O desenvolvimento da questão ambiental

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

"Tradicionalmente, no Brasil, a educação tem sido chave na criação de chances de acesso à classe média. Até as primeiras décadas do século XX, o ensino de segundo grau já era suficiente para engendrar tais oportunidades. Mas a educação vem sendo erodida como marca de classe."  -  Amaury de Souza e Bolívar Lamounier  -  A Classe Média brasileira


As atividades industriais, quando não realizadas dentro das regras de precaução, podem causar poluição, destruição e morte. Na Europa do início do século XIX, nos primórdios da industrialização, pobres e operários, vivendo em péssimas condições, foram as maiores vítimas da falta de saneamento, da incorreta gestão dos resíduos e da poluição atmosférica. Ainda no início do século XX, sem qualquer medida de combate à poluição industrial, ocorrem acidentes que provocam vazamento de produtos químicos e poluição atmosférica, matando centenas de pessoas em diversos lugares do mundo. A falta de conhecimento, porém, fez com que tais eventos fossem considerados fatos isolados, acidentes imprevisíveis. No entanto, no início da década de 1960, novos acontecimentos começam a mudar este panorama. Em 1962, a bióloga norte-americana Rachel Carson publica o livro Primavera Silenciosa, que analisa o efeito dos inseticidas à base de D.D.T. no meio ambiente. Por sua repercussão, chamando a atenção sobre a poluição ambiental exercida pelos produtos químicos, a obra se constituiu em um dos marcos no estudo dos impactos das atividades econômicas sobre o ambiente.
Pouco anos depois, em 1968, é criado o Clube de Roma, formado por cientistas, empresários e políticos, dedicados a estudar a degradação da natureza provocada pelas diversas atividades humanas. As previsões feitas pela instituição, baseadas em estudos da época, não acabaram se concretizando. Todavia, parte do material de pesquisa produzido serviu como alerta para muitos governos e instituições, chamando a atenção sobre os rumos que a economia mundial estava tomando. No âmbito social, surgem nesta mesma época nos Estados Unidos e na Europa diversos movimentos, que darão origem as primeiras ONGs (Organizações Não-Governamentais) atuando no setor ambiental, como a Greenpeace (1971) e a Worldwatch Institute (1974), entre outras.
A década das grandes mudanças no setor ambiental mundial foi a de 1970. A situação, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos era insustentável. Rios poluídos por efluentes domésticos e industriais, aterros fora de controle e solos contaminados por óleos e outros produtos químicos poluentes. Por outro lado, a pressão exercida pelas ONGs, opinião pública e por partidos verdes (na Europa), forçou a criação de uma legislação ambiental mais rígida, órgãos de controle ambiental e realização de grandes obras de saneamento e descontaminação. No âmbito internacional, durante os anos 1980 e início dos anos 1990, realizaram-se diversas conferências internacionais, como a Comissão Brundtland (1987), e a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92). Estes encontros estabeleceram as bases para a regulamentação de atividades econômicas; como o transporte marítimo de produtos perigosos, a proteção às espécies ameaçadas, a questão das emissões atmosféricas, a proteção das florestas, entre outros temas.
No Brasil, as primeiras leis especificamente ambientais foram criadas na década de 1980, estabelecendo marcos que balizaram todo o desenvolvimento posterior do setor. Foi também em 1988 que a nova Constituição dedicou todo um capítulo à questão ambiental, garantindo a todo cidadão acesso a um meio ambiente limpo e saudável. Ao longo dos últimos 25 anos a legislação brasileira evoluiu rapidamente, apesar dos problemas que o País tem no cumprimento destes marcos legais. Ao mesmo tempo, aumenta gradativamente a conscientização da população, que com a ajuda da imprensa e das ONGs, exerce uma pressão sobre os setores mais retrógados do governo e empresariado.

(Imagens: fotografias de Paul Strand)

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