"Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os animais, o tempo - e o próprio conteúdo." - Paul Valéry - citado por Roger Shatulin em Pessoas, Livros e Sensações
Publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br
Começa
o mês de março e pouca coisa mudou no país. Para ser mais exato, a situação
piorou em relação aos meses anteriores. Cresceu a taxa de desemprego, a
inflação, a dívida do governo, o número de estabelecimentos fechados, e não há
perspectivas de uma recuperação durante este ano. No plano político os impasses
continuam e em alguns aspectos têm-se aprofundado.
Se,
por um lado, o governo já não conseguia apoio de sua base aliada e menos ainda
da oposição, agora é o próprio PT que se coloca em posição contrária à
implantação das medidas de ajuste, que vêm sendo discutidas desde o início do
ano passado. O primeiro impasse já ocorre na discussão da reforma da
Previdência, medida necessária para não comprometer o benefício no futuro. A
posição do partido governista coloca a presidente em situação ainda pior, ainda
mais depois da recente prisão do marqueteiro João Santana, por suspeita de
irregularidades durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014.
A
falta de rumo claro na política tem grande influência também na economia.
Empresas estão segurando investimentos e reduzindo suas atividades.
Estrangeiras de pequeno e médio porte, estabelecidas no país durante o
crescimento da economia na era lulista, estão revendo suas estratégias e, em
alguns casos, fechando suas filiais brasileiras.
Governo
sem recursos e setor privado sem vontade de investir; não sobrou muito mesmo
para o setor ambiental. E o resultado se mostra nos noticiários diários:
dengue, chicungunha e a temida zica, avançam dia a dia. O aumento exponencial
destas doenças, transmitidas pelo mosquito aedes
aegypti, é resultado direto da falta de saneamento, além de uma correta
gestão de resíduos no país. Décadas de descaso com a questão da captação e do
tratamento de esgotos; a coleta e a destinação correta do lixo urbano
levaram-nos à situação na qual nos encontramos atualmente.
Pouco
provável que medidas pontuais como a visita às residências por militares,
operações catabagulhos e limpeza de terrenos e ruas façam alguma diferença no
médio e longo prazo. Enquanto o país não tiver uma política efetivamente
implantada para o saneamento e a correta gestão dos resíduos – e legislação
específica para isso não falta – continuaremos a ser considerados um dos
“cantos sujos” do mundo. Os comentários da imprensa internacional sobre a
situação da baía da Guanabara, às vésperas das Olimpíadas, é um sinal disso.
(Imagens: pinturas de Paul Cézanne)
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