"O universo inteiro é monótono, mas, precisamente porque queremos nos proteger de sua monotonia assustadora e ilimitada, constituímos um lugar qualquer num "canto". É a única diferenciação na monotonia total do mundo: um trecho de muro, um pouco de obscuridade que nos dissimula sua imensidão sombria." - Jean Paul Sartre - Esboço para uma teoria das emoções
A população do mundo vem aumentando num ritmo cada vez mais rápido. A Terra atingiu seu primeiro bilhão de habitantes em 1802 e foi somente 126 anos mais tarde, em 1928, que o número de habitantes dobrou. Em 1961 atingimos três bilhões; em 1999 chegamos a seis bilhões e em 2010 – apenas onze anos depois – somos sete bilhões de pessoas vivendo no globo. Esta imensa população se espalha por quase todos os continentes, formando vastos aglomerados populacionais, principalmente na Ásia, que abriga mais de 60% da população mundial. Extensas regiões, desabitadas quando a pressão populacional era menor, passaram a ser ocupadas por cidades e pela atividade agrícola. Estes fatores fazem com que catástrofes naturais – inundações, tempestades, calor e frio excessivo – tenham um impacto maior, afetando zonas povoadas, provocando destruição e mortandade.
O aquecimento da Terra, causado em parte pelas atividades humanas, fará com que catástrofes naturais relacionadas ao clima sejam cada vez mais frequentes. Chuvas, tempestades e inundações no nordeste do Brasil e em várias regiões da China; incêndios nos Estados Unidos e na Rússia, provocados pelo excesso de calor; nova temporada de violentos furacões nas Antilhas e de inundações na Índia e em Bangladesh. São este os fenômenos climáticos que afetarão imensas regiões, densamente povoadas.
Dependendo da gravidade do acontecimento, milhares ou milhões de pessoas ficarão desabrigados, sem alimentos e impossibilitadas de continuarem a morar nas regiões onde nasceram e cresceram, assim como seus antepassados. Precisam então deslocar-se para fora destas áreas, para outras cidades, até em direção a diferentes países, tornando-se assim refugiados ambientais. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010 o mundo já tem cerca de 50 milhões destes refugiados. A mesma organização estima que até 2050, quando terão aumentado bastante os fenômenos naturais provocados pelas mudanças climáticas, serão 200 a 250 milhões de pessoas deixando suas regiões de origem e procurando abrigo em outras paragens. Apenas com um aumento de 60 centímetros no nível dos oceanos – fato tido como bastante provável pelos climatologistas – cerca de 600 milhões de pessoas serão afetadas em todo o mundo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), reunindo alguns dos mais renomados cientistas dedicados ao estudo do clima, prevê que até 2080 1,1 a 3,2 bilhões de pessoas sofrerão com problemas de escassez hídrica e 200 a 600 milhões enfrentarão a fome; fenômenos causados pelas alterações do clima.
(imagens: Giotto di Bondone)
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