"Não há, entre os seres humanos, banalidade maior do que a morte; em segundo lugar vem o nascimento, pois nem todos os que morrem chegaram a nascer, depois vem o matrimônio." - Friedrich Nietzsche - 100 aforismos sobre a morte e o amor
O grande tema para o governo nos primeiros dias de 2013 é a
crise de energia que se esboça no horizonte e que poderá se tornar mais nítida em
algumas semanas. O assunto, tratado como “ridículo” pela presidente Dilma
Roussef nos últimos dias de 2012, parece cada vez mais sério e preocupante. Com
o constante aumento do consumo de eletricidade e a gradual queda do nível dos
reservatórios – apesar das chuvas de verão – o governo não pode mais ignorar os
fatos e será obrigado a apresentar soluções de médio e longo prazo.
O consumo de eletricidade vem crescendo a cada ano,
principalmente durante os últimos dez anos, quando aumentou o poder de consumo
da população e novos compradores de eletroeletrônicos – cerca de 30 milhões –
foram incluídos no mercado. Somente em novembro de 2012, o uso de eletricidade
aumentou 6,3% no país, comparado ao mesmo período em 2011. No cômputo geral,
todas as regiões brasileiras apresentaram um aumento considerável no consumo de
energia, comparando o mês de novembro em 2011 com 2012: Norte 14,4%;
Centro-Oeste 13,6%; Sul 11,7%; Sudeste 9,9%; e Nordeste 5,6%.
Enquanto o consumo de eletricidade aumenta, o nível de água
dos reservatórios das hidrelétricas – o combustível para geração de energia –
despenca. As represas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70%
de toda a capacidade de armazenagem do país, dispõem de apenas 28,83% de água
(dados de início de janeiro de 2013), quase no limite de sua situação de
segurança. No Nordeste o volume dos reservatórios está em 31,61%, já abaixo do nível
de limite de segurança para a região. No Norte (41,24%) e no Sul (38,95%) os
níveis da água ainda não entraram na faixa de perigo.
Um dos fatores preocupantes neste verão 2012-2013 é que as
chuvas não estão sendo suficientes para repor os estoques de água dos
reservatórios. “O que ocorrer em janeiro em termos de hidrologia definirá a
condição do sistema”, disse ao jornal O Estado de São Paulo o presidente da
Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage),
Flávio Neiva. Ele afirma que se as chuvas não voltarem aos seus níveis
históricos para o período, acende-se um “sinal amarelo” e o governo terá que
tomar providências.
Especialistas não sabem ainda quais as conseqüências da
crise, se esta efetivamente se instalar, mas descartam em sua maioria o
racionamento de eletricidade. O que poderá ocorrer é um aumento no custo da
geração de eletricidade, já que para suprir a demanda o Operador Nacional do
Sistema Elétrico deverá colocar em funcionamento um número maior de
termelétricas a gás natural e óleo combustível. Esta providência poderá colocar
em risco parte do desconto prometido pela presidente Dilma, a ser dado a partir de
2013 nas contas de energia elétrica.
O quadro lembra muito 2001, o “ano do apagão”; mas não é o
mesmo. Se por um lado o governo pode lançar mão das termelétricas, por outro o
volume de eletricidade consumida é muito maior. Se também existem mais
hidrelétricas, estas são a fio de água, isto é, sem reservatórios – diminuindo
o volume de água disponível no rio, cai a geração.
O governo precisa investir mais na prevenção de problemas;
neste caso em políticas de eficiência energética, valorizando a energia gerada.
O que não pode ser mantido é este quadro de improvisação, ligando e desligando
termelétricas altamente custosas e poluentes.
(Imagens: fotografias de Arnold Genthe do terremoto de São Francisco em 1906)
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