelecida.”
Herbert Marcuse (1898-1979) filósofo marxista alemão-estadunidense
O vôo da mosca - Quatro a Zero
sexta-feira, 15 de agosto de 2025Música brasileira
Quatro a Zero
Álbum: Choro Elétrico (2008)
Música: O vôo da mosca
https://www.youtube.com/watch?v=YZBE-p3w7tY
O Quatro Zero, formado por Daniel Muller
(piano), Danilo Penteado (baixo),Eduardo Lobo (guitarra) e Lucas Casacio
(bateria), faz uma música singular. Se notabilizou por trazer, ao choro,
uma perspectiva renovada, conciliando a ousadia na expansão de suas fronteiras
a um conhecimento profundo de suas particularidades.
Amadurecido
após uma trajetória de 15 anos, o quarteto se permite, no presente,
reorientar-se: o domínio da linguagem do choro não é mais o norte a ser
alcançado; é, agora, o centro de onde parte uma nova busca em direção a uma
identidade brasileira, criativa e contemporânea, fortemente baseada na
improvisação, leve mas explosiva, complexa mas expressiva. Nesse caminho, ganha
destaque o trabalho autoral, ao lado da exploração de novas possibilidades de
repertório. o grupo lançou até aqui 4 cds (o mais recente, em 2016, como
solista junto à orquestra sinfônica municipal de Campinas) e apresentou-se em
todo o país e também no exterior.
(Fonte:
Grupo Quatro a Zero e Youtube)
E a privatização da Sabesp?
quinta-feira, 14 de agosto de 2025Labels: Assim se vive no Brasil, Economia, Gestão de recursos, Gestão Pública, Política
A frase do dia
“Somos biorrobôs que copiam genes, vivendo aqui em um planeta solitário, em um universo físico frio e vazio.”
Thomas Ligotti (1953-) escritor e pensador estadunidense em A Conspiração Contra a Raça Humana (2010)
Mestre Chen
quarta-feira, 13 de agosto de 2025O ensinamento de mestre Chen
Mestre
Lei Chen estava reunido com alguns de seus discípulos debaixo de um grande
pinheiro, em frente ao palácio do governo. Entre os novatos circulava a notícia
de que os guardas do governador, o conde Zhao, haviam capturado um bandido, que há
anos assaltava viajantes nas estradas da região, nos arredores da aldeia de Tien.
-
Mestre, pergunta um jovem aluno, o roubo é algo tão ruim assim?
-
Sim e não, disse mestre Chen. Os camponeses pobres colhem clandestinamente frutas
nas terras dos nobres, porque quase nada têm para comer. Vocês acham isso um
mal tão grande assim? O que lhes parece pior, o camponês que foge com um cesto
de pêssegos ou o nobre que confisca grande parte do arroz colhido no outono, pelos
aldeões da aldeia de Tien? Quem está tirando mais do outro?
-
Mas como saber onde está o limite entre o pequeno e o grande furto? - pergunta
outro discípulo mais velho.
-
Estes são tempos estranhos, meu caro Gang Li, diz o mestre. Kung Fu Tsu (Confúcio),
nosso grande professor, também viveu em época conturbada como a nossa. Hoje,
como naquela época, os poderosos tiram do pobre, espoliam o Estado e poucas
vezes são punidos - quando o são. O castigo, se acontece, é brando, porque quase
todos os nobres e senhores de terras agem da mesma maneira, praticando os
mesmos atos vis. Nenhum deles ousa acusar o outro. ‘Comeram todos da mesma
panela’, como diz o ditado do povo da região de Guangxi.
- E
o salteador das estradas de Tien, o que acontecerá com ele mestre? – pergunta
outro ouvinte.
- Como
eu disse, prezado Yong Wu, vivemos tempos inquietos. A justiça não impera mais,
como ocorria nos antigos Tempos de Ouro, antes de mestre Kung. Os poderosos não
são punidos e o povo é penalizado com o máximo rigor. O bandido capturado, mesmo sendo
um ladrãozinho de estradas, sem ter praticado crimes graves, certamente será
torturado pelos guardas e depois decapitado nos fundos do palácio do conde Zhao.
-
Será sempre assim mestre, isso nunca mudará?
-
Talvez sim, quando um dia o povo reunido em multidões, descobrir que tem muito
mais força do que algumas dúzias de nobres opressores que vivem à custa do povo, disse mestre Cheng.
Fim
(Qualquer
semelhança com a atualidade é mera coincidência)
Ricardo E. Rose