Doesn't have a point of view,
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?”
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?”
The Beatles - Nowhere
Man
O meio ambiente está sempre mudando. Seja
pela ação do homem ou pelas forças da natureza; fato é que paisagens sempre são
alteradas ao longo do tempo. As mudanças nos ecossistemas também provocam o
desaparecimento de espécies da fauna e da flora, quando suas condições de
sobrevivência são alteradas. Ocorre que determinadas plantas ou animais,
privados de quantidade suficiente de água, alimentos, sombra ou sol, tendem a
desaparecer enquanto que outras espécies, mais bem adaptadas às novas condições,
passam a se multiplicar. É desta maneira aparentemente simples, que também pode
ocorrer a evolução (Darwin utilizava a expressão "transmutação") das
espécies.
Uma ilustração destes fatos foi publicada
recentemente na revista Nature Geoscience. O artigo, preparado pelos
pesquisadores Christopher Doughty, Adam Wolf e Yadvinder Malhi da universidade
de Oxford, na Inglaterra, aponta a importância de certas espécies de animais na
formação de ecossistemas. Segundo os autores foram animais gigantes, já
extintos, que ajudaram a fertilizar a bacia amazônica, espalhando nitrogênio,
fósforo e outros nutrientes, contidos em seus excrementos.
Na maior parte do Pleistoceno, período geológico
que se estende de 2,5 milhões até 11,5 mil anos atrás, a Terra era mais fria e
grande parte dos hemisférios Norte e Sul era coberta por espessas camadas de
gelo. Este processo, chamado de glaciação, fez com que o nível dos oceanos
baixasse em até 120 m
e que mesmo regiões tropicais, como a Amazônia, tivessem uma temperatura mais
baixa e menos chuvas. Nessa época a vegetação predominante da América do Sul
era savana, parecida com a atual savana africana. Neste bioma viviam mamíferos
de grande porte como os mastodontes (antepassados dos elefantes), preguiças
gigantes, gliptodontes (tatus do tamanho de um carro pequeno), rinocerontes
lanudos e outras espécies já extintas. Todos estes animais eram herbívoros e
através dos vegetais incorporavam nitrogênio e fósforo, que devolviam ao solo
através de suas fezes e urina. Com seus constantes deslocamentos à procura de
alimentos, estes animais ajudaram a distribuir estes elementos químicos em
áreas muito extensas.
Estudos como o apresentado comprovam que
fatores diversos podem contribuir para a formação de ecossistemas. Sabe-se, por
exemplo, que os povos pré-colombianos já promoviam grandes queimadas em regiões
florestais e que plantavam árvores frutíferas em locais específicos da mata.
Com isso, contribuíram para o desaparecimento de espécies vegetais e animais de
certas regiões, introduzindo outras. Através de tais processos formam-se os
diferentes ecossistemas como hoje os conhecemos e já estamos ajudando a
alterar.
(Imagens: fotografias de José Medeiros)
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