“Não
é apenas uma coisa do passado que as pessoas duvidassem da realidade do
conceito do ego e da existência de um ego; os céticos já há muito declararam
que isso era incerto, mas foi apenas (David) Hume quem realmente o negou, e para (Ernst)
Mach tornou-se irredimível. Nos meus livros ela é identificada com a
continuidade da memória, ou seja, com a aparência especial de um quebra-cabeça.
Nem preciso notar que o conceito de ego tem uma relação lógica completamente “amaldiçoada”
com o conceito de Deus. Até mesmo o Eu, que ninguém ainda viu ou experimentou
de outra forma, foi inventado como uma causa, como a causa última da unidade de
todo organismo vivo presente à compreensão humana, assim como Deus foi
inventado como a Causa Primeira ou a Causa Final do unidade mundial imaginada.
O paralelo poderia ser continuado: tanto no conceito de ego quanto no conceito
de Deus, a causa efetiva se une à causa final para formar o conceito de um
criador.” (Mauthner, pag. 124).
Fritz Mauthner, O ateísmo e sua história no Ocidente (Original alemão Der Atheismus und seine Geschichte im Abendland)
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