"A idéia de que um computador pode controlar o mundo é, em suas diferentes facetas, tanto nosso temor quanto nossa inspiração - não é difícil ver nisso um eco da inspiração alquímica de Bruno para seu sistema de memória e das ilusões éticas de Leibniz com relação à maquina de calcular." - Paul Strathern - O sonho de Mendeleiev
O setor da construção civil apresentou um desenvolvimento significativo
ao longo dos últimos oito anos, principalmente a partir de 2009, quando cresceu
8,3%, enquanto o PIB brasileiro registrava uma queda de 0,2%. Em 2010, com a
recuperação da economia, o setor teve uma expansão de 11,6%, para avançar em um
ritmo mais lento – 4,8% – em 2011. Em 2012, segundo o SindusCon SP (Sindicato
da Construção), o setor deverá apresentar um crescimento de 5,2%, já que há também
uma tendência de incremento do PIB brasileiro, além dos investimentos do
governo no programa “Minha Casa Minha Vida.” Outro aspecto positivo é o aumento
dos créditos para a habitação e a infraestrutura.
É bastante grande o peso do setor da construção civil no
total da economia brasileira, por vários aspectos. Entre 2007 e 2012, o número
de empregados com carteira assinada no setor aumentou de 1,3 para 2,7 milhões
de trabalhadores. O macrossetor da construção, segmentado por seis cadeias de
produção (madeiras; argilas e silicatos; cadeia dos calcários; dos derivados de
produtos químicos e petroquímicos; cadeia dos produtos de siderurgia; e de metalurgia
de ferrosos), emprega em conjunto aproximadamente 10 milhões de trabalhadores –
quase 20% da força de trabalho registrada do país – e movimenta cerca de 20% do
PIB brasileiro.
As perspectivas de crescimento do setor são as melhores
possíveis: investimentos prementes em saneamento, energia, transportes e
moradias; além dos grandes eventos programados para os próximos anos – a Copa
em 2014 e as Olimpíadas em 2016 – são fatores que certamente aumentarão a
demanda por insumos e serviços.
Todo este desenvolvimento da construção civil está se dando
em um novo ambiente, bastante diferente daquele entre os anos de 1968 e 1973,
quando o setor cresceu em média 15% ao ano. Agora, a economia interna vive
novos tempos, que acabam afetando o setor: processos de concessão, privatização
e realização de grandes projetos, atraindo concorrentes estrangeiros; novas demandas
técnicas durante a fase de projeto e construção criando necessidade de novas
tecnologias; orçamentos, prazos e segurança na realização da obra tornaram-se fatores
cada vez mais importantes. Além destes, há o aspecto ambiental; a questão do
uso eficiente dos recursos na construção; a realização de obras de baixo
impacto ao ambiente, mesmo depois de prontas. O que ocorreu nos últimos anos na
construção civil é o que já vinha acontecendo em graus diversos em outros
segmentos da economia brasileira, ao longo dos últimos vinte anos, contribuindo
para que se formasse um novo ambiente de negócios.
Dois aspectos são bastante importantes nesta nova fase do
setor da construção civil: a utilização de novas tecnologias e a capacitação de
mão-de-obra. Este último item, talvez ainda seja uma das maiores deficiências da
construção civil brasileira. Sempre beneficiado por uma situação de fácil
disponibilidade de mão-de-obra – formada em parte por trabalhadores sem
qualificação e sem colocação em outros setores da economia – o setor passa
agora por uma crise. Além de faltarem trabalhadores dispostos a atuar no setor,
a maior parte daqueles que trabalham na área não tem capacitação profissional
suficiente, para fazer face às novas demandas dos canteiros de obras. Além do preparo
profissional, a muitos ainda falta a alfabetização e os estudos básicos, o que os
impede desempenhar as novas tarefas de uma obra moderna. Problemas semelhantes acontecem
nos níveis hierárquicos intermediários, onde mestres e coordenadores ainda não
estão afeitos a técnicas básicas de controle e gerenciamento.
O crescimento do setor da construção civil aumentará a
demanda por novas tecnologias. Estas, para serem efetivas, visando a melhoria
da produtividade, da economia de recursos e da segurança, precisam ser dominadas
por profissionais preparados – em todos os níveis hierárquicos. A tendência é,
portanto, que um dos grandes temas da construção civil nos próximos anos, seja o
da formação de uma mão-de-obra capacitada.
(Imagens: Fredrik Sommer)
0 comments:
Postar um comentário