"A visão de Espinosa era a de que tudo o que ocorre na realidade é, necessariamente, uma manifestação da Divindade. Assim, nesse esquema, não há espaço algum para o livre-arbítrio. De fato, ele argumentava que acreditar no livre-arbítrio é como alguém sonhar de olhos abertos; é só porque somos ignorantes das verdadeiras causas de nossas ações que somos capazes de sustentar tal presunção." - Dr. Jeremy Stangroom - Filosofia
Hoje já é fato aceito pela ciência de que o homem sempre foi
agente destruidor de outras espécies. Paleontólogos realizaram escavações em
diversas partes do mundo e descobriram que nossos antepassados desenvolveram
técnicas de caça, que implicavam na morte de dezenas ou centenas de animais de
uma vez. Uma das práticas mais comuns consistia em cercar e carrear manadas de
cervos, bisões ou outros animais para desfiladeiros, de onde estes se
precipitavam para a morte, rendendo grande quantidade de carne. O que, no
entanto, também deve ter acontecido com frequência, é que em tais caçadas
também morriam fêmeas prenhes e filhotes, o que provocava uma redução no grupo
destes animais. Esta situação, aliada à falta periódica de alimentos, invernos
rigorosos e a caça constante praticada pelos humanos, acabava contribuindo com a extinção das espécies.
Existem provas de que a espécie humana teve um papel
importante na extinção da megafauna do período do Pleistoceno (de 2,5 milhões
de anos até 11,5 mil anos atrás) em todo o mundo. Mamutes, rinocerontes
lanosos, preguiças gigantes, tigres de dente de sabre, mastodontes, ursos das
cavernas e diversas espécies de marsupiais, faziam parte de uma fauna que se
habituou ao frio e vivia em relativo equilíbrio. O aparecimento do homem na
Eurásia, na Austrália e mais tarde na América, provocou a mortandade de muitos
tipos de animais, em poucos milhares de anos – um ritmo de extinção incomum
para períodos de relativo equilíbrio ambiental. A causa do desaparecimento de
tantas espécies foi certamente o homem, que já tinha desenvolvido armas e
técnicas de caça bastante mortíferas.
Há 30 ou 20 mil anos o homem já dominava técnicas que manejo
da flora, incendiando extensas áreas de estepe e floresta; como ocorreu na
Austrália, na África e, mais recentemente, na América do Sul. A interferência
do homem nos ambientes naturais ocorre de longa data e, baseado em estudos mais
recentes, não é mais possível falar de um ambiente natural intocado, mesmo em
regiões onde o ambiente ainda é considerado original. A destruição dos
ecossistemas e das espécies não é, portanto, exclusividade da civilização, seja
em sua fase agrícola ou industrial. O que caracteriza muito mais a fase
civilizatória do homem - a partir da descoberta da agricultura - é a domesticação de animais, para fornecimento de
alimento e força de trabalho.
Recentemente biólogos da Universidade Duke, nos Estados
Unidos, publicaram um estudo afirmando que a ação do homem acelerou em mil
vezes a taxa de extinção das espécies de plantas e animais no planeta, em
comparação ao que vinha ocorrendo em ritmo natural. Os dados são alarmantes,
mas os cientistas acreditam que novas tecnologias atualmente disponíveis podem
ajudar a proteger a biodiversidade. Mapas, bancos de dados e outras espécies de
tecnologias deverão ajudar os cientistas a identificarem as regiões onde se
localizam as espécies mais vulneráveis e ajudar em sua proteção.
Não sabemos quantas espécies já desapareceram por causa da
ação do homem. E, se no passado os impactos eram limitados pela incipiente
tecnologia, hoje a humanidade exerce um domínio quase absoluto sobre os
ecossistemas, para o bem e para o mal. Mesmo assim, ainda existem milhões de
espécies – incluindo uma quantidade ainda desconhecida de microorganismos
terrestres, aquáticos e do subsolo – que permanecem forma do alcance do nosso
conhecimento.
(Imagens: grafismo indígena)
0 comments:
Postar um comentário