“Demorando-me
longamente no estudo da sofística grega, pude aprender seu significado
profundo, aprender sua lição aos filósofos de todos os tempos: a de que, em
filosofia, tudo se pode provar. O que vale dizer que nada se prova
verdadeiramente em filosofia.
Por
isso mesmo, a pretensão dos grandes sistemas filosóficos a uma fundamentação
definitiva de seus discursos, a uma posse legitimada da Verdade, pareceu-me
apenas testemunhar de sua religiosidade essencial e profunda, ainda que
laicizada. Ainda que eventualmente conjugada com uma profissão de fé ateia ou
agnóstica. Na sua pretensão oracular de editar o Lógos eterno, apareceu-me que os filósofos continuam a comungar da
crença grega na divindade da razão especulativa. Sacerdotes leigos de Zeus e
intérpretes do Verbo divino, cada um deles proclama a única e verdadeira
Sabedoria, no desprezo do ‘falso’ saber do homem comum e de suas opiniões
mortais. E em cada um deles, assim, se consuma a filosofia. Libertado a duras
penas do dogma da religião, a revelação dessa religiosidade filosófica
deixou-me perturbado. E a hýbris filosófica
não pôde seduzir o filósofos que
trilhava, em busca da Verdade, os caminhos da filosofia.” (Pereira, pág. 31)
Oswaldo Porchat Pereira, Rumo ao Ceticismo
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