“O
povo, infelizmente, é ainda muito ignorante e mantido na ignorância pelos
esforços sistemáticos de todos os governos que consideram isso, com muita
razão, como uma das condições essenciais de seu próprio poder. Esmagado por seu
trabalho quotidiano, privado de lazer, de comércio intelectual, de leitura,
enfim, de quase todos os meios e de uma boa parte dos estímulos que desenvolvem
a reflexão nos homens, o povo aceita, na maioria das vezes, sem crítica e em
bloco, as tradições religiosas. Elas o envolvem desde a primeira idade, em
todas as circunstâncias de sua vida, artificialmente mantidas em seu seio por
uma multidão de corruptores oficiais de todos os tipos, padres e leigos, elas
se transformam entre eles em um tipo de hábito mental, frequentemente mais
poderoso do que seu bom senso natural.
Não
me contento em consultar uma única autoridade especialista, consulto várias;
comparo suas opiniões, e escolho aquela que me parece a mais justa. Mas não
reconheço nenhuma autoridade infalível, mesmo nas questões especiais;
consequentemente, qualquer que seja o respeito que eu possa ter pela humanidade
e pela sinceridade desse ou daquele indivíduo, não tenho fé absoluta em
ninguém. Tal fé seria fatal à minha razão, à minha liberdade e ao próprio
sucesso de minhas ações; ela me transformaria imediatamente num escravo
estúpido, num instrumento da vontade e dos interesses de outrem.”
Mikhail Bakunin (1814-1876), revolucionário anarquista e pensador russo em Deus e o Estado
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