Em 2011 um terremoto seguido de um tsunami,
provocou o rompimento em três reatores nucleares na cidade japonesa de
Fukushima, causando o vazamento de milhares de litros de água contaminada com
materiais radioativos no oceano Pacífico. Quase completamente recuperada da
destruição ocasionada pelo terremoto e pelo maremoto, Fukushima ainda luta com
as consequências da poluição radioativa. O evento outra vez deixou claro, o
quanto a energia nuclear pode prejudicar o meio ambiente e os organismos vivos,
se foge ao controle através de um acidente. A explosão do reator nuclear de
Chernobyl em 1986, na Ucrânia (então parte da União Soviética), fez com que a
região fosse completamente abandonada e provocou mortes e doenças em centenas
de pessoas que habitavam a região. Assim, fica cada vez mais difícil conseguir
apoio político e financeiro para construção de novos reatores nucleares pelo
mundo. Mesmo as declarações do cientista e ambientalista James Lovelock, em
apoio à energia nuclear, não despertam mais o entusiasmo de governos e
instituições.
Esta incerteza, cada vez maior, com relação
ao uso da energia nuclear para geração de eletricidade também se encontra no
Brasil. Em recente declaração, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), Maurício Tolmasquim, disse que o Brasil provavelmente recuará de seus
planos de construção de quatro novas usinas nucleares até 2030, aumentando os
investimentos em energia eólica. "Depois do Japão, as coisas foram
colocadas em espera. Não abandonamos (os planos), mas eles também não foram
retomados. (A energia nuclear) não é uma prioridade para nós neste momento",
disse Tolmasquim. Atualmente o Brasil tem duas usinas nucleares em
funcionamento, Angra 1 e Angra 2, gerando aproximadamente 2 mil megawatts de
potência. A usina Angra 3, cuja previsão de término é em 2015, deverá gerar
mais 1.080 megawatts de eletricidade. Comparativamente, a potência instalada de
Itaipu é de 14 mil megawatts, abastecendo cerca de 17% da energia elétrica
consumida no Brasil. A energia elétrica de origem nuclear abastece cerca de 1%
da demanda nacional, aproximadamente o mesmo volume de energia produzido pelos
parques eólicos.
Extensão territorial, disponibilidade de ventos, sol e biomassa, são fatores que fazem do Brasil um dos países com o maior potencial de uso de energias renováveis. O custo de geração da energia eólica tem caído durante os últimos anos, com os desenvolvimentos tecnológicos nos equipamentos e na medição dos ventos. O mesmo também já está acontecendo nos equipamentos para geração de energia solar fotovoltaica e de biomassa. A geração descentralizada de energia - através de parques eólicos, fotovoltaicos ou unidades de cogeração a partir de biomassa ou biogás - não será uma solução para o abastecimento energético do país. No entanto, estas instalações financiadas pelo setor privado poderão melhorar a oferta de energia, atendendo horários de pico ou demandas de energia para atividades específicas.
O custo e a demora na construção de geradores
nucleares são impedimentos para sua instalação. A preocupação com a saúde e o
bem estar aumentam e, com isso, cada vez mais se considera os riscos de uma
instalação nuclear. A Alemanha já desistiu deste tipo de tecnologia e pretende substituir
a energia nuclear pela renovável. O Brasil pode seguir o mesmo caminho.
(Imagens: fotografias de Robert Doisneau)
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