2012, os maias e o meio ambiente

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
"Um meio de comunicação de massa é um veículo no qual a mensagem não é dirigida a um público, mas através de um público, por assim dizer. O público é tanto o espetáculo quanto a mensagem."  -  Marshall McLuhan  - McLuhan por McLuhan 

Começa mais um ano e renovam-se as esperanças e expectativas em relação ao que os próximos 365 dias nos reservarão. Para algumas pessoas mais sugestionáveis, 2012 promete a mudança da ordem mundial, de acordo com as previsões do calendário Maia - que estranhamente só foram divulgadas para o grande público nos últimos dois ou três anos. Para os economistas, as previsões também não são as melhores: crise econômica na Europa, nos Estados Unidos, com reflexos nas economias dos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Precavidos, o ministro do Planejamento Guido Mantega e a presidente Dilma já procuram acalmar os ânimos, prevendo continuidade do crescimento e confiança no mercado interno.
O crescimento da economia deverá se manter em 2012, mas, novamente, a que preço para o meio ambiente? Se, por um lado, é imperativo que a atividade econômica mantenha seu ritmo para garantir os milhões de empregos dos quais depende grande parcela da população, por outro ainda persistem vários problemas ambientais que precisam ser resolvidos e outros que surgem em função do crescimento.
Comecemos pelos dois maiores problemas ambientais urbanos do Brasil: a questão do saneamento e a gestão dos resíduos domésticos. São pendências que acompanham o desenvolvimento da sociedade brasileira há muitas décadas e que se tornaram mais graves a partir dos anos 1960, quando ocorreu um rápido aumento da população e o crescimento das grandes metrópoles, sem que o Estado alocasse recursos suficientes para o atendimento deste tipo de serviço (tratamento de água e, além de tudo, tratamento de esgoto). 
A questão do saneamento - específicamente o tratamento de esgotos domésticos - apesar dos investimentos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), ainda permanece sem solução na maior parte dos municípios brasileiros. Com isso, a falta de tratamento dos efluentes é hoje responsável pela poluição da maioria dos cursos de água no Brasil, comprometendo a qualidade de vida de milhões de cidadãos e destruindo ecossistemas.
No caso da gestão dos resíduos domésticos (leia-se lixo), estes eram geridos na medida dos recursos das municipalidades, sem que houvesse qualquer legislação responsabilizando os geradores. Em final de 2010 cria-se a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, determinando as responsabilidades de geradores e gestores na correta destinação dos resíduos domésticos urbanos. A implantação do marco legal, no entanto, é lenta e depende do envolvimento de diversos agentes; fabricantes, comerciantes, consumidores, associações e prefeituras. Outro aspecto do crescimento da economia é que além de precisar resolver a questão do saneamento e dos resíduos, o país também necessita de cada vez mais recursos para manter a economia em funcionamento. Água, energia, combustíveis, minérios e solos agricultáveis precisarão ser providenciados em quantidades cada vez maiores, o que acaba gerando impactos adicionais aos ecossistemas.
Como manter o crescimento da economia, proporcionando melhores condições de vida para a população e ao mesmo tempo implantar medidas que permitam a proteção do meio ambiente, otimizando o uso dos recursos naturais e reduzindo a poluição? Esta pergunta cada sociedade precisa responder à sua maneira. Algumas sociedades, como a civilização maia, no passado deram a resposta errada e desapareceram - apesar do poder de previsão de seu calendário.
(Imagens: Abigail de Andrade)

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