A falta de coleta e tratamento de esgoto é um grande
problema ambiental no Brasil, refletindo pouca atenção à higiene e saúde
pública. Assim, não é de estranhar que ainda existam 3,5 milhões de casas que
não dispõem de um banheiro, segundo o Censo do IBGE de 2010. A falta de sanitários
públicos nas cidades também é um problema em todo o país, onde grandes centros
como São Paulo e Rio de Janeiro improvisam soluções com banheiros químicos
móveis pouco higiênicos.
A falta de banheiros públicos nos centros urbanos também tem
explicações históricas. Até os anos 1960 a maior parte da população vivia em áreas
rurais, as cidades eram menos populosas e de menor tamanho. Na maior parte das aglomerações
urbanas então existentes, seus habitantes não tinham necessidade de longos
deslocamentos por grandes distâncias. Era possível resolver as pendências pessoais
em torno dos quarteirões que cercavam a praça da matriz, já que era por ali que
se situavam os cartórios, bancos, consultórios médicos, as mercearias, etc. Se o transeunte precisasse
“aliviar suas necessidades”, havia sempre um bosque, uma beira de rio ou local
ermo, à curta distância. Quem estava em viagem pela cidade, tinha um hotel, hospedaria ou pensão como
local de permanência.
Nos últimos 50 ou 60 anos a população brasileira cresceu
exponencialmente, inchando os centros urbanos. No entanto, nenhuma cidade
brasileira, pequena ou grande, resolveu um problema básico de seus habitantes
ou visitantes: onde fazer as necessidades fisiológicas, quando fora de casa? Os
poucos banheiros disponíveis em aeroportos, shopping centers, rodoviárias,
estações de metrô, ônibus ou trem, estão em locais afastados, geralmente longe
de onde circula a maior parte da população. Isto sem falar das condições de
higiene destes banheiros, muito ruins.
O poder público tem como obrigação zelar pela higiene e pelo
bem estar da população – pelo menos é o que acontece em países civilizados e
modernos. A exemplo do que ocorre nestes lugares, já é hora de nossos prefeitos
e do Ministério dos Transportes pensarem em soluções para este problema tão
humano.
(Imagens: fotografias de Otto Umbehr)
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