"Foi a partir daí que Lacan pôde afirmar um ateísmo do próprio cristianismo contra o paganismo, pela revelação final do Vazio criador, isto é, de uma criação a partir de um Nada de imaginável. Os sinificantes são criados ex nihilo, criados sem fim. Diz Lacan: 'Há uma mensagem ateia do próprio cristianismo. Por meio do cristianismo, diz Hegel, é que se completa a destruição dos deuses'." - Philippe Julien - A psicanálise e o religioso - Freud, Jung, Lacan
Durante a primeira quinzena de maio de 2013
foi alcançada uma marca muito importante para a humanidade e para o planeta
Terra. Segundo medições, o nível de dióxido de carbono (CO²) atingiu as 400
partes por milhão (ppm); o que significa que há 400 partes deste gás para cada
milhão de partes de ar. As medições de CO² dissolvido na atmosfera terrestre
começaram no fim da década de 1950, quando estavam em 315 ppm. Para se evitar o
aumento do aquecimento global e das mudanças do clima, a ciência havia
estabelecido o limite de 350 ppm.
Segundo a ciência, com relação ao clima, o
último bilhão de anos da história do planeta pode ser dividido em dois períodos
de aproximadamente 500 bilhões de anos. De um bilhão até 500 milhões de anos
atrás, o planeta era muito frio, muito mais do que hoje. Neste período, segundo
o geólogo Ernesto Lavina em entrevista para o jornal IHU online, "havia
muitas geleiras espalhadas pelas latitudes médias e altas. Houve um momento, em
torno de 640 milhões de anos atrás, em que toda a Terra se congelou, inclusive
o Equador. É a teoria da Bola de Neve." Através do vulcanismo, com o
lançamento de cinzas vulcânicas, CO² e vapor d´água para a atmosfera, o clima
foi gradativamente se tornando mais quente, através do processo que hoje
chamamos de efeito estufa. Ainda segundo Lavina, nos últimos 500 milhões de
anos o clima do planeta foi na maior parte do tempo mais quente do que
atualmente, não havendo gelo nos polos. Os períodos de polos congelados são
raros; há 444 milhões de anos, há 300 milhões e no período atual, que teve
início há cerca de 1,8 milhões de anos.
Tudo indica que devido às recentes
condições climáticas do planeta associadas às atividades humanas, vivemos o
período mais quente na história da Terra dos últimos 3,5 milhões de anos.
Segundo o professor Brian Hoskins, diretor do Instituto Grantham para Mudanças
do Clima do Imperial College de Londres, da última vez que a Terra estava tão
quente não havia gelo permanente na Groenlândia e o nível dos mares era muito
mais elevado. Já não restam mais dúvidas, portanto, de que a atmosfera está
gradualmente se aquecendo por força do efeito estufa, ou seja, acúmulo de gases
na atmosfera. O que não se sabe ainda é se este fenômeno pode ser creditado
unicamente às atividades antrópicas (humanas).
O aquecimento do planeta deverá causar
grandes impactos ao clima e ao tempo meteorológico. Onde existe abundância de
chuva poderá ocorrer estiagem, alterando biomas e atividades econômicas; regiões
frias se tornarão mais quentes; nível dos oceanos aumentará lentamente. O
impacto destas mudanças provavelmente se manifestará em tempo perceptível no
espaço de uma vida humana. Exemplo concreto disso é a diminuição da calota de
gelo no Ártico, cujos primeiros sinais apareceram na década de 1970.
Enquanto o processo avança na natureza, a
maior parte das pessoas, empresas e países está convencida de que a
inventividade humana criará novas tecnologias, capazes de fazer frente ao
desafio climático - o que é bastante provável. No entanto, ainda não
conseguimos avaliar qual o custo a ser pago na realocação de cidades litorâneas
e áreas de plantio inundadas; na reconstrução de portos, estradas e centrais elétricas.
Além disso, desconhecemos o impacto social e econômico, resultante da migração
de milhões de pessoas para outras regiões.
(Imagens: fotografias de Herbert Bayer)
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