Perguntando é que se aprende (XIII)

quinta-feira, 1 de março de 2012
Apesar do clima de euforia, o Brasil não vai tão bem assim. A criminalidade continua presente, apesar das estatísticas apresentadas pelas secretarias de segurança. Em São Paulo, o governo anuncia que a criminalidade caiu, mas a mais recente notícia é que 22% das vítimas de latrocínio foram mortas em assaltos a residências. Ou seja, o cidadão é assassinado em sua própria casa.
O argumento, muito utilizado no passado, de que a criminalidade é resultado da crise econômica, não cola mais. A criminalidade no Brasil - assim como a injustiça social, a incompetência de partes do setor público e a inoperância da justiça - é estrutural. E mudanças de estruturas sociais ocorrem muito devagar.
Mesmo assim, precisamos cobrar trabalho e urgência do executivo e, principalmente do judiciário, lembrando que nos últimos trinta anos, segundo estatísticas, foram assassinadas mais de 1,1 milhões de pessoas no Brasil. Somos, efetivamente, uma sociedade violenta; uma das mais violentas do mundo.
As mudanças no Código Penal, atualizando um documento que foi aprovado na década de 1940 e que já estava há muito ultrapassado, talvez seja início de melhoria. É positivo também o fato de que a sociedade comece a prestar mais atenção ao judiciário e aos seus servidores, cobrando melhor atuação e mais transparência frente aos cidadãos - coisa que este poder está devendo há muito tempo.
A criminalidade, de uma maneira ou outra, está entranhada em todos os níveis sociais; é uma anomia social de origens diversas, que só será reduzida em décadas. A pergunta que permanece, no entanto, é quando todos serão tratados de maneira igualitária e terão efetivo acesso à justiça. Quando é que cada um passará a "receber o que merece"?

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