Já se foi o tempo em que a
preocupação ambiental era considerada apenas mais um modismo inventado nos
países ricos. Também vai longe a época na qual bastava às empresas atender à
legislação ambiental, o que nem sempre ocorria na prática. As condições de
atuação das empresas mudaram: aumentou a pressão da lei, cresceu o senso
crítico do consumidor e escasseiam os recursos naturais.
A ONG Carbon Disclosure Project (CDP)
atua a nível mundial, ajudando empresas a operarem de maneira mais sustentável,
preservando os recursos e reduzindo a pegada de carbono; as emissões de gases
que provocam as mudanças climáticas. Recentemente a CDP elaborou um estudo,
procurando identificar a influência das mudanças climáticas na cadeia de produção
de grandes empresas. A pesquisa foi realizada com 2.415 empreendimentos de todo
o mundo, incluindo seus 2.363 fornecedores e 52 corporações com grande poder de
compra, totalizando uma movimentação anual de aproximadamente US$ 1 trilhão (o
PIB mundial em 2012 foi de aproximadamente US$ 77 trilhões). A parte brasileira
da pesquisa, intitulada "CDP Supply Chain Brazil 2012-2013" (Cadeia
de Suprimentos Brasil 2012-2013) foi elaborada com as respostas de 202
fornecedores de sete grandes compradores: AES Eletropaulo, Bradesco, Braskem,
Fibria, Mafrig, Suzano Papel e Celulose e Vale. Alguns dados da pesquisa
merecem ser comentados, pois demonstram a importância dos recursos naturais na
própria subsistência das empresas.
No que diz respeito ao grau de
conscientização das empresas pesquisadas este é cada vez maior, especialmente
quanto à importância das mudanças climáticas no futuro dos seus negócios. Na
pesquisa realizada neste ano, 70% dos que responderam ao questionário
identificaram este fenômeno como um dos principais riscos às suas atividades.
Com relação a isto, enquanto 92% dos consultados informaram ter metas de
redução de emissões, somente 27% de seus fornecedores compartilham deste
objetivo.
Às empresas da pesquisa preocupam
problemas como a escassez de recursos hídricos e fenômenos climáticos adversos com
suas consequências, como tempestades, secas e nevascas; ocorrências que podem
causar a interrupção ou redução da capacidade produtiva e o aumento dos custos
operacionais. A escassez de água é mencionada por mais da metade dos
entrevistados como um dos maiores riscos para sua cadeia de fornecimento.
O estudo também identificou três
níveis de evolução nos quais se encontram as empresas envolvidas na pesquisa.
Em um primeiro estágios, estão os empreendimentos preocupados em melhorar a sua
atuação. Em um segundo degrau as empresas que incrementaram a qualidade de seus
produtos ou serviços. No estágio mais alto estão as empresas que, passando
pelos anteriores, desenvolveram novos modelos de negócios, agregando valor aos
seus produtos e desenvolvendo mercados.
(Imagens: fotografias de Eve Arnold)
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