Qual será o futuro do
automóvel? Esta é a pergunta que montadoras, indústrias de autopeças, empresas
de consultoria, governos e consumidores vêm se fazendo há pelo menos vinte
anos. O transporte individual, popularizado a partir dos anos 1950 quando as
principais marcas de automóveis estabeleceram suas fábricas em todos os
continentes, tornou-se um dos grandes vilões das grandes cidades em tempos de
aquecimento global.
Falta de recursos, de
planejamento e de visão a longo prazo, fizeram com que a maior parte das
cidades, cuja população cresceu rapidamente no pós-guerra, expandisse sua
infraestrutura viária voltada para o transporte individual. Nas grandes
metrópoles os problemas dos congestionamentos de trânsito e da poluição
atmosférica tornaram-se tão graves, que tiveram que ser implantados sistemas de
rodízio e zonas fechadas ao trânsito de veículos particulares. A melhoria do
transporte público agora é uma necessidade urgente, que os limitados recursos
financeiros da maior parte das cidades de países em desenvolvimento não
conseguem atender a tempo.
Mesmo assim, parte da classe
média destes mesmos países – Indonésia, China, Índia, África do Sul, Brasil e
vários outros – ainda sonha com a compra de um automóvel, preferencialmente
novo. As montadoras européias e americanas estabelecidas nestes países querem
multiplicar ao máximo os investimentos que fizeram e esperam manter constantes
as vendas de seus veículos.
No caso do Brasil, com raras
e recentes exceções, os carros possuem motores de engenharia ultrapassada, com
altas taxas de consumo de combustível e de emissões. O programa de incentivo ao
uso do álcool, iniciado na década de 1970, atingiu seu ponto alto por volta de
2005, quando quase todos os automóveis novos fabricados no país eram
bicombustíveis. Mas, atrelado à gasolina, o preço do etanol foi mantido
artificialmente baixo, não remunerando seus custos de produção. O resultado foi
uma quebradeira geral de empresas do setor de açúcar e álcool.
Como resposta ao carro
movido à combustão, a indústria automobilística vem desenvolvendo o carro
elétrico. Interessante notar que quando os automóveis começaram a ser fabricados,
em 1900, os veículos elétricos representavam 30% da frota americana. A produção
em linha de carros movidos por motor à combustão, iniciada por Henry Ford, fez
com que a eletricidade fosse rapidamente abandonada. Um século depois, a ideia
do motor elétrico ganha força novamente, e amplia rapidamente o numero de seus
consumidores. As japonesas Nissan, Honda e Toyota, estão na dianteira dos
lançamentos, mas a alemã BMW e a americana Tesla também começaram a fabricar os
seus veículos. Recentemente a alemã Daimler (Mercedes) informou que também
investirá neste segmento de veículos. No Brasil, a empresa Itaipu Binacional já
construiu diversos protótipos de veículos elétricos, em pareceria com algumas
montadoras.
À medida que aumentar o
número de veículos elétricos em circulação também se ampliará a rede de
abastecimento de eletricidade. Ao contrário do que setores do governo
brasileiro diziam há alguns anos, a ampliação da frota de veículos elétricos
não colocará em risco o fornecimento de eletricidade para outros fins. O ideal
seria, no entanto, generalizar o uso do transporte coletivo, reduzindo ao
máximo o uso do transporte individual.
(Imagens: pinturas de Jean Bastien Lepage)
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