"Estamos acostumados à idéia de que os eventos são causados por eventos anteriores, que, por sua vez, são causados por eventos mais remotos. Há uma cadeia de causalidade estendendo-se para o passado. Mas suponha que esta cadeia tenha um início. Suponha que houve um primeiro evento. O que o causou? Essa não era uma questão que muitos cientistas desejavam abordar." - Stephen Hawking - O universo numa casca de noz
Recursos são substâncias (para não falar “bens”) que extraímos da natureza e que tem alguma utilidade econômica. Esta utilização dos recursos naturais varia de civilização para civilização, de cultura para cultura. A areia existe provavelmente desde o surgimento da Terra há 4,5 bilhões de anos, mas foi somente a civilização egípcia, há cerca de 4.000 anos, que ocasionalmente descobriu uma maneira de transformar areia
Os
recursos se dividem em renováveis e não renováveis. Renováveis são aqueles que
se repõem ou se recompõem em curto espaço de tempo (contado em padrões
humanos). Renováveis são basicamente: o sol, o ar (atmosfera), a água, a flora,
e a fauna. Já os recursos não-renováveis são aqueles que não se recompõem (sempre
em padrões históricos e não geológicos), tais como: minerais, solos, oceanos.
Na
categoria dos recursos naturais temos os recursos energéticos; aqueles dos
quais podemos extrair algum tipo de energia. Novamente, precisamos considerar
que esta classificação varia de cultura para cultura. Os melhores sábios
medievais não saberiam o que fazer energeticamente com o urânio (nem saberiam
identifica-lo). Os recursos naturais energéticos podem ser divididos também em
duas categorias:
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os renováveis, como a água (hidrelétricas, geotermia, energias do mar), o sol
(energia solar térmica) a luz (energia fotovoltaica), o ar (energia eólica), os
vegetais (energia de biomassa) e os resíduos a base de carbono, em geral
(biogás);
-
os não renováveis, como o carvão mineral, o petróleo, o urânio, o gás natural.
É
difícil fazer uma comparação entre os custos de aproveitamento de cada recurso
energético, já que cada um tem suas características, por exemplo:
-
O custo médio de produção de um barril de petróleo (250 litros ) é de US$
5,00 na Arábia Saudita, mas pode chegar a US$ 16,00 no Brasil (cerca de US$
0,064 por litro). O preço de produção de um litro de etanol é de cerca de US$
0,2 por litro. Isto quer dizer que a produção de petróleo no Brasil – apesar de
cara em relação à Arábia – ainda é cerca de quatro vezes mais barata do que a
produção de etanol.
-
Outro exemplo é a produção de eletricidade no Brasil a partir de água, que é
bem menor que a eletricidade produzida a partir de termelétricas movidas a
carvão ou óleo combustível.
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O custo da energia produzida a partir do bagaço de cana (biomassa), por
exemplo, é bem menor do que a energia produzida a partir de placas fotovoltaicas,
ambas de fontes renováveis.
Fato
é que precisamos estudar caso a caso em suas características. As usinas
hidrelétricas, por exemplo, foram construídas há 40 ou 50 anos, e estão com
seus custos amortizados. A produção do petróleo é mais barata do que a do
álcool de cana – trata-se de um ganho de escala. A produção de energia
fotovoltaica (eletricidade a partir de a luz solar) ainda é de custo relativamente
alto, por causa do alto preço de fabricação das placas fotovoltaicas.
Analisando
somente sob este aspecto, as energias renováveis ainda são relativamente caras,
já que suas vantagens ambientais não estão computadas. Isto porque as
“externalidades” não são incorporadas ao custo do produto não renovável. No
preço de produção do petróleo, não é incluído o custo dos riscos de
contaminação de solos e águas, nem a poluição atmosférica. Se estes fatores
fossem considerados no preço, este combustível teria um preço bem mais alto. É
fato que sob este aspecto todas as energias renováveis são mais competitivas e
menos poluentes que o petróleo, o carvão mineral e seus derivados.
No
entanto entre as energias renováveis ainda há também uma escala de preços: a
mais barata é a hidrelétrica (se não considerarmos os impactos ambientais, as
“externalidades” de uma usina hidrelétrica). A hidrelétrica é seguida pela
energia de biomassa, já que muitas usinas de álcool têm a produção de
eletricidade (co-geração) como atividade secundária. A energia eólica também
está começando a ganhar escala no Brasil, com a inauguração de novos parques eólicos
no nordeste e no sul. A renovável mais cara, ainda permanece a fotovoltaica, já
que as placas – além de serem caras – não têm produção nacional.
A
tendência futura – fato já ocorrendo nas economias mais desenvolvidas – é que o
custo das externalidades econômicas inerente ao uso de certas tecnologias, seja
incorporado ao preço final do produto e serviço. Em uma primeira fase isto
poderá representar um aumento de preços. Se, no entanto, toda a cadeia
produtiva passar a incorporar estes custos, as cadeias voltarão ao equilíbrio. Exemplo
deste fato é o petróleo: se no passado era bem mais barato, hoje todos os
segmentos econômicos já absorveram o aumento deste insumo.
(Imagens: fotografias de Ansel Adams)
1 comments:
Não entendo uma coisa. Li num texto que 47% da matriz energética do Brasil é composta por fontes renováveis. Esse mesmo texto dizia que hidrelétricas geram 75% da energia nacional. Se hidrelétricas são fontes renováveis essa é uma matemática impossível. Afinal, existe algum fator que caracterize certas hidrelétricas fontes não renováveis?
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