"Os pensamentos que podem ser verificados por nós são, por assim dizer, uma pequena região clara dentro do todo, que Martin Heidegger descreveu com uma metáfora famosa como 'a clareira'. Nós nos encontramos numa clareira no meio de uma floresta, ou melhor, no meio de uma selva enorme." - Markus Gabriel - Por que o mundo não existe
A água e sua gestão é tema
cada vez mais presente na mídia. E não apenas naquela que trata de temas
ambientais, mas também na mídia voltada para temas de ciência e de economia. Estadistas,
cientistas e empresários, percebem cada vez com maior clareza, que a
preservação dos recursos hídricos é essencial para que a humanidade possa
continuar vivendo decentemente sobre o planeta. A escassez do líquido coloca em
risco a agricultura, as concentrações humanas e todas as atividades econômicas;
podendo provocar revoluções, guerras, migrações e suas consequências para a
humanidade: sofrimento, dor e morte.
Em artigo recentemente publicado no jornal O Globo, a jornalistas Ana Lucia Azevedo reata o drama de um dos maiores incêndio já ocorridos na Chapada Diamantina, na Bahia. O fogo teve início em final de 2015 e, alimentado pela seca do fenômeno climático El Niño, só foi debelado em janeiro de 2016. A região é conhecida como a Caixa D' Água da Bahia e é o nascedouro de 80% dos rios do estado, inclusive do rio Paraguaçu, que fornece 60% da água consumida em Salvador. Os incêndios, que se espalham por áreas de difícil acesso, destroem os ecossistemas que propiciam a abundância de água na região.
Ao mesmo tempo, o jornal de
economia e finanças Valor publica um artigo assinado por José Graziano Silva,
diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO) e ex-ministro do primeiro governo Lula, alertando para as influências do
fenômeno El Niño sobre os padrões de precipitação pluviométrica e temperatura
em várias partes do planeta, inclusive no Sul e Nordeste do Brasil. O texto
alerta para a perigo de "fome, desnutrição, escassez ou contaminação de
água"..."bem como perdas de colheitas acompanhadas de desertificação
de terras agrícolas." em várias regiões do globo.A revista Scientific
American, em artigo assinado por John Wendle em sua edição de abril de 2016,
faz uma relação entre a seca, os abusos governamentais e a violência social.
Segundo a publicação científica, entre 2006 e 2007 o nível do lençol freático
da Síria baixou dezenas ou até centenas de metros, dificultando aos
agricultores o acesso à água. Assim, entre 2007 e 2010, a Síria sofreu "a
seca mais devastadora de sua história". A falta de água ajudou a
precipitar a crise econômica e social, afundando o país em uma guerra civil.
Segundo a revista, o que ocorre na Síria é um prenúncio do que está em
andamento em todo "o Oriente Médio em maior escala, o Mediterrâneo e
outras partes do mundo." ..."O Crescente Fértil - o lugar onde a
agricultura nasceu, há cerca de 12 mil anos - está secando. A seca na Síria
destruiu plantações, matou animais e deslocou cerca de 1,5 milhão de
fazendeiros."
(Imagens: pinturas de Cândido Portinari)
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