O tema das mudanças climáticas ganhou manchetes nos jornais e telejornais, artigos em revistas e é assunto de seminários e fóruns internacionais. No entanto, todas as pessoas com mais de quarenta anos não devem ter ouvido falar sobre o tema em sua juventude. As referências as alterações do clima da Terra e de suas influências sobre o ambiente, a economia e a sociedades, são assunto recente, mesmo para a Ciência. Os estudos do clima da Terra iniciaram-se na década de 1950, quando foram desenvolvidas novas tecnologias para exploração dos mares, do espaço e do mundo subatômico. Mais recentemente, ao longo dos últimos trinta anos, foi possível estudar a fundo o clima da Terra ao longo dos períodos pré-históricos e históricos, e examinar o efeito destas mudanças na evolução das espécies e das sociedades humanas.
Os climatologistas descobriram que a temperatura dos oceanos e a força e direção das correntes marinhas são dois dos principais fatores causadores das mudanças do clima da Terra, haja vista que a água é um bom transmissor de calor e cobre mais de 70% da superfície do planeta. El Niño e la Niña são fenômenos climáticos estudados a partir dos anos 1970 tendo exercido profunda influência sobre o desenvolvimento das culturas pré-incaicas (século II ao XV ) da costa do Pacífico, no Peru. Outro aspecto fundamental nas mudanças climáticas a longo prazo é a deriva das placas tectônicas, ou seja, o deslocamento das massas continentais, causando erupções vulcânicas, terremotos e maremotos, como o tsunami que ocorreu na Ásia em dezembro de 2004. As forças geológicas envolvidas neste constante processo fazem surgir e desaparecer continentes e mares; ambientes e espécies.
Interagindo com estas mudanças geoclimáticas vivem as espécies; da bactéria às coníferas (espécie de planta) e ao homem. Todos sujeitos a um infindável processo de adaptação, atuando uns sobre os outros, sobrevivendo, mudando e desaparecendo. Estimam os paleontólogos que as cerca de oito milhões de espécies atualmente vivas (ainda não se conhecem todas as espécies vivas), perfazem somente 2% de todas as espécies que – desde a formação da Terra há 4,5 bilhões de anos – viveram sobre o planeta. Ao longo da história da Terra isto representa o espantoso número de 450 milhões de espécies, entre as quais nós somos apenas uma. Os próprios grupos dos hominídeos, do qual nós, os homo sapiens sapiens somos os únicos representantes atualmente sobre o planeta, teve, em determinados períodos da pré-história, mais de uma espécie vivendo lado a lado.
Ainda com relação ao tema, um cientista inglês apresentou recentemente uma nova hipótese sobre o desenvolvimento da cultura humana. Segundo ele, a domesticação de animais, a criação da agricultura e da cerâmica e a formação das primeiras aglomerações humanas (origem das cidades e civilizações), foram impulsionadas por mudanças climáticas, no final do período geológico do Pleistoceno, há cerca de 10.000 anos. A mudança da temperatura, da umidade do ar, da precipitação pluviométrica, entre outros, provocaram o desaparecimento de espécies vegetais e com isso o deslocamento ou extinção de animais que serviam de caça aos humanos. Premidos pelas condições e utilizando sua inventividade, nossos antepassados desenvolveram a agricultura e outras tecnologias, a fim de sobreviver nas novas condições.
A vida e a evolução das espécies – inclusive do homem – sempre foram influenciadas por fenômenos geoclimáticos. Em certa época, há cerca de 10.000 anos, o homem passou a criar o seu próprio ambiente, vindo a influenciar o clima da Terra e a vida das outras espécies. No entanto, seja como for que ocorra a evolução humana, a palavra final será sempre da Terra.
As mudanças climáticas também tiveram grande influência na história humana. Importantes fatos históricos foram ocasionados ou precedidos por tempestades, secas, terremotos, maremotos e explosões vulcânicas. Mas isto é uma outra história, tema para um outro artigo.
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