"A liberdade do dinheiro exige trabalhadores presos no cárcere do medo, que é o cárcere mais cárcere de todos os cárceres. O deus do mercado ameaça e castiga; e bem o sabe qualquer trabalhor, em qualquer lugar." - Eduardo Galeano - O teatro do bem e do mal
O consumo de energia elétrica no Brasil só tende a aumentar. Somente durante o ano de 2010, o uso de eletricidade aumentou em 7,8%, segundo a Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) do Ministério das Minas e Energia. A tendência durante os próximos anos, segundo especialistas, é que o consumo se mantenha crescente. Por isso, o país precisará aumentar os investimentos na geração de energia elétrica e criar políticas de uso eficiente deste recurso. Um exemplo de sucesso nesta área é o da Alemanha, que entre 1990 e 2009 reduziu o consumo energia elétrica através de investimentos em eficiência e aumentou a participação das energias renováveis em sua matriz elétrica.
Grande parte de nossa energia elétrica – cerca de 85% – é de origem renovável, gerada nas cerca de 107 hidrelétricas com capacidade de geração acima de 30 Megawatts (MW) e nas 82 pequenas centrais hidrelétricas, com capacidade de geração de até 30 MW, espalhadas pelo país. No entanto, o potencial brasileiro de geração de energia não poluente não se limita à água. Também dispomos de grande quantidade de biomassa, vento e luz solar; outras fontes de energia renovável. A luz do sol, particularmente, apesar de muito mais abundante devido à posição geográfica do território brasileiro, ainda é uma fonte energética pouco explorada.
A energia fotovoltaica, através da qual se gera eletricidade a partir da luz solar, também é pouco utilizada no Brasil, não excedendo uma capacidade total instalada de 3 MW. O principal obstáculo ao maior uso desta tecnologia continua sendo o alto preço dos painéis fotovoltaicos, todos importados, aliado à falta de incentivos governamentais.
O uso da energia solar poderia contribuir para a descentralização do sistema de geração de energia, evitando o risco constante de apagões. Paralelamente, esta fonte energética também poderia suprir os picos de demanda, reduzindo a carga sobre todo sistema e evitando colocar em funcionamento as poluentes termelétricas. Além disso, o abastecimento de comunidades isoladas na região norte – providência em parte já prevista no programa “Luz para todos” do Ministério da Minas e Energia – poderia ser ampliado com o uso de painéis fotovoltaicos.
O que o país realmente precisa é de uma política energética, aliada às características de cada região. Não podemos continuar baseando grande parte de nossa geração elétrica em recursos hídricos, provocando grandes impactos ambientais e sociais, a exemplo das barragens do rio Madeira (Jirau e Santo Antonio) e do rio Xingu (Belmonte). Com isso, eterniza-se o modelo do sistema monolítico de geração e distribuição, mantendo o país sujeito aos constantes apagões. Enquanto isso, o imenso potencial eólico e solar, principalmente no nordeste, permanece inexplorado; o mesmo acontecendo com a biomassa de todo o país. Tais fontes energéticas poderiam proporcionar uma diversificação e descentralização na geração de energia, meta a ser perseguida em uma nação com a extensão territorial como a do Brasil.
(imagens: John Graz)
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