"Pode parecer incrível que tenhamos apenas 10 mil genes a mais que uma erva daninha, mas já é o suficiente. Não é possível julgar a complexidade de um organismo pelo número de genes que possui, assim como não se pode julgar a sofisticação de um programa de computador pelo número de linhas de códigos." - Dean Hamer - O gene de deus
Nos
últimos 100 anos a população do Brasil cresceu de aproximadamente 25 para 205
milhões de habitantes; um aumento de 820%. Comparativamente, a população da
Índia, o segundo mais populoso país do mundo, cresceu de 260 milhões em 1910
para 1.170 milhões em 2010 - um incremento de 450%. Estas estatísticas mostram
o quanto aumentou o número de brasileiros, mesmo em comparação com países de
alta densidade populacional. O fenômeno do rápido aumento da população é
relativamente recente na história da humanidade, ocorreu e ocorre
principalmente em países pobres ou em desenvolvimento, apresentando algumas
características comuns a todos.
A
disseminação do acesso a medidas de prevenção de doenças, como o saneamento
(principalmente fornecimento de água potável), a vacinação em massa, a
popularização de medidas de higiene básica, a construção de banheiros, a
criação de serviços de saúde, têm contribuído para redução da mortalidade
infantil e o aumento médio da vida. Outro aspecto importante é a crescente modernização
e mecanização da agricultura e do aumento da capacidade de armazenagem de
grãos, fatores que contribuem para um melhor padrão de vida, expandindo a
disponibilidade de alimentos. Além desses aspectos, concorreram também os avanços
no setor de transportes e a expansão dos sistemas de comunicação, facilitando a
transmissão de dados e informações e a transferência de valores.
Mas
a melhoria das condições de vida não ocorre igualmente em todo o território.
Fatores históricos e econômicos fazem com que algumas regiões se desenvolvam
mais, atraindo novos moradores vindos de outras partes do país. Em função da
oferta de empregos na indústria, no comércio, na construção e no setor de
serviços, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte chamaram grandes
levas de imigrantes entre as décadas de 1940 e 1980. Os municípios do entorno
também tiveram um aumento populacional e em poucos anos formaram-se as regiões
metropolitanas. A região metropolitana de São Paulo (RMSP), por exemplo, tem
cerca de 25 milhões de habitantes, que vivem em seus 39 municípios. Em 2011 a
RMSP representava 56% do PIB do estado de São Paulo e 16% do PIB nacional.
As
regiões metropolitanas atraem um imenso fluxo de materiais e produtos,
destinados ao consumo e à produção. Imensos volumes de água e eletricidade,
além de combustíveis, são diariamente utilizados para manter este complexo
sistema de organização econômica e social em funcionamento. Todos estes insumos
são transportados para dentro das regiões metropolitanas, processados e
consumidos, gerando grandes quantidades de resíduos: resíduos domésticos e
industriais, efluentes e esgotos domésticos, fumaça e gases de motores e de
processos produtivos. Resíduos da atividade econômica somada de dezenas de
milhões de pessoas; trabalhando vivendo e consumindo.
Existem
hoje no mundo 68 grandes regiões metropolitanas onde vivem cerca de 900 milhões
de pessoas, reunindo uma capacidade de consumo maior do que o restante do mundo.
Nestas cidades se localizam as maiores empresas e as maiores fortunas de todo o
planeta. Imensas quantidades de recursos naturais fluem para estes aglomerados
humanos, o que faz com que o impacto ambiental destes centros urbanos seja
imenso. Especialistas preveem que a questão ambiental no século XXI passará
principalmente pelas regiões metropolitanas.
(Imagens: fotografias de Ricardo E. Rose)
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