"Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas, como multidão, não passa de um monstro sem cabeça." - Charles Chaplin
No Brasil, mais de 50% das construções de
residências são realizadas pelos proprietários, sem acompanhamento técnico de
especialistas. A fiscalização das obras, na maioria das prefeituras, ocorre de
maneira incipiente e superficial. Além do aspecto da segurança das estruturas
das construções, existe a perda de material, como restos de areia, cimento, cal,
tijolos, etc.; materiais que muitas vezes se transformam em entulho descarregado
em áreas públicas ou terrenos baldios.
O problema da perda de material no setor de
construção também afeta a maior parte das obras realizadas com supervisão
técnica. Empreiteiros e construtores de pequeno e médio porte, em sua maioria,
ainda não utilizam técnicas de reuso e reciclagem de materiais, além de muitas
vezes não disporem corretamente o entulho de obra. Especialistas calculam que
25% dos insumos utilizados pelo setor são perdidos, o que faz com que o metro
quadrado construído no Brasil seja relativamente elevado, em comparação com
outros mercados equivalentes.
O tema do uso mais eficiente dos recursos no
setor da construção não é novo e já faz parte das preocupações das principais
instituições ligadas à construção, há pelos menos quinze anos. Grandes empreiteiras,
principalmente aquelas atuantes nos grandes centros urbanos, já incorporaram as
diretrizes do uso eficiente dos recursos, oferecendo treinamento aos seus
funcionários e implantando sistemas de gestão de canteiros de obras, visando
controlar, separar e reutilizar materiais e insumos.
Um grande avanço no setor da construção civil
foi a criação da Norma de Desempenho de Edificações nº 15.575, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lançada em abril de 2013. A diretriz estabelece
padrões para resistência e durabilidade de estruturas, pisos, coberturas,
vedações e sistemas hidrossanitários para construções, proporcionando mais
garantias ao comprador do imóvel e exigindo que a construtora utilize
materiais, equipamentos e mão de obra de melhor qualidade. A norma representa
um importante passo do setor da construção civil em direção à melhor gestão das
obras, tornando-as mais eficientes e sustentáveis, reduzindo a perda de
materiais.
Outro fato positivo no setor da construção
civil é introdução da certificação de construções – os selos verdes – de acordo
com normas internacionais de qualidade ambiental. Para receber este selo, as
edificações devem atender aspectos como: ter obra realizada de maneira
ambientalmente correta (reuso, reciclagem e correta destinação dos materiais,
ausência de substâncias tóxicas, uso eficiente de água e energia, entre
outros); ter edifícios equipados com sistemas de economia de água e
eletricidade, materiais de alta durabilidade; adotar princípios de urbanismo sustentável
(calçadas vivas, prioridade para deslocamento de pedestres, arborização, etc.).
O Brasil já tem quase 1.000 projetos registrados e certificados no selo LEED
(Leadership in Energy and Environmental Design), ocupando a quarta posição
mundial, depois do Canadá, da China e Índia (dados de 2015).
O setor da construção tem forte impacto no
uso de recursos naturais, incluindo água e eletricidade. Outro aspecto, é que
depois de prontos, os edifícios funcionarão por várias décadas. Por isso é importante
que, tanto na fase de construção quanto na de uso, seu impacto ambiental seja
reduzido ao mínimo possível.
(Imagens: fotografias de Horacio Coppola)
1 comments:
Ótima postagem.
A ISO 9001 também é importantíssima, uma vez que tem como objetivo melhorar a gestão dentro das empresas e aumentar a satisfação do cliente (melhorando o produto final por exemplo).
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