"Ao renunciar à sociedade e à fortuna, encontrei a felicidade, a calma, a saúde, até mesmo a riqueza; e a despeito do provérbio, percebo que aquele que abandona a partida é o que acaba ganhando-a." - Chamfort - Máximas e pensamentos
A agricultura surgiu com as hortas comunitárias. Desde o período Neolítico, há 12 ou 10 mil anos, a agricultura vem sendo praticada por pequenos grupos humanos; famílias, vizinhos, que se juntavam para o plantio e a colheita. A agricultura em larga escala, na qual um dono (geralmente o Estado, os sacerdotes ou o rei) controlava grandes extensões de terra, surgiu quando se formaram agrupamentos humanos mais populosos. Foi nas grandes extensões de terras aráveis pertencentes à zona de influência das primeiras cidades-Estado da Suméria (região onde hoje é o Iraque e a Síria), do impérios egípcio, da região de Mohenjo-Daro na Índia e no vale do rio Amarelo (Huang He), que a agricultura em larga escala começou a ser praticada.
A agricultura surgiu com as hortas comunitárias. Desde o período Neolítico, há 12 ou 10 mil anos, a agricultura vem sendo praticada por pequenos grupos humanos; famílias, vizinhos, que se juntavam para o plantio e a colheita. A agricultura em larga escala, na qual um dono (geralmente o Estado, os sacerdotes ou o rei) controlava grandes extensões de terra, surgiu quando se formaram agrupamentos humanos mais populosos. Foi nas grandes extensões de terras aráveis pertencentes à zona de influência das primeiras cidades-Estado da Suméria (região onde hoje é o Iraque e a Síria), do impérios egípcio, da região de Mohenjo-Daro na Índia e no vale do rio Amarelo (Huang He), que a agricultura em larga escala começou a ser praticada.
Muito provavelmente, no
entanto, as hortas comunitárias continuaram a subsistir em áreas às vezes
concedidas aos agricultores sem terra, para que plantassem produtos para
consumo próprio. Este tipo de agricultura também contribuiu para a conservação
da diversidade das espécies de plantas, pois certos tipos de grãos e sementes
eram desconhecidos ou não eram utilizados pelos grandes agricultores. Por toda
a história até os tempos modernos, as hortas comunitárias atenderam parte das
necessidades alimentares das populações mais pobres, que dispunham de pouca ou
nenhuma terra para plantio.
A industrialização, que ao
longo dos últimos duzentos anos provocou a migração de milhões de pessoas do
campo para as cidades, foi um dos fatores da disseminação da agricultura
comunitária urbana, as hortas urbanas. Premidos pelos altos preços dos
alimentos nas épocas de crises econômicas que se sucederam ao longo deste
período, os novos moradores das cidades trouxeram consigo alguns dos
conhecimentos do campo. No Brasil é significativo que as hortas comunitária
começaram a surgir a partir dos anos 1980, associadas aos movimentos de luta
pela moradia, movimentos de bairros e outros tipos de ações comunitárias.
Associadas aos movimentos
populares da periferia das grandes cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio
de Janeiro, as hortas comunitárias acabaram sendo adotadas também pelos
movimentos alternativos e por grupos de classe média - estes morando em bairros
centrais mais ricos. Por não necessitar de técnicas de difícil aprendizado
e utilizar insumos e ferramentas de custo relativamente baixo, as hortas
urbanas tornaram-se uma solução para diversos problemas sociais e de
infraestrutura. Muitas comunidades de agricultores urbanos eliminaram transtornos com terrenos baldios, cheios de lixo ou entulho, que eram focos de ratos e
insetos e frequentados por desocupados. A horta se transformou em local de
encontro de vizinhos, espaço para reuniões e até festas. As plantas e as árvores
frutíferas trouxeram de volta várias espécies de pássaros e outros animais, que
em vista da falta de áreas verdes haviam abandonado certos bairros das
cidades.
Em bairros da periferia, as
hortas urbanas voltaram a dar uma nova oportunidade de vida para jovens
envolvidos com as drogas e a criminalidade. Em São Paulo e em São Francisco,
nos Estados Unidos, a participação nesta atividade está criando um vínculo
entre os jovens e suas famílias, mantendo-os afastados das atividades ilícitas.
Na cidade de Nova York, por exemplo, existem cerca de 900 hortas comunitárias.
A preocupação com a origem da
comida é outro fator de desenvolvimento deste tipo de agricultura, já que a
maior parte é feita em bases orgânicas, sem adição de produtos químicos. Um
shopping center de São Paulo mantêm uma horta orgânica no telhado de seu
prédio, cuidada pelos funcionários do estabelecimento. A adubação da terra é
feita com resíduos orgânicos compostados, gerados pelo próprio centro de compras
e o resultado do plantio é entregue aos funcionários que participam da
iniciativa.
Atualmente, parte
considerável da população urbana dos países pobres e em desenvolvimento pratica
a agricultura comunitária urbana. As últimas estatísticas datadas de 2008,
davam como 800 milhões o número de agricultores urbanos espalhados por todo o
planeta. No Brasil ainda não existem estatísticas mais exatas sobre estes
números, o dificulta a implantação de políticas de incentivo mais amplas. O
último projeto desenvolvido para este setor foi o Programa Nacional de
Agricultura Urbana e Periurbana, ligado ao Programa Fome Zero, que no governo Temer
não recebeu mais incentivos.
Por suas vantagens em
diversas áreas - combate à fome, geração adicional de renda, combate ao crime,
fortalecimento da vida social e cultural das comunidades -, além dos aspectos
ambientais e de saneamento, as hortas comunitárias precisam ser
incentivadas. É importante que cidades iniciem ou retomem antigos programas de
disponibilização de áreas para plantio, sementes, ferramentas e treinamento. O
contato com a terra e as plantas faz parte da constituição primitiva do homem.
(Imagens: pinturas de Erich Fraaβ)
0 comments:
Postar um comentário