Governo reduz investimentos em parques nacionais

sábado, 17 de maio de 2014
"O tempo de viver. O tempo de viver é o de ver os gozos sucederem-se aos sofrimentos, e vice-versa. O absurdo de tristezas e de alegrias sucessivas. Toda uma lógica aparentemente ilógica, provocando o questionamento sobre o sentido da vida. Impossível instalar-se na felicidade sem vê-la desaparecer em seguida."  -  Henri Pena-Ruiz  -  Grandes lendas do pensamento

Devido a sua extensão territorial o Brasil é um dos países mais indicados para a prática do turismo ecológico. Basta citar a variedade de biomas que ocupam as diversas regiões do País, para se ter uma idéia do grande potencial: a floresta Amazônica com seus rios e vastas extensões florestais; a variedade de relevos e tipos de vegetação do Cerrado; a Caatinga com sua antiquíssima ocupação humana; a Mata Atlântica e seu grande número de espécies vegetais; e os extensos horizontes dos campos sulinos, só para citar os principais. Para proteger esta variedade de ambientes, o País dispõe de 69 parques nacionais, definidos por lei como áreas de conservação de paisagens naturais, proteção da flora e da fauna, pesquisa científica, visitação e educação ambiental. Um patrimônio tão invejável, que de acordo com o Fórum Econômico Mundial, que fez uma pesquisa sobre o potencial turístico de 140 países, o Brasil é um dos líderes no que se refere ao turismo ecológico. Uma atração adicional para os milhões de turistas que visitarão o Brasil durante a Copa Mundial de futebol, em 2014, e as Olimpíadas que ocorrerão em 2016.
No entanto, também nesta área a falta de planejamento acabou tolhendo a possibilidade de o País mostrar as suas riquezas naturais a um grande número de visitantes estrangeiros, e com isso angariar recursos para a manutenção destes parques. A realidade é que destes 69 parques existentes somente 26 estão abertos à visitação e destes apenas 18 dispõem de infraestrutura relativamente satisfatória para receber turistas. Outro aspecto negativo é que segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, o País ocupa as piores posições entre outras 140 nações, no que se refere ao transporte, preços de produtos e serviços, taxas, burocracias e impostos, o que acaba afastando os turistas.
Em 2010 o plano do governo em relação aos parques era investir R$ 200 milhões na reforma de 26 destas unidades nacionais, estaduais e municipais, a fim de receber grande número de turistas que estarão aqui durante a Copa. No entanto, a usual falta de recursos fará com que apenas cerca de R$ 40 milhões sejam investidos em 16 áreas de proteção, que funcionarão como vitrine de nossa rica biodiversidade em locais próximos às cidades onde serão realizados os jogos.   
Os parques brasileiros receberam em 2008 cerca de 5,3 milhões de visitantes, que renderam menos de R$ 27 milhões em ingressos. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), caso houvesse planejamento efetivo e investimentos, estas mesmas unidades de conservação poderiam receber em 2016 em torno de 13 milhões de visitantes e gerar mais de R$ 1,5 bilhão em receitas. Comparativamente, os parques nacionais nos Estados Unidos receberam 275 milhões de visitantes em 2008, gerando US$ 11 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões) em receita nas suas áreas de influência. Na África do Sul, os cinco principais parques recebem anualmente mais de 4,3 milhões de visitantes.
O Brasil tem um imenso potencial de turismo ecológico ainda não aproveitado. Problemas burocráticos, fundiários e de infraestrutura ainda atrapalham a exploração turística de parte destas áreas. Incrementar a visitação aos parques aumenta a conscientização ambiental dos visitantes e contribui para melhorar as condições econômicas e sociais das áreas do entorno, além de preservar os ecossistemas.
(Imagens: fotografias de Léonard Misonne)

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