"É conveniente que haja deuses, e, se é conveniente, acreditemos que os haja." - Ovídio - A arte de amar
Atualmente sabemos que nossas atividades econômicas têm um
impacto sobre o ambiente e que estas não podem ser ilimitadas, como no passado.
Não é possível, por exemplo, explorar o solo de uma região até a exaustão, sob
pena de transformá-lo em um deserto. Rios cujas águas recebem grandes
quantidades de efluentes industriais ou domésticos, tornam-se cloacas a céu
aberto - como acontece com grande parte dos rios urbanos no Brasil.
Para definir esta situação, os especialistas criaram a
expressão "produtividade máxima sustentável”; que descreve uma relação entre
a ecologia e a economia. Dito de maneira simples trata-se da máxima sobrecarga
a que um ecossistema (um trecho da Mata Atlântica, por exemplo) ou ambiente (um
campo, ou um rio) podem ser submetidos, visando algum benefício – plantar soja
ou diluir efluentes, como nos exemplos acima –, sem que este meio seja prejudicado,
ou seja, mantendo sua sustentabilidade. Assim, a atividade acontece, produz os
resultados econômicos esperados, mas não destrói o meio ambiente (solo, água,
ar, flora e fauna) de onde é realizada, porque não ultrapassa sua capacidade
regenerativa.
Um exemplo prático de produtividade máxima sustentável é o
plantio de açaí nativo, feito pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) na região amazônica, sob condições controladas, para efeito de
pesquisa. Para realizar a cultura desta planta, existe uma interferência no
ambiente natural no qual o açaizeiro é encontrado. Visando proporcionar as
condições ideais, segundo o estudo, eliminam-se as touceiras de plantas
excedentes, assim como plantas de outras espécies, a fim de diminuir a
concorrência por água, nutrientes e luz.
Criam-se assim condições ambientais que melhoram a produtividade da palmeira (o
açaí).
No entanto, mesmo com esta interferência é mantida a
sustentabilidade do ambiente, segundo afirma o especialista da Embrapa: “O manejo tem sido enfatizado como a forma de
garantir a extração sustentada dos recursos naturais. No extrativismo da madeira,
pesca e caça, por exemplo, há a preocupação de serem igualadas as taxas de
extrações com a capacidade de regeneração.” (Nogueira, 2006). A grande
dificuldade deste tipo de exploração econômica é o número de variáveis com as
quais é preciso trabalhar. No caso da plantação de açaí existem fatores como: a
quantidade de luz que cada planta recebe; a área de solo disponível; a umidade
contida na terra; as temperaturas médias, etc. Estas técnicas de cultivo,
utilizadas aqui para o manejo de plantações de açaí, procuram extrair
quantidades máximas de produtos dos ambientes naturais, através de um constante
monitoramento das condições do ecossistema que está sendo explorado.
Com um número de informações e dados cada vez maior sobre os
biomas, ecossistemas e ambientes em geral, a prática extrativa, agrícola ou
pastoril poderá se tornar cada vez mais sustentável. Não é preciso que a
atividade econômica signifique sempre a destruição dos sistemas naturais; e é
cada vez mais tarefa da ciência, aliada ao uso de tecnologia, proporcionar uma
vida melhor e mais saudável à humanidade, sem que o meio ambiente precise ser
comprometido. Aos poucos eliminamos assim de nosso universo cultural a idéia de
competição com a natureza, substituindo-a pela da colaboração com a natureza.
(Imagens: fotografias de Jules Aarons)
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