"Uma coisa está clara - há indícios cada vez maiores de que o lugar de onde vieram nossos antepassados, como eles se adaptaram para lidar com o meio ambiente e onde vivemos hoje em dia, tudo se combina para ter um impacto significativo em nossa saúde." - Dr. Sharon Moalem e Jonathan Prince - A sobrevivência dos mais doentes
As mudanças climáticas são
fato reconhecido pela maioria dos cientistas. O fenômeno é em grande parte
causado pela emissões de gases, relacionados com as atividades econômicas.
Recentemente, cientistas chegaram à conclusão de que as grandes extinções de
espécies do período geológico Permiano, há 250 milhões de anos, foram causadas
principalmente pelo acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera. A
temperatura média da Terra aumentou em vários graus, dando origem a uma
sequência de acontecimentos, que provocaram o desaparecimento de 95% de todas
as espécies marinhas e de 70% dos animais terrestres.
Estes indícios, no entanto,
parecem não preocupar muito o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Este, como afirmou que faria durante a campanha eleitoral, recentemente assinou
uma ordem executiva, que indica uma mudança nas diversas medidas de combate ao
aquecimento global, implantadas pelo antecessor de Trump, Barak Obama. Ainda na
época eleitoral, o então candidato Trump havia declarado em entrevista que as
mudanças climáticas seriam uma farsa, inventadas pelo governo chinês para frear
o desenvolvimentos dos Estados Unidos.
Durante as reuniões do
Acordo de Paris, o congresso climático mundial organizado pela ONU em 2015, os
Estados Unidos haviam assumido o compromisso de cortar suas emissões de gases
de efeito estufa em 26% até 2025, tendo por base os níveis de emissão do ano de
2005. Para alcançar esta redução, o governo Obama criou o Plano de Energia
Limpa, que entre outras providências impunha às usinas de energia uma
diminuição na emissão de gases. As usinas, cuja maior parte funcionava a carvão,
entraram em uma disputa judicial com a agência ambiental federal (EPA), que se
estende até hoje.
Ao longo dos últimos anos a
indústria do carvão americana vinha perdendo empregos devido à automatização de
seus processos. Além disso, muitas termelétricas estavam trocando o carvão pelo
gás do xisto, que é menos poluente. O governo Trump, no entanto, planejando
atender aos reclames do setor do carvão, vai suspender uma moratória imposta em
2016 pelo presidente Obama, e permitirá a concessão de terras federais para a
implantação de novas usinas de carvão. Para beneficiar outros segmentos do
setor de energia e combustíveis, Trump deverá rever medidas de redução de
emissões de gás metano na exploração de petróleo e gás natural.
Por trás de todas estas
ações do atual governo americano, apoiado por parte do Partido Republicano,
está a intenção de recuperar empregos. O raciocínio, no entanto, segundo
especialistas, é bastante simplista. Sabe-se há algum tempo que a indústria da
energia renovável, principalmente a solar e a eólica, geram muito mais empregos
do que a cadeia do carvão. Permanece também o fato, de que em determinada época
do futuro os Estados Unidos serão definitivamente forçados a reduzir suas
emissões, visando cumprir acordos internacionais.
Para atender seus eleitores,
mesmo que criando empregos insustentáveis a médio prazo, os EUA podem anular
anos de esforço em prol da redução das emissões de gases de efeito estufa. Segundo
um cientista climático americano, as medidas adotadas por Trump "são um
sinal para outros países de que talvez não devam cumprir os seus compromissos,
o que significaria a falha do mundo em ficar fora da zona do perigo
climático." (jornal O Globo 28/3).
(Imagens: fotografias de Eugene Atget)
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