“Mas
a tecnologia não é neutra, pois as suas características e o seu evolver se associam
aos fins da própria produção, assim como da repartição da renda que enseja. E,
como já se mencionou, a produção capitalista está voltada para si mesma — é,
sobretudo, produção pela produção. Por isso mesmo, em cada avanço deixa também
atrás de si um rastro de destruição; a natureza costuma ser simplesmente
predada; as perdas daqueles que foram afetados negativamente pela adoção de
novos métodos de produção, em geral, não são compensadas. Eventualmente, porém,
tanto o próprio progresso quanto o poder governamental podem ter beneficiado
aqueles que haviam sido deixados para trás.
No
entanto, como regra geral, o capitalismo privilegia os proprietários de capital
e não, em princípio, os proprietários da força de trabalho; ademais, ele visa
empregar os recursos naturais e não a sua regeneração ou reprodução. O critério
do lucro costuma se sobrepor a tudo mais. E ele, por isso, respeita muito pouco
os trabalhadores e a natureza em geral, já que os considera como fonte de
riqueza capitalista e não como valores em si mesmos.” (Prado, pág. 78).
Eleutério Prado, Capitalismo no século XXI: ocaso por meio de eventos catastróficos
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