"Todos os grandes povos da Mesoamérica sentiram-se poderosamente fascinados pelo mistério do cosmo: a recorrência cíclica e previsível dos fenômenos celestes, o ritmo infatigável das estações e a influências das diversas fases da cultura do milho; o próprio ciclo da vida e da morte, do dia e da noite em sua alternância inexorável mas necessária." - Paul Gendrop - A civilização maia
A diminuição da quantidade
de peixes já é percebida há décadas e vem sendo constantemente apontada pelos
ambientalistas como sinal de degradação dos biomas marinhos. Em recente
pesquisa realizada pela Universidade da Columbia Britânica foi constatado que a
sobrepesca está reduzindo em até 40% o numero de peixes de grande porte, como o
atum, o bacalhau e a garoupa - peixes que estão na base alimentar de muitos
países. Mesmo o pescador de final de semana já percebeu há anos, que a
sobrepesca, realizada por barcos munidos de equipamentos cada vez mais
eficientes e potentes, está acabando com os peixes.
O problema é do conhecimento
de todos os países e da Organização das Nações Unidas (ONU). Jacqueline Alder,
especialista do programa ambiental da ONU sugere uma imediata diminuição no
número de barcos e de dias disponíveis para a pesca. Somente dessa maneira,
segundo ela, seria possível dar tempo para que o número de cardumes aumente. Apesar
disso, a maioria dos países continua investindo pesadamente em suas indústrias
pesqueiras; seja para manter os empregos ou para garantir a proteína necessária
para alimentar a população - caso da China, que captura quantidades de pescado
muito acima dos números oficialmente declarados aos órgãos de acompanhamento.
A situação dos oceanos só
tem piorado nos últimos 50 anos. Além do aumento da temperatura média das
águas, provocada pelas mudanças climáticas, os mares de todo o mundo são
vítimas de outros tipos de ameaças. A cada ano são descarregados no mar entre 1
a 3 milhões de toneladas de petróleo e seus derivados; mais de seis milhões de
toneladas de lixo e quantidades incalculáveis de esgotos domésticos. Segundo
especialistas, existe nos oceanos um total de 245 mil km² - área equivalente ao
estado de São Paulo - onde não há vida, devido a pouca quantidade de oxigênio
dissolvida na água.
Uma solução proposta por
especialistas seria o aumento das áreas de preservação; áreas onde todo tipo de
atividade de exploração econômica fosse proibida. Esta é também a ideia de
alguns deputados brasileiros, que pretendem criar uma Lei do Mar, através da
qual se preservaria uma zona marinha de aproximadamente 3,5 milhões de
quilômetros quadrados, área que a Marinha chama de "Amazônia Azul". O
projeto tem grande importância para a preservação dos recursos na região costeira,
já que existem 463 municípios ao longo de 10,8 mil km de costa, onde vivem
cerca de 50 milhões de brasileiros.
O Brasil tem até agora
apenas 1,57% de sua área marinha protegida. Por outro lado, em negociações
internacionais assumimos o compromisso de aumentar este percentual para 10% até
2020. A proposta de criação desta área de preservação na costa brasileira
também está sendo fortemente apoiada pela Fundação SOS Mata Atlântica, ONG que muito se empenhou na proteção da floresta atlântica nas décadas de 1980 e 1990, atuando até hoje.
A proposta deverá receber um
apoio cada vez maior no Congresso, a partir do momento em que a população se
conscientizar da vantagem de ampliar a zona de preservação marinha e pressionar
os políticos. Indústria da pesca (já que as áreas de preservação também atuarão
como criadouros de peixes), turismo e lazer; cidades localizadas à beira mar;
todos se beneficiarão com este projeto. Cabe agora às mídias divulgar e
discutir a proposta, para obter o apoio da opinião pública, dos políticos e
empresários.
(Imagens: fotografias de Hildegard Rosenthal)
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