Outras leituras

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 

"Os seis milhões de votos esfriaram Pécuchet a respeito do povo e puseram-se, ele e Bouvard, a estudar a questão do sufrágio universal. Extensivo a todo mundo, não podia ser inteligente. Um ambicioso sempre dirigirá, os outros obedecerão como um rebanho, pois os eleitores não eram sequer obrigados a saber ler, razão por que, segundo Pécuchet, houvera tantas fraudes na eleição presidencial.

- Não houve nenhuma – replicou Bouvard –, atribuo o resultado mais à estupidez do povo. Pensa em todos os que compram a Revalescière, a pomada Dupuytren, a água das castelãs, etc. Esses idiotas formam a massa eleitoral, e nós estamos sujeitos à sua vontade. Por que não se pode obter, com a criação de coelhos, três mil libras de renda? É que uma aglomeração excessiva torna-se causa de morte. Do mesmo modo, pelo simples fato de existir a multidão, os germes da estupidez que ela contém se desenvolvem e os seus efeitos são incalculáveis.” (Flaubert, pág. 148).

 

Gustave Flaubert (1821-1880) escritor francês em Bouvard e Pécuchet (1872)

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