"Quando pensamos no imenso caminho percorrido pela evolução desde talvez três bilhões de anos, na prodigiosa riqueza das estruturas que ela criou, na miraculosa eficiência das performances dos seres vivos, da bactéria ao homem, podemo-nos surpreender a duvidar de que tudo isso seja o produto de uma enorme teoria, tirando ao acaso números entre os quais uma seleção cega designou raros ganhadores." - Jacques Monod - O acaso e a necessidade
Há um fato que deverá afetar cada vez mais
todas as atividades humanas: o fenômeno das mudanças climáticas. Estas
alterações no clima, das quais já se fala desde o final dos anos 1980 e mais
enfaticamente desde meados da década passada, terão influência principalmente
sobre a economia. Apesar de não se saber ainda exatamente o quanto as emissões
de gases provocadas por nossas atividades influenciam a temperatura da Terra e
com isso o clima, já existe uma certeza muito grande de que nossa civilização
tem sua parcela de culpa. O mais recente relatório preparado pelo Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, divulgado em final de
setembro, traz informações mais exatas e aprofundadas sobre como a humanidade
está alterando o clima e com isso interferindo com os ecossistemas terrestres.
O blog da revista americana Scientific
American apresenta um artigo que aborda alguns aspectos do novo relatório do
IPCC. O texto, assinado pelo editor da revista, Mark Fischetti, diz resumidamente
em sua introdução que ocorrerá um aumento global das temperaturas do planeta e uma
elevação do nível dos oceanos. Estes são apenas os dois aspectos principais do
que ocorrerá; apresentando mais detalhes, o autor chama a atenção para as
demais consequências do fenômeno.
Temperatura. Caso ocorram esforços para
reduzir drasticamente as emissões de CO² (dióxido de carbono, um dos principais
gases causadores das mudanças climáticas) o aumento da temperatura da atmosfera
terrestre poderá ser menor que 2º Celsius até 2100, comparados com medições
realizadas entre 1986 e 2005. Caso os países continuem emitindo gases no ritmo
atual, a temperatura média neste período poderá se elevar em até mais 4,8º C. A
variação pode não parecer drástica, mas cientistas afirmam que já uma elevação
média de mais 3º C poderá ter consequências catastróficas na agricultura, na
disponibilidade de água e, no caso do Brasil, na geração de eletricidade.
Nível do mar. Neste cenário descrito acima,
o nível do mar poderá aumentar entre 26 cm e 98 cm . Mesmo uma elevação intermediária de 50 cm já colocará em risco
muitas ilhas e provocará danos consideráveis - além de deslocamento de
populações para áreas mais altas - em dezenas de cidades em todo o mundo.
Furacões. Deverá aumentar a intensidade dos
ciclones que anualmente assolam a região do Caribe, a América Central e região Sul
dos Estados Unidos, além de fenômenos semelhantes em outras regiões do globo.
Poderão se tornar mais constantes os ciclones no Atlântico Sul, afetando
principalmente o litoral dos estados da região Sul, segundo cientistas.
As consequências destes acontecimentos
ainda são incalculáveis já que imprevisíveis, apesar de prováveis. Os governos,
as grandes empresas e outras instituições de importância já conhecem o problema
e sabem que certos acontecimentos são inevitáveis. O que a humanidade pode
fazer para diminuir o impacto dos fenômenos climáticos é prepara-se com obras
de infraestrutura, além de desenvolver e aplicar tecnologias que provoquem menos
emissões de gases poluentes. No caso do Brasil o país deveria reduzir mais
ainda o desflorestamento da Amazônia e do Cerrado, diminuir as emissões
provocadas pelo setor agropecuário, investir na matriz energética renovável e reduzir
a poluição nas grandes cidades.
(Imagens: fotografias de Roman Vishniac)
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