(publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br)
Estamos na quarta-feira de
Cinzas e muitos, seguindo a velha tradição brasileira, dizem que a partir de
agora o ano de 2017 vai começar. Aquele mesmo ano que em final de 2016 muitos
queriam pular.
Na macroeconomia aos poucos
o país começa a tomar uma direção. No primeiro mês do ano a inflação já caiu
para índices abaixo da meta, os juros também começam a diminuir e algumas
reformas planejadas pelo governo começam a avançar. Mesmo assim, o ritmo ainda
é muito lento, nada que possa trazer alento para os mais de 12 milhões de
desempregados (oficiais) do país. Apesar das declarações do ministro da Fazenda
Henrique Meirelles, de que ao final de 2017 a economia estaria crescendo a 2%,
o Brasil ainda tem muitos obstáculos pela frente.
Na política avançam as
investigações da Lava Jato e a publicação dos nomes dos políticos citados nos
depoimentos da investigação é esperada com grande expectativa. O Supremo
Tribunal Federal ainda continua ocupando um espaço excessivo na política nacional,
o que tem desagradado o Legislativo e diversos segmentos da sociedade civil.
No setor do meio ambiente
começamos o ano com notícias desalentadoras. Pressionado por parlamentares da
região amazônica que defendem interesses do agronegócio, Temer deve apresentar
proposta ao Congresso que reduzirá as áreas das Unidades de Conservação (UCs)
já demarcadas na região. Segundo cálculos haverá uma redução de 2,7 para 1,7
milhão de hectares da área sob proteção, uma redução de cerca de 65%. Ao mesmo
tempo, o governo noticia através do Ministério do Meio Ambiente que pretende
aumentar o número de UCs federais no país, que atualmente totalizam 327
unidades.
A novela do acidente com a
barragem em Mariana continua sem desfecho aceitável. A empresa Samarco havia sido
condenada a depositar R$ 1,2 bilhão na Justiça, como parte do pagamento pelos
danos causados pelo rompimento de sua barragem em 2015. Agora, em janeiro, a
justiça federal suspendeu o pagamento por tempo indeterminado. Depois de deixar
de pagar por três vezes valores devidos determinados pela Justiça, a empresa é
premiada com a prorrogação da multa por prazo indeterminado. As idas e voltas
do processo, sem apresentar qualquer decisão definitiva, faz com que também
neste caso a Justiça acabe perdendo a credibilidade frente à população local e
a opinião pública em geral. Mais uma vez está se dando mostra de que no Brasil
qualquer crime acaba compensando.
A novidade no setor de
saneamento é que há poucos dias o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) publicou seis editais de licitação para contratação de serviços técnicos especializados para a estruturação de projetos de participação privada em projetos de saneamento nos estados do Amapá, Alagoas, Maranhão, Pará, Pernambuco e Sergipe. Segundo o banco, 18 estados manifestaram
interesse em estruturarem licitações públicas para projetos de saneamento em
seus municípios. Sem recursos para investimento, estados e governo federal - ou
até prefeituras - precisam encontrar soluções para definitivamente oferecerem
serviços de tratamento de água e de esgoto mais eficientes à população.
Quanto à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) os preparativos, tanto no setor privado quanto no público avançam a passos lentos. Continuam as realizações de seminários, palestras e workshops, que apontam pequenas avanços aqui e ali. O grosso das prefeituras, no entanto, continua deitado em berço esplêndido, não se preocupando com o assunto. Ignoramus.
Quanto à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) os preparativos, tanto no setor privado quanto no público avançam a passos lentos. Continuam as realizações de seminários, palestras e workshops, que apontam pequenas avanços aqui e ali. O grosso das prefeituras, no entanto, continua deitado em berço esplêndido, não se preocupando com o assunto. Ignoramus.
(Imagem: pintura de Henry Rousseau)
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