(Na
antiga Grécia) “O trabalho acha-se, pois, estreitamente limitado ao domínio das
profissões artesanais. Esse tipo de atividade define-se, de início, pelo
caráter de estrita especialização, pela sua divisão. Cada categoria de artesãos
é feita por uma única obra. Mas, como Marx notou, a divisão do trabalho, na
Antiguidade, é vista exclusivamente em razão do valor de uso do produto
fabricado: ela visa tornar cada produto tão perfeito quanto possível, fazendo o
artesão tanto melhor uma coisa enquanto só se dedica a isso. Não aparece a
ideia de um processo produtivo de conjunto cuja divisão permita obter do trabalho
humano em geral uma massa maior de produtos. Pelo contrário, cada profissão
constitui um sistema fechado, no interior do qual tudo é submisso
solidariamente à perfeição do produto que se deve fabricar: os instrumentos, as
operações técnicas e, até na íntima natureza do artesão, certas qualidades
específicas que só a ele pertencem. A profissão apresenta-se, pois, como um
fator de diferenciação e de separação entre os cidadãos. Se eles se sentem
unidos em uma cidade, não é em função de seu trabalho profissional, mas apesar
dele e fora dele.” (Vernant, págs. 351 e 352).
Jean-Pierre Vernant (1914-2007), historiador e antropólogo francês, especializado em temas da Grécia antiga em Mito e Pensamento entre os Gregos


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