"Cem vezes o sol tinha já brotado, radiante ou tristonho, daquela imensa tina do mar, cujas bordas só se enxergavam a custo; cem vezes ele tornara a imergir, cintilante ou lúgubre, no seu imenso banho de tarde." Charles Baudelaire - O esplim de Paris: pequenos poemas em prosa
A economia brasileira está
inserida no vasto panorama econômico global através de ampla rede de conexões;
financeiras, jurídicas, logísticas e políticas. Por outro lado, um dos aspectos
que influenciarão cada vez mais a economia mundial e a brasileira são os temas ambientais.
Em um debate, especialistas
de diversas áreas tentaram estabelecer quais seriam os mais importantes tópicos
de meio ambiente com os quais as empresas brasileiras se defrontarão a curto e
médio prazo. Para estabelecer uma lista de prioridades ambientais, que
necessariamente terão que ser incluídas nas agendas de planejamento estratégico
das empresas, o grupo utilizou critérios, como: legislação local já existente;
aumento dos custos de produção; pressão da sociedade civil; competitividade
internacional; e impedimentos ou barreiras no comércio exterior. Adiante
tentarei resumir os principais pontos do debate, discorrendo sobre seus
aspectos mais importantes.
O Brasil possui uma boa
legislação ambiental que, todavia, não é sempre aplicada. Se, por um lado,
falta mais conscientização a parte da sociedade civil, por outro escasseiam
recursos para a efetiva aplicação da lei. Empresários e cidadãos infringindo
leis ambientais e órgãos de controle com insuficientes funcionários, sem
capacitação e infraestrutura para fazer cumprir os regulamentos. No entanto,
mesmo assim, o país avança. O exemplo mais recente é a Lei Nacional de Resíduos
Sólidos, aprovada em 2010. A legislação exige que empresas, consumidores e
prefeituras instituam programas de coleta seletiva, reciclagem e destinação
correta dos resíduos; o que implicará em custos de infraestrutura e
capacitação. É certo que no médio prazo, todas as cadeias produtivas e de
consumo terão que se adaptar à legislação.
O grau de conscientização
ambiental da sociedade civil aumenta gradualmente: valorização do transporte
público (o principal motivo das manifestações de junho), incentivo ao uso da
bicicleta, proteção dos animais, uso de energias renováveis; são novos temas
que se somam aos já existentes, e que ganham importância nas discussões
ambientais.
No mercado internacional,
empresas e países poderão estabelecer padrões de atuação para seus fornecedores,
utilizando parâmetros como: uso de água, emissões de gases de efeito estufa, área
desmatada, percentual de material reciclado, etc. Assim, produtores também
serão avaliados pelo impacto ambiental de suas atividades produtivas e isto
poderá ser fator decisivo para poderem vender para uma empresa ou exportar para
determinado país.
Resumidamente é possível
inferir, que a médio e longo prazos haverá cada vez mais exigências ambientais
para aquelas empresas que queiram participem das cadeias de produção e distribuição mais lucrativas. Além dos
fatores de economia clássica, aspectos ambientais legais, técnicos, sociais e de
política internacional terão peso cada vez maior.
(Imagens: fotografias de Emmanuil Evzerikhin)
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