"Considerando-se nossos cinco séculos de história, a extensão física e o volume populacional deste país, a nulidade de nossa contribuição espiritual chega a ser um fenômeno espantoso, sem paralelo na história do mundo." - Olavo de Carvalho - O mínimo que você precisa saber para não ser idiota
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),
órgão mundial para acompanhamento das mudanças do clima terrestre, publicou
recentemente mais um documento. O estudo intitulado de “Mudanças Climáticas
2014: impactos, adaptação e vulnerabilidade”, contou com a colaboração de 309
cientistas de diversas áreas, de 70 nacionalidades. Elaboradas e divulgadas
periodicamente, as pesquisas da instituição apontam novos fatos, que comprovam cada
vez mais o aquecimento da atmosfera terrestre causado pela ação humana. Apesar
de ainda existirem setores da economia, da política e da ciência que colocam em
dúvida o aquecimento do planeta, Michel Garrand, secretário da Organização Meteorológica
Mundial (OMN) afirma que “não há nenhuma dúvida de que o clima está mudando e
que 95% destas mudanças devem-se à ação humana”.
Os autores dividem as mudanças em eventos que deverão
ocorrer em médio prazo, até 2030 ou 2040, e os que podem ocorrer no longo
prazo, entre 2080 e 2100. No final deste período, a temperatura média da Terra
deverá ter aumentado de 2º a 4º Celsius. Já em médio prazo deverá aumentar
gradativamente a acidez dos oceanos, fato que já começa a ser percebido atualmente.
O fenômeno afetará a sobrevivência de diversos organismos marinhos e causará
grandes estragos nas formações de corais. Com isso, será prejudicada uma
diversificada fauna que vive nos corais, incluindo espécies que utilizam os
bancos de corais como local de alimentação e procriação.
O impacto do aquecimento na produção de grãos também será
bastante forte, podendo causar o aumento do preço dos alimentos e fome em
várias regiões do globo. O estudo prevê que as culturas de milho, arroz e trigo
– cereais que constituem a base alimentar de 80% da humanidade – serão cada vez
mais afetados pelo calor e poderão apresentar quebras de safra de 25% até 2050.
Relatórios anteriores do IPCC já divulgaram aspectos das
mudanças climáticas que se tornarão cada vez mais frequentes nas próximas
décadas, como o derretimento de geleiras e a ocorrência de fenômenos climáticos
extremos; furacões, secas e chuvas torrenciais. No mais novo relatório foi dado
ênfase aos aspectos sociais do fenômeno, principalmente as migrações causadas
por catástrofes climáticas. Falta ou excesso de água deverá forçar milhões de
pessoas a deixarem suas regiões de origem, aumentando a pressão populacional
sobre cidades e tornar extensas áreas de agricultura temporariamente
improdutivas. Estes fenômenos ocorrerão principalmente em países localizados
nas regiões tropicais do planeta que, coincidentemente, são as mais pobres e as
mais populosas. Assim declara Kaisa Kosonen, ativista da ONG Greenpeace, que
“pela primeira vez o IPCC tem um capítulo inteiro sobre segurança humana, que
fala sobre conflitos violentos, migração. As mudanças climáticas não são só um
problema para os ursos polares, recifes de corais e a floresta tropical, mas é
sobre nós.”
A Europa já prepara um plano para reduzir suas emissões de
gases de efeito estufa em 40% até 2030. Segundo o cientista do INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), José Antonio Marengo Orsini, o Brasil também precisa
colocar a questão do clima em sua agenda política. No entanto, a depender da
linha de atuação do atual governo, parece que uma política nacional de mudanças
climáticas mais efetiva tem pouca importância.
(Imagens: fotografias de Ricardo E. Rose)
0 comments:
Postar um comentário