Leituras diárias

segunda-feira, 3 de novembro de 2025


 

(Na antiga Grécia) “O trabalho acha-se, pois, estreitamente limitado ao domínio das profissões artesanais. Esse tipo de atividade define-se, de início, pelo caráter de estrita especialização, pela sua divisão. Cada categoria de artesãos é feita por uma única obra. Mas, como Marx notou, a divisão do trabalho, na Antiguidade, é vista exclusivamente em razão do valor de uso do produto fabricado: ela visa tornar cada produto tão perfeito quanto possível, fazendo o artesão tanto melhor uma coisa enquanto só se dedica a isso. Não aparece a ideia de um processo produtivo de conjunto cuja divisão permita obter do trabalho humano em geral uma massa maior de produtos. Pelo contrário, cada profissão constitui um sistema fechado, no interior do qual tudo é submisso solidariamente à perfeição do produto que se deve fabricar: os instrumentos, as operações técnicas e, até na íntima natureza do artesão, certas qualidades específicas que só a ele pertencem. A profissão apresenta-se, pois, como um fator de diferenciação e de separação entre os cidadãos. Se eles se sentem unidos em uma cidade, não é em função de seu trabalho profissional, mas apesar dele e fora dele.” (Vernant, págs. 351 e 352).

 

Jean-Pierre Vernant (1914-2007), historiador e antropólogo francês, especializado em temas da Grécia antiga em Mito e Pensamento entre os Gregos

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