"A felicidade é uma palavra abstrata, composta de algumas ideias de prazer." - Voltaire - Aforismos, sentenças e julgamentos salomônicos
O conhecimento,
dizia meu avô Edward, é algo que ninguém pode te tirar. E ele sabia do que
estava falando. Imigrante vindo da Alemanha, que então atravessava forte crise
econômica, chegou ao Brasil com a esposa e a filha pequena, minha mãe, em
meados dos anos 1920. Trabalhou como empregado em fazendas, foi vendedor, dono
de restaurante, mecânico de automóveis. Em sua terra natal era técnico em
mecânica e fazia manutenção em máquinas. Aqui no Brasil, naquela época, sua profissão
tinha pouca procura, devido ao baixo desenvolvimento da indústria.
Meu
avô, no entanto, era persistente – característica de quase todo imigrante, em
qualquer parte do mundo. Acompanhou o desenvolvimento da tecnologia no Brasil e,
sempre adquirindo novos conhecimentos, tornou-se um especialista em sua área. Comprava
e às vezes mandava importar livros, que estudava à noite, depois de um cansativo
dia de trabalho. Dormia tarde e acordava cedo.
Passados
os anos, a economia e o parque industrial brasileiro se sofisticaram. Meu avô,
depois de ter conseguido suficientes conhecimentos sobre o país e suas
oportunidades, decidiu fundar uma fábrica de bombas industriais; uma das
primeiras no Brasil. Ainda criança, lembro-me dele sentado no amplo terraço de
sua casa, sempre me dizendo: “O que você tem na cabeça, ninguém pode te tirar.
Estude!”
Mas,
por quê falar de meu avô, de conhecimento e esforço em adquiri-lo, numa coluna
que, por tradição, sempre discute algum tema relacionado com o meio ambiente ou
a ecologia? Exatamente por isso!
Nosso
planeta atravessa uma fase muito crítica. Somos hoje mais de sete bilhões de
pessoas vivendo na Terra. Esta massa humana só pode sobreviver porque ao longo
das últimas seis ou sete décadas, a humanidade desenvolveu tecnologias que
possibilitaram a produção e a distribuição de um maior número de bens,
alimentos, medicamentos e de variados serviços. A miséria e a fome endêmicas foram
praticamente eliminadas em todos os países, e parte da humanidade tem um padrão
de vida superior ao de seus avós, com a ajuda da tecnologia.
Mas,
o avanço tecnológico trouxe consigo seus problemas. Desde o início da
industrialização, no século XVIII, assistimos à gradual destruição dos recursos
naturais. A água, as florestas, a atmosfera, a biodiversidade, os solos; estão
sendo destruídos ou contaminados em um ritmo tão rápido, que não podem ser
repostos por processos naturais. A população cresceu e se deslocou dos campos
para as cidades, onde encontra melhores condições de emprego, moradia, educação
e saúde. Atualmente, cerca de 54% da população mundial é urbana e até 2050 este
percentual deve subir para 66% segundo estudos da ONU. São vários os problemas
ambientais advindos deste aumento da população mundial e do crescimento das
atividades econômicas.
As
novas gerações precisam ser educadas neste novo contexto. Os estudantes que
serão profissionais em cinco, oito ou dez anos, precisam ser preparados para
conhecerem todos os aspectos ambientais de suas futuras atividades. Isto para
que os recursos naturais, como dizem os especialistas, possam ser utilizados de
maneira cada vez mais eficiente, reduzindo o impacto das atividades econômicas
ao meio ambiente.
Para
colocar em prática esta estratégia o mundo, e o nosso país especialmente,
precisam do conhecimento, já que “o que você tem na cabeça, ninguém pode te
tirar”!
(Imagens: pinturas de Norman Rockwell)
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