“Todo progresso tem um custo”, frase que lemos e escutamos frequentemente. Esta afirmação quase sempre é daqueles que tiram proveito do tal progresso, e não dos que arcarão com o seu custo. O que parece implícito nesta afirmação é que “progresso” sempre significa “melhoria para todos” – quando geralmente não é. Propaga-se a idéia de que há “fatos inevitáveis” que criarão mudanças. Estas provocarão necessariamente uma melhoria: o “progresso”; que, no entanto, custará um sacrifício. Cabe questionar o que é o progresso em determinado contexto, a quem beneficiará, e quem pagará por ele.
A história de todas as sociedades está cheia destas falácias. Principalmente, quando a idéia de “progresso” aparece associada aos projetos de grupos dominantes, que sutilmente convencem o restante da sociedade de sua necessidade. A construção de usinas nucleares já foi sinônimo de progresso, em países que hoje planejam a substituição deste tipo de energia. A troca do bonde elétrico pelo ônibus a diesel também já foi sinal de melhoria nos transportes públicos em São Paulo, assim como a derrubada da floresta na região amazônica também representou o avanço da civilização; do progresso, nos anos 1970. Ninguém, munido das informações de que dispomos atualmente, classificaria estes fatos como indício de progresso. Mas, como dissemos acima, a introdução destas tecnologias – consideradas “progresso” à época – além de ser algo novo, também atendia aos interesses de grupos de poder que se beneficiaram com a mudança tecnológica. A conta, como sempre, ficou a cargo da sociedade civil – e nesta os pobres são os que sempre pagam a maior parcela.
Fatos semelhantes estão ocorrendo neste momento, em vários pontos do Brasil. Os estádios da Copa 2014, a transposição do Rio São Francisco, e vários outros projetos; todos nos trarão progresso, dizem.
Neste contexto a Folha de São Paulo publicou artigo sobre o desaparecimento de peixes no Rio Madeira, onde estão localizadas as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, esta última ainda em construção. O rio Madeira é o 17º maior rio dentre todos os que existem no planeta. Sua imensa diversidade biológica, no entanto, foi afetada com as obras de engenharia. Vários tipos de peixes – denominadas genericamente de “bagres” – geravam 29 mil toneladas de pescado por ano. Estas espécies desapareceram, segundo o relato de pescadores aos jornalistas da Folha, que visitaram a região.
O fenômeno já havia sido previsto por cientistas, antes do início das obras. O fato se deve principalmente à diminuição da correnteza no lago formado pela barragem, o que deixa o fundo sem oxigenação, impedindo a sobrevivência de determinadas espécies de peixes abundantes na região.
Neste contexto a Folha de São Paulo publicou artigo sobre o desaparecimento de peixes no Rio Madeira, onde estão localizadas as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, esta última ainda em construção. O rio Madeira é o 17º maior rio dentre todos os que existem no planeta. Sua imensa diversidade biológica, no entanto, foi afetada com as obras de engenharia. Vários tipos de peixes – denominadas genericamente de “bagres” – geravam 29 mil toneladas de pescado por ano. Estas espécies desapareceram, segundo o relato de pescadores aos jornalistas da Folha, que visitaram a região.
O fenômeno já havia sido previsto por cientistas, antes do início das obras. O fato se deve principalmente à diminuição da correnteza no lago formado pela barragem, o que deixa o fundo sem oxigenação, impedindo a sobrevivência de determinadas espécies de peixes abundantes na região.
O jornalista Leão Serva, em artigo publicado sobre o assunto no blog “Observador Político” (http://www.observadorpolitico.org.br/observadores/leaoserva/), relata que outras obras do mesmo tipo – além das que já estão em andamento no Rio Xingu – deverão ser construídas na Amazônia durante os próximos anos, causando impactos semelhantes, já previstos pelos cientistas desde 2006.
Se este é o começo do custo que a população da região pagará pelo suposto “progresso”, como será o futuro? Ecossistemas degradados, desaparecimento de espécies, problemas sociais... Diziam os romanos: cui bono, quem se beneficia?
(Imagens: fotografias de Bill Brandt)
Se este é o começo do custo que a população da região pagará pelo suposto “progresso”, como será o futuro? Ecossistemas degradados, desaparecimento de espécies, problemas sociais... Diziam os romanos: cui bono, quem se beneficia?
(Imagens: fotografias de Bill Brandt)
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