A gestão empresarial tem como principal objetivo a melhoria constante da atuação da empresa e o aumento da produtividade, através de técnicas de gerenciamento e uso de tecnologias. A administração empresarial incorpora todas as modernas práticas gerenciais e inovações tecnológicas, como ferramentas para uma atuação empresarial responsável, baseada nos parâmetros do desenvolvimento sustentável. Até que chegassem ao moderno conceito da gestão com preocupações socioambientais, as empresas passaram por grandes transformações e tiveram que aprimorar seus sistemas de gerenciamento.
Sob ponto vista histórico, são três os principais fatores ou paradigmas a mudarem a gestão empresarial nos últimos 50 anos: 1) o desenvolvimento das tecnologias da informação; 2) a expansão da economia de mercado; e 3) a questão ambiental.
Origens
"As possibilidades para o consumidor são imensas. As oportunidades do consumidor atual são praticamente ilimitadas. Não é fácil imaginar um objeto que não se encontre no mercado e, por outro lado, nenhum ser humano pode imaginar e cobiçar tudo o que é oferecido. Hoje pode-se comprar muito mais, porque a indústria barateou quase todos os seus produtos." Ortega y Gasset em A revolução das massas (1929)
O primeiro grande marco na melhoria do processo produtivo durante o século XX, foi a introdução da linha de montagem em série, nos Estados Unidos, no início da década de 1920. A partir deste período, em poucos anos, a linha de montagem será utilizada em diversos segmentos industrias, principalmente na indústria de bens de consumo. Esta inovação revolucionou o parque industrial à época, propiciando um enorme aumento de produtividade e, consequentemente, o barateamento dos produtos para o consumidor. Apesar do hiato provocado pelo crash da Bolsa de Nova York em 1929 e pela 2ª Grande Guerra dez anos depois, as linhas de produção em série serão introduzidas na maioria dos segmentos industriais de todo o mundo – com maior ou menor sofisticação tecnológica – até o início da década de 1960. Uma das conseqüências da produção em série foi o aumento do número de fabricantes e do número de consumidores.
As tecnologias da informação
"O que está acontecendo, por conseguinte, é uma completa reconceptualização do significado da produção e da instituição que, até agora, tem sido encarregada de organizá-la. O resultado é uma complexa mudança para uma companhia de novo estilo de amanhã." Alvin Toffler em A terceira onda (1980)
As tecnologias da informação são o resultado prático de teorias científicas elaboradas ao longo dos anos 20 e 30 do século XX (teoria planetária do átomo e modelos matemáticos). De início, utilizada somente em círculos restritos, como a pesquisa e a inteligência militar, a informática passou a ampliar seu campo de aplicação a partir do final da década de 1960. Associada ao processo de produção em série, a incorporação da informática e da automação permitiram à indústria e ao setor de serviços um grande salto tecnológico.
O Japão e os chamados tigres asiáticos (Taiwan, Malásia e Singapura) foram os grandes beneficiados com o desenvolvimento e a proliferação destas tecnologias. Estes países partiram de um nível de industrialização muito baixo. Mas, através de medidas de incentivo à industrialização, voltada para a exportação, os tigres asiáticos queimaram etapas, instalando parques industriais modernos, com altos níveis de automatização e informatização. O Japão, que já tinha uma tradição industrial desde o século XIX, reconstruiu inteiramente seu parque industrial após a 2ª Guerra Mundial, e, por dispor de mão-de-obra qualificada, rapidamente passou a desenvolver e fabricar tecnologias da informação.
A etapa mais recente do processo de desenvolvimento das tecnologias de informação foi a criação da rede mundial de computadores, a wolrdwide web (www), nos Estados Unidos. Como um dos maiores resultados tecnológicos da Guerra Fria, a rede mundial de computadores representa ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade para as empresas. Desafio, em adaptar-se e rapidamente dominar a nova tecnologia. Oportunidade, porque a utilização da comunicação eletrônica agiliza todo o processo de produção e distribuição. E, por ser uma tecnologia nova, seu domínio representa uma vantagem competitiva para as empresas que saibam utilizá-las mais eficientemente, antes de seus concorrentes.
A economia de mercado
"Uma poderosa dinâmica está em andamento. A economia está impulsionando nações para a desintegração e simultaneamente regiões para a integração. Acontecimentos e instituições em uma parte do mundo, impulsionam acontecimentos e instituições em outra parte." Lester Thurow em O futuro do capitalismo (1996)
Neste quadro de rápido desenvolvimento tecnológico, cabe situar o mais importante acontecimento na política mundial dos últimos 50 anos: a derrocada das economias socialistas ou Queda do Muro de Berlim, levando à expansão das economias de mercado. Convencionou-se chamar este processo de globalização. Sob o aspecto econômico, a globalização passou a significar a predominância do sistema de livre-mercado em todo o mundo. Desaparecidos os regimes socialistas, os países pertencentes ao extinto bloco soviético adotaram sistemas políticos democráticos e economias de livre-mercado. Em poucos anos, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, abriram-se novas economias, com milhões de consumidores.
Para empresas do Brasil e de vários países em todo o mundo, a globalização representou em seus aspectos econômicos:
a) Abertura da economia, tendo como conseqüência uma competição maior pelos mercados, a formação de parcerias estratégicas entre empresas e o desaparecimento daquelas que não se adaptaram à nova situação;
b) Redução do papel do Estado em diversos setores da economia, resultando em economia de recursos públicos; e
c) Privatização de serviços públicos (como telefonia, energia, transportes, etc).
A abertura da economia e a retirada do Estado de diversos setores, propiciaram o surgimento de diversas oportunidades de negócios para as empresas privadas. Por outro lado, aumenta a competição, já que, com a abertura da economia e a facilidade das comunicações, as oportunidades são mais divulgadas e ficam abertas também a empresas de outros países.
"Hoje podemos ao mesmo tempo conceber uma comunidade de destino, no sentido em que todos os humanos estão sujeitos às mesmas ameaças mortais (...) e ao mesmo perigo ecológico da biosfera que se agrava com o efeito estufa, provocado pelo aumento de CO2 na atmosfera, os desmatamentos em larga escala, a esterilização dos oceanos, mares e rios fornecedores de alimentos, as poluições sem conta (...)" Edgar Morin em A cabeça bem-feita (1999)
São bastante antigos os impactos das atividades humanas ao meio ambiente. A Grécia e o Líbano, por exemplo, eram regiões com grandes concentrações de coníferas no passado. A corte para construção de embarcações, por armadores gregos e fenícios, dizimou estas florestas quase completamente. Do mesmo modo, existem hipóteses que dão como causa do desaparecimento da civilização maia a devastação da mata tropical em torno das cidades, causando a exaustão dos recursos hídricos. O efeito das atividades humanas sobre o meio ambiente aumentou significativamente a partir do início da Revolução Industrial, no final do século XVIII. Desde este período até os dias atuais, o impacto das atividades industriais, dos grandes aglomerados urbanos e da expansão da agricultura sobre a biosfera só vem aumentando.
O alarme sobre o impacto das atividades antrópicas sobre o meio ambiente foi dado a partir da década de 1960, quando diversas publicações passaram a se ocupar do assunto, passando pela reunião do Clube de Roma (final dos anos 60), pela Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente em 1972 e o relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado por uma comissão da ONU em 1987. Em 1985, reunida no Canadá, as maiores empresas do setor químico instituem a estratégia da “atuação responsável” visando reduzir o impacto ambiental das atividades industriais deste setor.
O aumento da preocupação com o meio ambiente exerceu um grande impacto sobre as atividades empresariais. A partir de meados da década de 1980, a maioria dos países criou leis ambientais ou tornou as existentes mais restritivas, regulando as atividades industriais e comerciais, no que concerne a seus impactos sobre o solo, a água e o ar. Para garantir o cumprimento da legislação, surgiram órgãos ambientais nos diversos níveis governamentais. Paralelamente, houve um aumento exponencial no número de ongs, que passaram a atuar de maneira crítica em relação às atividades dos governos e das empresas. Para completar este quadro, acrescente-se o aumento da conscientização da população, devido ao surgimento da imprensa especializada e pela maior importância dada ao tema por veículos de comunicação de massa.
A maior mudança do posicionamento das empresas em relação à questão ambiental veio a ocorrer a partir da promulgação da chamada “Carta de Roterdã”, em 1991. Elaborada pela Câmara Internacional do Comércio (International Chamber of Commerce), esta carta define os “Princípios do Desenvolvimento Sustentável”. Trata-se de 16 princípios que estabelecem a gestão ambiental como uma das mais altas prioridades das empresas. É evidente que a grande maioria das empresas em todo o mundo ainda não incorporou todos os 16 princípios da carta. Todavia, seu conteúdo serve como base de avaliação das melhorias implantadas até o momento.
A maneira como as empresas das economias desenvolvidas encaram a redução da poluição ambiental mudou nos últimos vinte anos. Até a década de 1980 o enfoque era dado sobre o tratamento de “final de tubo”, ou seja, atuava-se de maneira corretiva, tratando os efluentes, os resíduos ou as emissões já gerados. Esta ainda é a forma de atuação da maioria das empresas brasileiras. O tratamento, e a correta destinação dos resíduos representa, todavia, um custo adicional para a empresa, além do fato de que resíduos descartados serem matéria-prima e produtos desperdiçados.
Surge, neste contexto, o conceito da gestão eco-eficiente, que visa operar uma empresa reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas, insumos e energias, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto ambiental. A eco-eficiência também inclui a utilização de tecnologias menos poluentes ou perigosas (tecnologias limpas) e técnicas operacionais de “prevenção à poluição”. Alguns resultados práticos da gestão eco-eficiente para a empresa, são, por exemplo:
- Redução dos custos de produção;
- Redução do número de acidentes de trabalho;
- Redução dos custos de seguro;
- Aprimoramento do sistema de gerenciamento ambiental (SGA);
- Melhor relacionamento com os órgãos de controle ambiental;
- Melhoria da imagem da empresa perante os consumidores e a comunidade circunvizinha à empresa;
- Aumento da cotação das ações da empresa.
Conclusão
Conclusão
Em suma, são três os principais fatores que influenciaram a gestão das empresas nos últimos 50 anos: 1) as modernas tecnologias de informação e automação, incorporadas – pelo menos em suas versões básicas – pela maioria dos empresários. 2) a abertura da economia e a livre concorrência, fatores que afetam os empreendedores, principalmente aos que não incorporaram técnicas de gestão mais eficientes aos seus negócios. 3) a gestão ambiental, cada vez mais importante em um mercado onde leis ambientais tendem a ser mais rigorosas, os consumidores cada vez mais exigentes e os concorrentes mais eficientes.
(imagens: Wassily Kandinsky)
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