Setor da construção civil: tecnologia e capacitação

quinta-feira, 19 de abril de 2012


"A idéia de que um computador pode controlar o mundo é, em suas diferentes facetas, tanto nosso temor quanto nossa inspiração - não é difícil ver nisso um eco da inspiração alquímica de Bruno para seu sistema de memória e das ilusões éticas de Leibniz com relação à maquina de calcular."  -  Paul Strathern  -  O sonho de Mendeleiev 

O setor da construção civil apresentou um desenvolvimento significativo ao longo dos últimos oito anos, principalmente a partir de 2009, quando cresceu 8,3%, enquanto o PIB brasileiro registrava uma queda de 0,2%. Em 2010, com a recuperação da economia, o setor teve uma expansão de 11,6%, para avançar em um ritmo mais lento – 4,8% – em 2011. Em 2012, segundo o SindusCon SP (Sindicato da Construção), o setor deverá apresentar um crescimento de 5,2%, já que há também uma tendência de incremento do PIB brasileiro, além dos investimentos do governo no programa “Minha Casa Minha Vida.” Outro aspecto positivo é o aumento dos créditos para a habitação e a infraestrutura.
É bastante grande o peso do setor da construção civil no total da economia brasileira, por vários aspectos. Entre 2007 e 2012, o número de empregados com carteira assinada no setor aumentou de 1,3 para 2,7 milhões de trabalhadores. O macrossetor da construção, segmentado por seis cadeias de produção (madeiras; argilas e silicatos; cadeia dos calcários; dos derivados de produtos químicos e petroquímicos; cadeia dos produtos de siderurgia; e de metalurgia de ferrosos), emprega em conjunto aproximadamente 10 milhões de trabalhadores – quase 20% da força de trabalho registrada do país – e movimenta cerca de 20% do PIB brasileiro.
As perspectivas de crescimento do setor são as melhores possíveis: investimentos prementes em saneamento, energia, transportes e moradias; além dos grandes eventos programados para os próximos anos – a Copa em 2014 e as Olimpíadas em 2016 – são fatores que certamente aumentarão a demanda por insumos e serviços.
Todo este desenvolvimento da construção civil está se dando em um novo ambiente, bastante diferente daquele entre os anos de 1968 e 1973, quando o setor cresceu em média 15% ao ano. Agora, a economia interna vive novos tempos, que acabam afetando o setor: processos de concessão, privatização e realização de grandes projetos, atraindo concorrentes estrangeiros; novas demandas técnicas durante a fase de projeto e construção criando necessidade de novas tecnologias; orçamentos, prazos e segurança na realização da obra tornaram-se fatores cada vez mais importantes. Além destes, há o aspecto ambiental; a questão do uso eficiente dos recursos na construção; a realização de obras de baixo impacto ao ambiente, mesmo depois de prontas. O que ocorreu nos últimos anos na construção civil é o que já vinha acontecendo em graus diversos em outros segmentos da economia brasileira, ao longo dos últimos vinte anos, contribuindo para que se formasse um novo ambiente de negócios.
Dois aspectos são bastante importantes nesta nova fase do setor da construção civil: a utilização de novas tecnologias e a capacitação de mão-de-obra. Este último item, talvez ainda seja uma das maiores deficiências da construção civil brasileira. Sempre beneficiado por uma situação de fácil disponibilidade de mão-de-obra – formada em parte por trabalhadores sem qualificação e sem colocação em outros setores da economia – o setor passa agora por uma crise. Além de faltarem trabalhadores dispostos a atuar no setor, a maior parte daqueles que trabalham na área não tem capacitação profissional suficiente, para fazer face às novas demandas dos canteiros de obras. Além do preparo profissional, a muitos ainda falta a alfabetização e os estudos básicos, o que os impede desempenhar as novas tarefas de uma obra moderna. Problemas semelhantes acontecem nos níveis hierárquicos intermediários, onde mestres e coordenadores ainda não estão afeitos a técnicas básicas de controle e gerenciamento.
O crescimento do setor da construção civil aumentará a demanda por novas tecnologias. Estas, para serem efetivas, visando a melhoria da produtividade, da economia de recursos e da segurança, precisam ser dominadas por profissionais preparados – em todos os níveis hierárquicos. A tendência é, portanto, que um dos grandes temas da construção civil nos próximos anos, seja o da formação de uma mão-de-obra capacitada. 
(Imagens: Fredrik Sommer)

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