"Todas as comunidades humanas percebem com rapidez, necessariamente, que os efeitos benéficos do assassinato fundador não duram para sempre e se esforçam para renová-los imolando, no modelo desse assassinato, novas vítimas escolhidas deliberadamente para esse papel. A invenção do sacrifício ritual deve ser a primeira iniciativa propriamente humana, o ponto de partida da cultura religiosa, a única especificamente humana." - René Girard - O sacrifício
Três fatos aparentemente isolados,
noticiados recentemente pela imprensa, chamam a atenção daqueles que acompanham
as informações sobre a Amazônia. Apesar da grande extensão da região, reunindo
diferentes tipos de biomas e ainda maior numero de ecossistemas, ainda são
desencontradas as políticas ambiental e agrícola para a região.

A segunda notícia diz que a Comissão de
Meio Ambiente do Senado aprovou projeto de lei que permite o plantio de cana-de-açúcar
na Amazônia e no Cerrado, utilizando 20% da área da propriedade agrícola,
conforme estabelecido no Código Florestal aprovado em 2012. Segundo o senador
Acir Gurgacz (PDT-RO), relator do projeto, o País tem 64 milhões de hectares,
ocupados pela pecuária de baixa produtividade e que poderão ser utilizados para
o plantio da gramínea. A aprovação do marco legal causa certa surpresa, já que
por anos governo e as associações de plantadores afirmaram que a cultura da
cana não entraria na Amazônia, porque havia terras improdutivas e degradas
suficientes em outras regiões. Com isso, o setor canavieiro volta a dar munição
aos críticos estrangeiros - ONGs, jornalistas desinformados e grupos de
interesse - que vinham afirmando que o Brasil estava desmatando a Amazônia para
plantar cana-de-açúcar a fim de produzir etanol.

Três fatos aparentemente isolados. Todavia,
quando analisados em conjunto, mostram-nos duas coisas: de um lado, uma imensa
riqueza natural; de outro, a ausência de políticas de zoneamento e ocupação
planejada da região. Ainda há tempo para evitar o pior, mas é preciso que os administradores responsáveis pela região comecem a tomar providências desde já.
(Imagens: fotografias de Otto Steinert)
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