"Sejamos discretos. Não perguntemos aos mortos se eles viveram."
"Quantas vezes não representamos uma comédia, sem esperança de aplausos."
Stanislaw Jerzy Lec - Últimos pensamentos desordenados (Letzte unfrisierte Gedanken)
A depender dos candidatos a prefeito que se apresentam no horário político, grande parte dos problemas da cidade de São Paulo já têm soluções encaminhadas. A vantagem é só do eleitor, que precisa apenas escolher o candidato que traz as soluções que mais lhe agradem. Construção de novos hospitais, aumento do número de creches, melhoria das escolas; mais linhas de metrô, aerotrem, corredores de ônibus - tudo com passagens mais baratas. É um momento de expectativa muito positiva para o paulistano.
Humor à parte, o trânsito continua sendo um dos grandes problemas na cidade de São Paulo e em toda a região metropolitana. A situação do deslocamento de pessoas já vinha se agravando nos últimos trinta anos, apesar da abertura de novas avenidas entre os anos 1960 e 1980, da construção de um (ainda reduzido) sistema de metroviário, trens de superfície, corredores de ônibus e da introdução de um sistema de rodízio de veículos - se bem que esse tivesse sido criado para reduzir a poluição atmosférica causada pelas emissões.
Mesmo assim, chegamos a uma situação insustentável. A cidade de São Paulo abriga hoje mais de 7,3 milhões de veículos, para uma população de 11,7 milhões de habitantes. Recentemente um jornalista fez o seguinte cálculo: a cidade tem cerca de 15 mil quilômetros de ruas e avenidas. Em média cada veículo tem um comprimento de 2,5 metros. Assim, se todos os 7,3 milhões de veículos paulistanos estivessem enfileirados nas ruas, ocupariam uma extensão de 18,5 mil quilômetros. Ou seja, teríamos a absurda situação de que todos os carros da cidade não caberiam nas suas ruas. Antes disso teríamos a total paralisação do trânsito em São Paulo com um monstruoso congestionamento.
Para tentar contribuir com uma solução para o problema, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) realizou um encontro em comemoração ao "Dia Mundial Sem Carro", em 22 de setembro. Do evento participaram diversas entidades ligadas às questões urbanas, como a Rede Nossa São Paulo, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Uma das conclusões a que se chegou durante o encontro foi que pelo menos 30% da frota ativa, ou seja, aproximadamente dois milhões de veículos, deveriam sair de circulação para melhorar o trânsito. Aos proprietários destes veículos seriam oferecidas outras opções de transporte, para que se dispusessem a deixar seus veículos definitivamente em casa, para só usá-los fora da cidade. Um aspecto, abordado por Eduardo Vasconcellos membro da ANTP, é que "as pessoas querem que o transporte público da cidade melhore, sim. Mas não é para elas usarem o ônibus, mas para que os que estão a sua frente liberem espaço no trânsito". Outro problema, levantado por Alexandre Gomide do IPEA é que "as promessas eleitorais ficam na retórica da melhoria do transporte público, mas os candidatos continuam a construir viadutos só para carros, vias que não podem ser usadas por pedestres, bicicletas ou ônibus".
O transporte continua sendo um dos mais importantes aspectos da gestão pública das cidades, que só poderá ser resolvido gradualmente, através de um conjunto de soluções. Todavia, a ação do poder público deve começar imediatamente, pois a cada ano que passa as dificuldades serão maiores.
Humor à parte, o trânsito continua sendo um dos grandes problemas na cidade de São Paulo e em toda a região metropolitana. A situação do deslocamento de pessoas já vinha se agravando nos últimos trinta anos, apesar da abertura de novas avenidas entre os anos 1960 e 1980, da construção de um (ainda reduzido) sistema de metroviário, trens de superfície, corredores de ônibus e da introdução de um sistema de rodízio de veículos - se bem que esse tivesse sido criado para reduzir a poluição atmosférica causada pelas emissões.
Mesmo assim, chegamos a uma situação insustentável. A cidade de São Paulo abriga hoje mais de 7,3 milhões de veículos, para uma população de 11,7 milhões de habitantes. Recentemente um jornalista fez o seguinte cálculo: a cidade tem cerca de 15 mil quilômetros de ruas e avenidas. Em média cada veículo tem um comprimento de 2,5 metros. Assim, se todos os 7,3 milhões de veículos paulistanos estivessem enfileirados nas ruas, ocupariam uma extensão de 18,5 mil quilômetros. Ou seja, teríamos a absurda situação de que todos os carros da cidade não caberiam nas suas ruas. Antes disso teríamos a total paralisação do trânsito em São Paulo com um monstruoso congestionamento.
Para tentar contribuir com uma solução para o problema, o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) realizou um encontro em comemoração ao "Dia Mundial Sem Carro", em 22 de setembro. Do evento participaram diversas entidades ligadas às questões urbanas, como a Rede Nossa São Paulo, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Uma das conclusões a que se chegou durante o encontro foi que pelo menos 30% da frota ativa, ou seja, aproximadamente dois milhões de veículos, deveriam sair de circulação para melhorar o trânsito. Aos proprietários destes veículos seriam oferecidas outras opções de transporte, para que se dispusessem a deixar seus veículos definitivamente em casa, para só usá-los fora da cidade. Um aspecto, abordado por Eduardo Vasconcellos membro da ANTP, é que "as pessoas querem que o transporte público da cidade melhore, sim. Mas não é para elas usarem o ônibus, mas para que os que estão a sua frente liberem espaço no trânsito". Outro problema, levantado por Alexandre Gomide do IPEA é que "as promessas eleitorais ficam na retórica da melhoria do transporte público, mas os candidatos continuam a construir viadutos só para carros, vias que não podem ser usadas por pedestres, bicicletas ou ônibus".
O transporte continua sendo um dos mais importantes aspectos da gestão pública das cidades, que só poderá ser resolvido gradualmente, através de um conjunto de soluções. Todavia, a ação do poder público deve começar imediatamente, pois a cada ano que passa as dificuldades serão maiores.
(Imagem: fotografia de Lewis Hine)
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