Melhorar a eficiência dos recursos

sábado, 3 de agosto de 2013
"A psicologia evolucionista mostrou que, bizarras como possam parecer algumas crenças "primitivas" - e bizarras como possam parecer as religiões "modernas" para ateístas e agnósticos - elas são produções da humanidade, produtos naturais de um cérebro criado pela seleção natural para dar sentido ao mundo por meio de uma miscelânea de ferramentas cujo resultado coletivo não é totalmente racional."  -  Robert Wright  -  A evolução de Deus 

Por que em época de crise econômica as empresas e o governo deveriam se preocupar com a questão ambiental, com a preservação dos recursos? Que contribuição a discussão da ecologia poderia dar ao momento econômico brasileiro, dominado por debates sobre a volta da inflação, da perda da competitividade dos produtos brasileiros e da crise da indústria? A contribuição poderia ser grande, se levarmos em conta a ecoeficiência; a produção e a distribuição de bens e mercadorias utilizando menos recursos, gerando menos resíduos – os poluidores do meio ambiente. Em outras palavras: fabricar, transportar, vender e consumir de uma maneira mais eficiente. Esta idéia pode se estender a praticamente todas as atividades econômicas; da agricultura à indústria, da administração pública ao setor de serviços até o consumidor.

Este raciocínio pode parecer novo, mas não é. Durante toda a história, uma das grandes metas do conhecimento aplicado às atividades humanas sempre foi o de fazer com que uma organização, um processo, uma máquina, uma operação funcionassem de maneira mais eficiente; de uma forma mais organizada, mais rápida, mais econômica e com menos falhas. Com o avanço das ciências humanas e exatas este princípio universal pôde ser aplicado tanto ao governo de países, à administração de empresas, ao gerenciamento de linhas de produção, ao desenvolvimento de máquinas, à administração de uma casa e muitas outras áreas. Diz a física que quanto mais organizado, mais eficiente for o funcionamento de qualquer sistema – seja algo simples, como o motor de um automóvel ou muito complexo, como uma minúscula célula – tanto melhor funcionará esta estrutura, aproveitando da melhor maneira possível os recursos – combustível ou alimentos – que tem a sua disposição.

Muitas economias desenvolvidas compreenderam isto e estão trabalhando para se tornarem cada vez mais eficientes. A questão do aumento crescente dos preços das matérias primas, dos minérios, da energia e da água, está mobilizando países como a Alemanha, cuja Associação Alemã de Máquinas e Equipamentos (VDMA) trata constantemente do tema. Recentemente, esta associação organizou o 4º Congresso VDMA “Produzir com mais inteligência”, reunindo especialistas internacionais, apresentando novas estratégias de redução do consumo de materiais e energias na já bastante eficiente indústria alemã. No estágio atual de seu desenvolvimento, o setor industrial alemão pretende aumentar o índice de automatização dos processos e tornar os já existentes ainda mais eficientes. Mesmo empresas de médio e pequeno porte estão implantando sistemas de gestão de processos produtivos modernos e automatizados, encurtando o ciclo de produção de um produto e reduzindo o uso de insumos. Medidas como estas deixam o processo de fabricação mais limpo e organizado; reduzindo perdas (resíduos) e custos de produção; aumentando a qualidade e a competitividade do produto; e reduzindo o impacto ambiental do empreendimento.

O Brasil está pronto para promover mudanças em seu sistema político, legal e tributário; criar normas, técnicas e estratégias que possam levar o país a dar um salto de qualidade – seja no setor público ou privado. A má gestão, a incapacidade e o desperdício podem ser reduzidos, tornando o país mais eficiente, competitivo e reduzindo os impactos ambientais de suas atividades econômicas.
(Imagens: fotografias de Colin O´Brien)

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