"As instituições não caducam pela sua antiguidade: caducam pela imoralidade dos homens que as representam, que as encarnam e que as exercem." - Rui Barbosa - Obras completas Vol. XXX Tomo 1
Publicado originalmente no site www.ricardorose.com.br
Nova situação no país: a
Câmara dos deputados vota o impedimento da presidente por esmagadora maioria.
Agora, em algumas semanas, o Senado deverá dar o seu voto. Como todos sabem, as
perspectivas de manutenção da presidente Dilma no cargo são bastante remotas.
Além dos motivos alegados no processo contra a presidente - as "pedaladas
fiscais" e a edição de leis sem aprovação do Congresso -, o governo também
pecou por completa incapacidade administrativa e falta de rumo na condução de
suas políticas. Tudo isso acelerou a crise econômica, que com a desaceleração
da economia chinesa se tornou mais aguda. Resultado: corte (em alguns casos
eliminação) de investimentos em infraestrutura, redução de recursos para a
saúde, educação e programas sociais. As vítimas são sempre as classes mais
baixas, cuja única fonte de renda é o emprego, e a classe média, cujos
objetivos de vida - melhor escola para os filhos, viagens internacionais,
cursos de aprimoramento -, tiveram que ser postergados.
Com tantos assuntos
aparentemente mais importantes sendo tratados na imprensa, o tema do meio
ambiente quase que desaparece. Listo aqui alguns assuntos ambientais que me
chamaram a atenção nos últimos dois meses e que parecem apontar para a maneira
como a questão continua sendo tratada - ou não tratada.
Com relação ao desastre de
Mariana, a maior catástrofe ambiental que já afetou o país - e que
proporcionalmente foi pouco noticiada - as informações na mídia são cada vez
mais minguadas. Assinado no mês de março, o acordo para recuperação do rio Doce
entre a empresa Samarco e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo - com
prazo de término de quinze anos - aparentemente o problema está equacionado. No
entanto, persiste a falta d'água em algumas localidades, faltam informações
para os pescadores, multas e indenizações ainda não foram pagas pela Samarco e
a lama, transformada em poeira, afeta a saúde de moradores do município de
Barra Longa. Isto para citar somente alguns problemas. O Estado e a Justiça
lavam suas mãos, certamente sob o argumento de que já fizeram a sua parte e sem
pensar que as providências são demoradas. Enquanto isso a população sofre.
Outro assunto importante,
também pouco noticiado, diz respeito à flexibilização do licenciamento
ambiental para a realização de obras. Segundo a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) 65/2012, que tramita no Senado, qualquer obra poderia ter início, apenas
com a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), elaborado pelo próprio
empreendedor. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, é contra a
iniciativa, assim como todas as entidades ambientalistas e aquelas voltadas
para o crescimento sustentável. Comparativamente, a situação seria a mesma de
um crime, onde os suspeitos seriam inocentados por apresentarem uma declaração
de inocência.
Por fim, resta falar sobre a
participação da presidente Dilma na cerimônia de assinatura do Acordo sobre as
Mudanças Climáticas, em Nova York. Cercado de muita tensão - assessores diziam
que a presidente falaria do "Golpe" que sofrera - o discurso afirmou
os pontos acordados pelo Brasil em Paris, na reunião da COP-21. Além da criação
de expectativas e discursos otimistas é preciso que os próximos governos
efetivamente trabalhem para que o país alcance as metas acordadas.
(Imagens: fotografias de Cedric Nunn)
0 comments:
Postar um comentário