"No entanto, se observarmos, sob o prisma da história das instituições, vemos como a liberdade se corrige por uma intensa servidão voluntária, já que as duas funcionam bem juntas... Será que, um dia, a liberdade chegou a existir verdadeiramente? Sem dúvida, ela existiu enquanto ideia, enquanto ideal, em uma espécie de imaginação iluminista da modernidade, uma espécie de parênteses um tanto quanto maluco." - Jean Baudrillard - De um fragmento a outro
Nos anos 1970 o Brasil importava a maior parte de seus
combustíveis, aumentando a dívida externa do país. Em 1975, atuando junto com a
indústria automobilística e o setor sucroalcooleiro, o governo lançou o programa
Proálcool (Programa Nacional do Álcool), que visava à utilização do álcool derivado
da cana-de-açúcar como combustível para veículos, reduzindo com isso as
importações de derivados de petróleo.
A aceitabilidade do programa junto às montadoras e ao público
consumidor foi gradualmente aumentando. No final dos anos 1980 parte dos
veículos de passeio brasileiros era movida a álcool. No entanto, problemas de
disponibilidade do combustível fizeram com que consumidores e montadoras perdessem
a confiança no programa, o que provocou queda nas vendas e, consequentemente,
na fabricação de veículos a álcool.
Nos últimos anos o programa do carro a álcool – apesar de
seu forte apelo ambiental e de envolver diversos setores da economia brasileira
– voltou a perder sua aceitabilidade junto aos consumidores. O principal
problema é que o uso do etanol estava se tornando antieconômico, já que rodando
com este combustível a rentabilidade do veículo é menor, comparado à gasolina.
Desta maneira caiu a demanda por álcool e aumentou o uso da gasolina, que em
parte é importada. A queda nas vendas do etanol e a falta de reajuste em seu
preço provocaram a maior crise pela qual já passou o setor sucroalcooleiro. Segundo
reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo, nas últimas cinco safras
44 usinas encerraram suas atividades, 33 estão em recuperação judicial e dez
não deverão moer cana-de-açúcar neste ano.
O físico, professor e pesquisador do programa brasileiro do
etanol celulósico, Igor Polikarpov, é um entusiasta da tecnologia. Segundo ele,
temos um “pré-sal de biomassa” para fabricar o combustível: “disponibilidade de
terra e água, luz solar à vontade e uma cadeia produtiva já montada, com vasta
quantidade de matéria-prima pronta para ser processada”. Atualmente a equipe
envolvida no projeto está pesquisando enzimas capazes de processar a celulose e
outros componentes orgânicos, a fim de transformá-los em etanol.
(Imagens: pinturas jainistas)
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