"De um modo geral, não admiro os americanos papa-Bíblias - metodistas, batistas e outros vermes. Mas tente imaginar o que seria um metodista semianalfabeto se ele não fosse metodista, e sim ateu!" - H.L. Mencken - O livro dos insultos
Na Conferência sobre o Clima
(COP-21), realizada em Paris em dezembro último, foi acordado de que a grande
maioria da nações do mundo deverá dar sua contribuição para reduzir as emissões
de gases que causem o efeito estufa (GEE); o aquecimento da atmosfera. O Brasil
tem como objetivos principais a eliminação total do desmatamento ilegal na
Amazônia e a redução de GEE na atividade agropecuária.
O setor agrícola foi
responsável por 37% do PIB (2014) e por 48% das exportações brasileiras (2015),
empregando uma importante parte da mão de obra brasileira, principalmente nas
pequenas propriedades agrícolas. Dentre as mais importantes commodities
agrícolas brasileiras figura o café, responsável por cerca de 3% das
exportações e 7% do PIB agrícola do país. Depois de mais de 150 anos na pauta
das exportações brasileiras, o café continua sendo uma importante cultura, já
que o país ainda é o maior exportador e o segundo consumidor do produto em todo
o planeta. A maior parte do café brasileiro é produzida no estado de Minas
Gerais, nas regiões do Triângulo Mineiro, Sul/Sudeste e na Zona da Mata.
A cultura do café deverá ser
afetada pelas mudanças climáticas. Estudo publicado em 2004 pela EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) previa uma redução considerável
na área plantada de café nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, ao
longo deste século, ocasionada pelo aumento da temperatura média durante o ano.
Pragas e problemas no desenvolvimento da planta, seriam as consequências mais
comuns do previsto aumento da temperatura.
No entanto, a influência das
mudanças climáticas sobre a cultura do café era vista com ceticismo por grande
parte dos produtores até há pouco. A recente estiagem (2014-2015), todavia, fez
com que o setor abrisse os olhos para o fenômeno. Diminuição da vazão de
córregos e rios, queda do nível do lençol freático e secagem de nascentes,
foram algumas das consequências imediatas percebidas pelos agricultores.
Instituições como a EMATER
MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais), a
Fundação Hans Neumann, a universidade Federal de Lavras e ONGs como a
associação 4C, estão desenvolvendo técnicas para ajudar a agricultura cafeeira a
fazer frente às consequências das mudanças climáticas. Práticas para a
conservação do solo e das águas; sombreamento dos cafeeiros com outras culturas
(abacate e teca); barreiras naturais de proteção contra o vento com árvores
frutíferas; adubação mais econômica com gesso bruto; entre outras, estão sendo
disseminadas entre os produtores e cooperativas. Os primeiros resultados já
indicam uma melhor produtividade e proteção das plantas e da área de plantio a
médio e longo prazos.
Em 2010 o Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento lançou o "Plano Setorial de Mitigação
e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa
Emissão de Carbono na Agricultura" ou Plano ABC. Entre outras iniciativas
o plano prevê a recuperação de pastagens degradadas; a integração entre a lavoura,
a pecuária e floresta comercial (eucalipto); a ampliação do sistema de plantio
direto; a recuperação de florestas naturais; o aproveitamento energético de
resíduos agrícolas. Entre 2010 e 2020 o plano deverá impulsionar iniciativas no
setor agrícola, visando prepará-lo para as mudanças causadas pelo clima.
(Imagens: pinturas de Andrew Wyeth)
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