Em tempos de intensa atividade econômica aumentam as movimentações de cargas. Matérias primas e produtos acabados cruzam o Brasil em diversos tipos de transporte, principalmente em caminhões. Estatísticas informam que 55% das cargas brasileiras são transportadas via rodoviária, através de uma rede nacional de 1,3 milhões de quilômetros de rodovias. Muitas destas cargas são substâncias químicas perigosas: explosivos, inflamáveis, tóxicos, corrosivos, radiativos, entre outros perigos. Normalmente nem os percebemos, mas em nossas cidades e estradas passamos por milhares de caminhões transportando produtos de grande risco ao ambiente e à nossa saúde.
Para regulamentar o transporte internacional de produtos perigosos existem normas técnicas e de segurança específicas, elaboradas pela ONU, válidas para as diversas modalidades de transporte: marítimo, aéreo, ferroviário, rodoviários, entre outros. Além destas, no Brasil também existem as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Enfim, são regras sobre como deve ser realizada a movimentação de uma carga perigosa; as precauções, o treinamento que deve ter o motorista, a forma de acondicionamento da carga, o equipamento de proteção a ser usado em uma emergência, etc.
Mesmo assim, continuam a ocorrer milhares de acidentes com produtos químicos perigosos. Segundo a agência ambiental do estado de São Paulo, a CETESB, os acidentes rodoviários com produtos químicos – mais de 2.200 em 2009 – ainda lideram as estatísticas de acidentes ambientais no estado, representando mais de 30% do total. A maior parte destes acidentes, cerca de 70%, provocou contaminação do solo. Além de contaminar o solo, os produtos químicos podem também alcançar córregos e rios, muitas vezes responsáveis pelo abastecimento de água de cidades de pequeno e médio porte. Não é raro acontecer que depois de um acidente, com derramamento de produtos perigosos no curso de água, o sistema de abastecimento da cidade tenha que ser temporariamente desativado.
Existem diversos fatores que podem influir na ocorrência de acidentes com produtos químicos perigosos. Grau de conservação das estradas e do veículo transportador, acondicionamento da carga, estado físico e psicológico do motorista, treinamento do condutor para enfrentar um acidente, condições climáticas e meteorológicas, entre outros aspectos. Para minorar os impactos de um eventual acidente químico é importante que o socorro seja feito por uma equipe de bombeiros treinados e outros profissionais especializados em lidar com ocorrências deste tipo. Acima de tudo, deve ser evitado que o acidente se torne um desastre ambiental, contaminando o solo e a água da região.
Ainda não existem estudos detalhados sobre o grau de destruição ambiental provocado pelos acidentes rodoviários com produtos químicos perigosos. Sabe-se, por exemplo, que a incidência deste tipo de desastre é felizmente muito menor em áreas urbanas do que em estradas. Outro aspecto, é que as diversas medidas de segurança implantadas pelas companhias transportadoras têm reduzido acidentes e derramamento de produto a cada ano. No entanto, é preciso que a fiscalização continue atuando, visando aumentar cada vez mais a qualidade dos serviços de transporte e a aplicação das normas de segurança.
(imagens: Alberto Savinio)
1 comments:
Parabéns pela sua qualidade editorial caro amigo. Esse foi sem dúvida, mais um dos poucos e ótimos blogs que a gente descobre até meio por acaso na net. Prazer em segui-lo, recomendá-lo e republicá-lo com o devido crédito em meus blogs:imparesonline.blog.spot.com e carlossam.blogspot.com.
Sucesso sempre.
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