A situação do tráfego de veículos é cada vez mais grave em
São Paulo. A extensão dos congestionamentos vem aumentando mês a mês e tem
durado cada vez mais tempo durante o dia. O engarrafamento mais longo até o
momento na história da cidade ocorreu em junho deste ano, quando havia 295 quilômetros de
filas de carros – mais do que a metade da distância entre São Paulo e Rio de
Janeiro. Para quem mora e circula pela cidade, já são comuns os
congestionamentos aos sábados à noite e domingos à tarde. Durante a semana, o
trânsito só começa a melhorar a partir das nove horas da noite. Ruas e avenidas
que até há pouco tempo tinham um trânsito leve, por estarem fora dos grandes
fluxos de deslocamento, estão sendo usadas como rotas de fuga dos congestionamentos,
aumentando ainda mais o caos e a falta de alternativas de circulação. Em dias
de chuva temos caos quase total (seria total se coincidisse com manifestações
na avenida Paulista).
O grande problema da cidade, segundo os especialistas, é o
crescente aumento do número de veículos em circulação. Na cidade com cerca de 16.000 quilômetros
de ruas, são emplacados a cada dia cerca de 700 novos veículos, quantidade equivalente
ao número diário de nascimentos. A frota de veículos na cidade quase ultrapassa
os 7 milhões de unidades; formadas por
5,2 milhões de carros; 892 mil
motos, triciclos e quadriciclos; 718 mil micro-ônibus, caminhonetes e
utilitários; 158 mil caminhões e 42,3 mil ônibus.
Grande parte do problema está no próprio desenvolvimento
da cidade. De pacata metrópole, com uma modesta mas relativamente eficiente
infra-estrutura de transportes até a década de 1950, São Paulo transformou-se
em uma megalópole com rápida expansão territorial e populacional, devido à
industrialização, urbanização e migração. Este crescimento, no entanto, não foi
acompanhado pela expansão dos transportes públicos.
Nosso metrô, por exemplo, tem uma rede de apenas74
quilômetros , ao passo que Paris tem 211, Nova York 370 e
Londres tem 415
quilômetros de redes de metrô. Os cerca de 11 mil ônibus
destinados ao transporte público que diariamente circulam em São Paulo, são
insuficientes para atender a demanda, tanto em termos de quantidade quanto de
qualidade.
Resta ao cidadão procurar suas próprias alternativas, apelando para o uso cada vez mais freqüente do automóvel, acessível a uma parcela crescente da população devido à facilidade de crédito. Aliás, não deveria ser novidade o aumento do uso do veículo próprio, já que desde a década de 1950 os governos só vêm priorizando o uso dos veículos automotores, em detrimento de outros meios de transporte menos impactantes para o ambiente urbano, como o bonde (quem se lembra dele?), o trem, o ônibus e o metrô.
Nosso metrô, por exemplo, tem uma rede de apenas
Resta ao cidadão procurar suas próprias alternativas, apelando para o uso cada vez mais freqüente do automóvel, acessível a uma parcela crescente da população devido à facilidade de crédito. Aliás, não deveria ser novidade o aumento do uso do veículo próprio, já que desde a década de 1950 os governos só vêm priorizando o uso dos veículos automotores, em detrimento de outros meios de transporte menos impactantes para o ambiente urbano, como o bonde (quem se lembra dele?), o trem, o ônibus e o metrô.
Em todo o caso, está aí o problema e precisamos achar uma
solução, pois além da perda de tempo, reduzindo a produtividade, o trânsito
causa custos e poluição com a queima desnecessária de milhões de litros de
combustível. A poluição, por sua vez, provoca mudanças no clima e na saúde dos
habitantes da cidade. Aumentar a duração do rodízio, criar taxas para circular
em certas zonas da cidade, instituir o compartilhamento de veículo alugado,
aumentar os investimentos em transporte público, facilitar o uso de meios
não-poluentes de transporte como a bicicleta, são algumas das propostas
sugeridas.
O assunto é importante para o futuro da cidade. Precisamos
nos lembrar disso por ocasião das próximas eleições municipais; cobrar uma
posição dos candidatos também com relação ao transporte público. Não se trata
de resolver os problemas, para isso uma só gestão é pouco tempo. Mas como
administradores aparentemente capazes, têm obrigação de apresentar alternativas
– e implantá-las caso eleito.
(Imagens: fotografias de Alexey Titarenko)
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